Vêm aí novidades para dois clubes históricos do Porto

O Sporting Clube da Cruz foi fundado a 19 de Maio de 1919 por um grupo de amigos que acalentava o desejo de criar um clube de bairro, com uma vertente social. A primeira modalidade, e até hoje a mais importante para o clube, foi o futebol, e as instalações do clube acabaram por ser construídas em 1927, após uns anos a jogar por outros campos da cidade. Essa mesma estrutura chegou ao século XX a funcionar em terrenos arrendados e ainda com um campo em terra batida que finalmente ficou para a história. Em 2018, a Câmara Municipal do Porto (CMP) adquiriu a parcela de terreno onde se encontra o Cruz, e outros terrenos adjacentes, para ali construir o Campo Municipal do Outeiro. O investimento total é de 3,1 milhões de euros e prevê a construção de novas instalações desportivas que vão ter um novo campo de jogos, bancada com 510 lugares e um edifício com bilheteira, balneários, secretaria, cafetaria e todos os serviços dedicados à administração e manutenção do complexo. Apesar de o futuro campo de jogos passar a ser municipal e aberto a outros clubes da cidade, os cruzistas continuarão a chamar casa a este campo, no futuro com piso de relva sintética, onde continuarão a jogar. Uma obra que arrancou em Maio e que deverá estar concluída em Outubro do próximo ano.

Actualmente, a equipa sénior do Sporting Clube da Cruz joga na 2.ª Divisão da Associação de Futebol do Porto e continua a aposta nos escalões de formação desde os Benjamins, passando pelos Infantis, Iniciados, Juvenis e Juniores, que brevemente vão poder mergulhar na relva com maior segurança.

Os últimos 15 anos não têm sido fáceis para o Sport Comércio e Salgueiros, um clube que na sua história tem 24 participações no escalão máximo do futebol nacional, a última na temporada 2001/2002.

Fundado em 1911, o “salgueiral”, como lhe chamam os adeptos, é um dos grandes símbolos desportivos da cidade, em particular para as gentes de Paranhos, mas em 2005 entrou numa espiral recessiva. Não só foi à falência, como ficou sem o seu mítico Estádio Engenheiro Vidal Pinheiro, demolido para a construção de uma estação de metro, sobrando hoje umas ruínas de bancadas. E um espaço em branco onde, até hoje, nada mais foi construído pelo proprietário, o Metro do Porto. Mas três anos depois de bater no fundo, o Salgueiros ressurgiu com o nome provisório Salgueiros 08 (até 2015, ano em que recuperou o nome e emblema), embora tivesse de começar do zero, na segunda divisão distrital. Nessa altura, foi também inaugurada a nova Casa do Salgueiros, cedida pela CMP, só que até hoje o clube nunca mais meteu o pé numa relva que fosse sua. Mas mesmo na liga dos últimos, também nunca perdeu a alma salgueirista e foram milhares os adeptos que continuaram a acompanhar a equipa, em estádios adversários e em estádios emprestados. Como o Complexo Desportivo de Campanhã, onde joga desde 2018, um espaço cedido pela CMP na condição de o clube investir na remodelação das instalações, que continuaram abertas à comunidade.

Agora há uma nova luz ao fundo do túnel. A CMP realizou um estudo prévio para a construção de um parque urbano num quarteirão próximo do Jardim da Arca d’Água, onde será erguido um campo municipal com dimensões oficiais, a futura casa permanente do Salgueiros, que actualmente joga na Série C do Campeonato de Portugal. Mais concretamente na chamada Charca de Salgueiros, uma área que já esteve destinada ao clube, num projecto que acabou por ficar em águas de bacalhau. A novidade surge no novo Plano Director Municipal, apresentado em Maio, que prevê a construção de um corredor verde entre a Praça Nove de Abril e a rotunda de Orlando Ribeiro, renaturalizando a ribeira de Arca de Água, e também a construção de um equipamento desportivo, um estádio que terá uma lotação de 5000 pessoas, ainda assim menos de metade do desaparecido Estádio José Vidal Pinheiro.