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Uma Lulik: a nova galeria do mundo que abriu em Alvalade

Escrito por
Francisca Dias Real
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Ainda cheira a novo na Uma Lulik, em Alvalade, a mais recente galeria de arte contemporânea na cidade. O espaço é dedicado à América do Sul, África, Médio Oriente e sul da Ásia.

Uma Lulik instalou-se em Lisboa com resquícios de Timor-Leste, onde o designer e coleccionador Miguel Leal Rios viveu alguns anos da sua infância. Em Timor, uma lulik é uma casa sagrada, um símbolo da unidade social dos seus habitantes, sendo que foi através dessa premissa que Miguel quis homenagear as memórias que manteve vivas desde pequeno, criando em Lisboa uma casa sagrada da arte contemporânea.   

“Ao longo das minhas viagens fui-me apercebendo  da tendência, de que a arte proveniente destas geografias era dotada de muita qualidade, mas pouco marcada pela Europa e menos ainda em Portugal”, conta à Time Out o fundador da Uma Lulik e director da FLR – Fundação Leal Rios | Arte Contemporânea.   

A galeria estreia-se com a exposição “Ausência”, do artista madagascarense Joël Andrianomearisoa​. Seguem-se as exposições de Charbel-joseph H. Boutros (Líbano), Henrique Pavão (Portugal) e Samuel Lasso (Colômbia), naquela que é a programação anunciada para 2018 até ao momento.

Mas regressemos à “Ausência” de Andrianomearisoa​, uma viagem através do limiar entre a vida e a morte, a presença e a ausência. São 28 novas peças feitas de vários tecidos encontrados em Antananarivo (Madagáscar) ritualmente cosidos e dispostos em camadas, pela sua equipa de artesãos.

Construo coisas muito grandes, sempre em dimensões colossais, e desta vez fui fazendo estas peças aos poucos, mais pequenas e que constroem este painel grande feito de obras pequenas. Mas, no fundo, é uma só”, explica-nos Joël, que trabalha com base naquilo que vai recolhendo nas suas viagens.

“O ser humano recolhe muita coisa ao longo da vida. Memórias, coisas materiais – recolhemos e acumulamos. A minha arte é isso, é recolher e guardar. Nem tudo o que eu recolho tem um fim imediato, às vezes demoro anos a pensar no que fazer com determinadas coisas”, diz. “É todo um processo.”

Plataforma de lançamento

A Uma Lulik tem como missão divulgar o trabalho de artistas daquelas regiões, funcionando como uma plataforma de divulgação e, simultaneamente, quer desmistificar a arte contemporânea proveniente de outras geografias emergentes. Este projeto reflecte um interesse que foi crescendo e amadurecendo em mim à medida que fui conhecendo e vivendo o mundo”, refere Miguel, que quer que a galeria seja “um local para discussão e para criação de novos públicos”.

“Todos os artistas que escolhi para ter aqui são artistas que continuam a ter ligação ao seu local de origem, mesmo que tenham outros ateliês e que já estejam solidificados no mercado”, diz Miguel. “Quero que tragam esse espírito nativo de onde eles são oriundos. Muitos dos artistas são jovens, e quero que a Uma Lulik sirva de rampa de lançamento para eles e, claro, espero um dia poder representá-los.”

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