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Fire Emblem Engage
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‘Fire Emblem Engage’ eterniza a história, mas esquece as histórias

‘Fire Emblem Engage’ olha para o passado da icónica série da Nintendo em busca de inspiração. Só é pena que nem sempre olhe para os sítios certos.

Luís Filipe Rodrigues
Escrito por
Luís Filipe Rodrigues
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★★★☆☆

É difícil (e inconsequente) escrever e pensar sobre Fire Emblem Engage, lançado quase no final de Janeiro na Nintendo Switch, sem olhar para trás e compará-lo com o que veio antes. É o próprio jogo que convida essas comparações ao trazer de volta mais de uma dúzia de personagens de títulos anteriores – 13 na trama principal e os restantes, cujo número total ainda se desconhece, em conteúdos descarregáveis que vão ser disponibilizados no futuro. Mas também o facto de suceder a Fire Emblem: Three Houses, o apogeu da franquia, e ser em grande medida uma renúncia de quase tudo o que fez do título de 2019 um sucesso crítico e comercial. Aliás, de muito do que garantiu a popularidade da série nestes dez anos.

Até 2013, Fire Emblem era uma série de culto, intensamente adorada por uns poucos fãs de jogos de estratégia e RPG (role-playing games) japoneses, mas desconhecida pela maioria dos ocidentais. Fire Emblem Awakening, editado há dez anos na 3DS, foi o primeiro a chegar a um público vasto, vendendo quase dois milhões e meio de cópias e, pelo caminho, tornando-se num dos jogos mais vendidos da portátil da Nintendo. O seu sucessor, Fire Emblem Fates (2015), superou a fasquia dos três milhões. As vendas de Fire Emblem: Three Houses (2019), na Switch, rondam os quatro milhões.

O que tornou especiais os Fire Emblems da década passada, e os aproximou do grande público, foi a maneira como combinavam o rigor estratégico da série e os seus sistemas e mecânicas de jogo com tramas bem tecidas e um foco nas relações interpessoais das personagens, aproximando-se de simuladores sociais e românticos. Não seria absurdo descrevê-los como sendo, simultaneamente, grandes tabuleiros de estratégia e anime interactivos. Estas peças e ideias díspares nunca encaixaram tão bem como em Fire Emblem: Three Houses, cuja narrativa, no segundo e terceiro actos, divergia por quatro caminhos distintos dependendo das escolhas efectuadas. Cada um dos possíveis desfechos era inspirado por diferentes ideias políticas e modelos de organização social.

Ora, a escrita, as personagens e as relações entre elas são as piores partes de Fire Emblem Engage. A história é linear e genérica, os protagonistas são unidimensionais, os diálogos e as interacções são breves e superficiais. Quem se deixou prender pelo enredo, pelos pequenos e grandes dramas, do anterior capítulo vai ficar desiludido com o que o espera. E mesmo assim, a muitos outros níveis, este é o melhor jogo da série. A direcção de arte e o cuidado com a apresentação e fidelidade visual encontram-se vários degraus acima de Fire Emblem: Three Houses – e da generalidade dos RPG disponíveis na mais recente consola da Nintendo – e enquanto jogo de estratégia é complexo e versátil, com inúmeras maneiras de resolver quase todos os problemas e ultrapassar os obstáculos.

Até o triângulo de armas – inspirado na pedra, papel, tesoura e presente em quase todos os títulos da franquia, com cada tipo de arma a ter vantagem sobre um outro – está de volta. Este sistema de combate havia sido abandonado no opus de 2019, mas surge aqui numa versão reimaginada, em que as unidades atingidas por um adversário com o tipo de arma correcto (as espadas arrasam os machados; os machados batem as lanças; e as lanças superam as espadas) não só sofrem mais danos como agora ficam impedidas de contra-atacar durante dois turnos. É uma pequena alteração, mas obriga a encarar os combates de outra forma e a pesar melhor as acções e as consequências. É também um bom exemplo daquilo que Fire Emblem Engage e os seus criadores fazem melhor: olhar para o passado para construir algo novo. É pena que nem sempre olhem para os sítios certos.

Disponível na Nintendo Switch.

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