Livrarias estrangeiras em Lisboa

A viver em Lisboa desde 2019, a autora e criativa Alex Holder resolveu abrir a livraria independente que nunca conseguiu encontrar e sempre quis ter na cidade. Na Salted Books, em Santos, as estantes só têm livros em inglês. A selecção é para todas as idades, cuidada, ecléctica e atenta ao pensamento contemporâneo, diverso e inclusivo. Há sempre títulos novos a chegar, mas – como não há armazém – o stock disponível é o que está à vista a cada momento. Há ainda programação cultural, desde festas literárias temáticas até conversas com premiados autores estrangeiros. O espírito cultural londrino, nomeadamente no que diz respeito ao mercado literário, é o que Alex Holder quer recriar na Salted Books. A Morning Writer’s Hour, por exemplo, é – tal como o nome sugere – uma hora de manhã, neste caso pelas 07.30, para escrever. 

Elisa Sartor e Sara Cappai, duas italianas residentes na capital, abriram a Piena – libri persone visioni, uma livraria independente em Arroios, só com livros em italiano. O espaço, colorido e prático (com bancos debaixo das estantes, porque as palavras são como as cerejas e para conversar sobre livros com esta dupla valerá puxar o banquinho), cabem títulos de autores italianos, mas também de literatura traduzida para italiano, como edições italianas de livros de nomes como bell hooks, Djamila Ribeiro e Matt Haig. Há uma clara predilecção pelas editoras independentes, mas também obras incontornáveis de grandes editoras. Quanto a programação, se não quer perder a próxima oficina, apresentação ou conversa, é estar atento às redes sociais.

Aberta desde 2004, entre a Fundação Gulbenkian e a Praça do Saldanha (a 50 metros da sua antiga morada no Instituto Francês de Portugal), a Nouvelle Librairie Française continua a ser a única livraria generalista francesa em Lisboa. O acervo conta com mais de dez mil obras de ciências humanas e literatura, inclusive uma selecção muito diversificada de banda desenhada e de livros em francês dedicados ao universo lusófono.

Apesar de especializada em livros de ensino de língua estrangeira e de linguística, a Livraria Britânica, ao virar da esquina do British Council, também tem uma excelente variedade de romances, clássicos (de nomes como Charles Dickens e D. H. Lawrence, por exemplo), obras infanto-juvenis, best sellers e lançamentos recentes. Além disso, também é possível encomendar. Se quiser, pode espreitar o catálogo online e ver o que está em destaque ou com desconto. Mas, atenção, vale a pena resistir a comprar sem sair do sofá. Vá antes ver ao vivo.

Há dez anos, Melyssa Griffin estava a trabalhar como professora de inglês no Japão, ainda longe de imaginar que à boleia de uma viagem de carro por Portugal se apaixonaria pelo país e mudaria toda a sua vida mais uma vez. Parando para reflectir como veio aqui parar – aqui é o Fable, o café-livraria que abriu no Príncipe Real, com dois pisos e um pátio pet-friendly –, diria que as grandes motivações foram a vontade de escapar aos horrores do ensino e a urgência de cultivar o amor-próprio e o sentido de comunidade. À entrada, o rés-do-chão destaca-se pelo mural de dançarinas nuas, a cozinha onde o menu salta das páginas para as mesas, e uma estante onde convivem uma selecção de vinhos naturais portugueses e outra de livros, todos em inglês. Mas é lá em baixo, na cave, que encontra a livraria propriamente dita – e o acervo, que vai variando, não deixa nada a desejar. A cereja no topo do bolo é, contudo, a programação, que inclui cinco clubes de leitura em inglês.

Tecnicamente, a BD Mania é portuguesa, mas na prática não é bem assim. É que esta livraria especializada em banda desenhada está desde 1994 a fornecer aos lisboetas as melhores novidades dos livros em quadradinhos de origem norte-americana, mas também franco-belga, espanhola e japonesa, nas respectivas línguas. Sim, também há uma selecção de edições em português, mas o grosso do catálogo é estrangeiro, inclusive o de livros relacionados com BD (ilustração, desenho, animação, cinema, e por aí adiante).