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Uma carta aberta a todos os que ouvem música alta em lugares públicos

Escrito por
O Provedor
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Os filmes têm bandas sonoras e há quem goste de pensar que a sua vida dava um filme – e merece, por isso, tratamento igual.

Essas pessoas podem sonorizar à vontade os seus dias: aqueles momentos de glória quando encontram dinheiro no bolso de um casaco velho; as vezes emocionantes em que entraram numa carruagem de metro um segundo antes de as portas fecharem; ou os instantes dramáticos em que não se lembram onde estacionaram o carro. Mas essa trilha sonora deve ser escutada apenas por um par de ouvidos – os seus.

No entanto, há quem insista em partilhar com o mundo a música com que adorna os seus dias. Nos transportes públicos da cidade, é frequente ver um jovem (costumam ser jovens) de telemóvel em punho, aspergindo as suas preferências musicais. Hans Zimmer, John Williams, Ennio Morricone, Carlitos. Eis a lista actualizada dos grandes compositores.

Os auscultadores, essas bandoletes de som, essas colunas intra-auriculares, existem praticamente desde o início do século XX. Há-os de todas as formas, feitios e preços, pelo que a privatização do som ambiente é um bem acessível a todos.

É verdade que os fios dos headphones costumam ser difíceis de desembaraçar, que existe alguma normatividade auricular que faz com que nem todos se adaptem às nossas orelhas, mas não custa nada guardar a nossa música só para nós.

Há outros tipos de invasão sensorial: o perfume exuberante de um recém-divorciado, a sandes de panado que nos entra pela narina adentro ou as axilas de um hidrofóbico que quase nos fazem lacrimejar. Infelizmente, ninguém inventou uns auscultadores para o nariz para que possamos andar por aí a passear com o cheiro a praia nas narinas ou a inalar o odor da terra molhada.

Por isso, caro compositor da banda sonora da sua vida, enfie a sua música num sítio que nós cá sabemos. Os ouvidos.

O Provedor do Lisboeta é um vigilante dos hábitos e manias dos alfacinhas e de todos aqueles que se comportam como nabos e repolhos nesta cidade. Se está arreliado com alguma coisa e quer ver esse assunto abordado com isenção e rigor, escreva ao provedorprovedor@timeout.com

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