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© Marco DuarteO centro histórico do Porto foi identificado mais de 4,5 milhões de vezes

Aniversário Time Out Porto: nove anos, seis cartas de amor à cidade

Não somos apologistas do "antigamente é que era bom", mas gostamos de nos lembrar como foram bons estes nove anos. Eis os testemunhos de seis directores

Escrito por
Time Out Porto editors
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Hoje é o dia de aniversário da Time Out Porto. Fazemos nove anos. Nove anos em que vimos a cidade mudar. Para melhor, sempre. Em nove anos a cena gastronómica portuense mudou. Os restaurantes clássicos, com boa comida típica, mantiveram-se de pedra e cal, mas ao lado destes abriram outros, novos, com novos conceitos e comida vinda de várias partes do mundo. Também temos hoje muitas lojas, onde artistas dos vários quadrantes expõem o que de melhor fazem. Nove anos depois gostamos de dizer de boca cheia que temos um orgulho desmedido por esta cidade. Aqui ficam, portanto, os testemunhos de seis directores que assistiram, através das páginas desta revista, ao quão maravilhoso o Porto consegue ser. Sempre.

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Aniversário Time Out Porto: nove anos, seis cartas de amor à cidade

João Cepeda (Director de 2010 a 2015)
© Cláudia Paiva

João Cepeda (Director de 2010 a 2015)

Na primeira visita ao Porto depois do lançamento da revista, o nosso crítico de restaurantes Lourenço Viegas enviou-me um sms (não havia WhatsApp) com um pedido estranho: “Não estragues isto sff”. Nos três anos anteriores, Lourenço tinha assistido à transformação de Lisboa com um misto de orgulho e desconfiança. O orgulho de fazer parte daquela revolução e a desconfiança sobre o resultado de tantas mudanças. O Porto era ainda mais sensível. Uma cidade bonita, genuína, antiga, talvez não precisasse de um ciclone de progresso. A verdade é que já não havia nada a fazer. Quando começámos a esgravatar a cidade percebemos que a revolução estava à porta. Os projectos pareciam soldados à espera de um grito de guerra. Centenas deles: restaurantes, bares, hotéis, lojas, tudo o que se possa imaginar, em papel ou em tijolo. E de repente aconteceu. Ao final do primeiro número, as nossas listas de recomendações já tinham de mudar de alto a baixo para acomodar as novidades. E o telefone não parava. Pedidos atrás de pedidos para anunciar o que aí vinha. Foi assim durante meses e anos. O Porto mudou. E nós tivemos pontaria: aquele ano, 2010, soou a tiro de partida.

Ricardo Dias Felner (Director-adjunto de 2013 a 2015 e director em 2016)
© Marco Duarte

Ricardo Dias Felner (Director-adjunto de 2013 a 2015 e director em 2016)

Para quem vem de Lisboahá sempre o risco de um exercício destes se tornar num repositório de clichés. A bondade das gentes, a simpatia, a frontalidade, a arquitectura, o casario sobre o Douro, Serralves, a Foz, o vernáculo e o carago. Tudo isto são clichés verdadeiros e eu acrescento outro. Do que sempre gostei mais no Porto foi da ideia de comunidade feliz e disponível, de aldeia dentro da cidade. Um dos meus momentos preferidos era quando fechávamos a revista antes do jantar e eu podia ir beber para o Aduela, e o Aduela às sete da tarde não era um bar fantasma com dois ou três turistas mas estava cheio de locais, pessoas sem medo de uma esplanada no Inverno nem de um copo de vinho fora da refeição. Mais tarde, essas mesmas pessoas haveriam de seguir juntas para outros sítios, outros lugares comuns. Dos bons.

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Mariana Correia de Barros (Subdirectora de 2014 a 2016 e directora em 2017)
© Marco Duarte

Mariana Correia de Barros (Subdirectora de 2014 a 2016 e directora em 2017)

Apanhei o Porto em fase de implementação de novas ideias, de todo o tipo de negócios virados para os consumidores e, feliz ou infelizmente, do boom turístico. Vi acontecer às principais artérias da cidade, aquilo que anos antes tinha presenciado em Lisboa: muitas obras, aberturas desenfreadas de restaurantes, bares ou lojas e fenómenos de massa com determinadas tendências. Primeiro temi pela descaracterização de uma cidade tão genuína, onde o trato é sempre familiar e o talento das pessoas, até então, sempre tinha estado em primeiro lugar. Achei que a máquina do progresso pudesse anular esse processo criativo (que precisa de tempo), esse talento para as artes, esse cuidado estético com os edifícios que tanto me encantava. Mas à medida que as novas portas se abriam, descobri que a alma e o orgulho portuenses estavam impregnados em cada espaço e a recuperação não ia ser deixada em mãos estrangeiras (isto é, não-portuenses). Que assim seja, por muito mais anos de inovação.

Sara Sanz Pinto (Directora de 2017 a 2018)
© Claudia Paiva

Sara Sanz Pinto (Directora de 2017 a 2018)

Que me lembre, a primeira vez que estive no Porto foi em 2002 a caminho de Vilar de Mouros. Assim que saí da estação de São Bento, em pleno Verão, encontrei uma cidade para lá de cinzenta. Almocei na Ribeira umas iscas de bacalhau a achar que eram pataniscas, depois da senhora da tasca me ter dito que sim, que devia ser a mesma coisa, e que se não fosse era melhor. Para a mesa veio uma posta de bacalhau frita, ensopada em óleo, que apenas consegui provar para não lhe fazer a desfeita. Pedi para embrulhar o resto e levar, só por educação, e segui viagem. O concerto de Manu Chao e os Radio Bemba Sound System, além de um dos melhores da minha vida, ultrapassou as duas horas – provavelmente mais tempo do que alguma vez tinha estado no Porto. Só 15 anos mais tarde, em 2017, também no Verão e de mochila às costas, cheguei à Invicta, desta vez trabalho. Assim que aterrei outra vez em São Bento senti-me mais uma turista entre os tantos que desciam do comboio. A vontade de descobrir a cidade foi imediata, cidade essa que nunca se apresentou tão sofisticada quanto hoje. Opções quando o assunto é ir jantar fora, beber um copo ao fim do dia ou visitar uma exposição ou galeria não faltam e animação também não. E essa amplitude de escolhas é de louvar.

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João Pedro Oliveira (Director-adjunto de 2015 a 2016 e director interino de 2018 a 2019)
© João Saramago

João Pedro Oliveira (Director-adjunto de 2015 a 2016 e director interino de 2018 a 2019)

De nada servimos sem um lugar que nos dê sentido. Descansem, não me vou aliviar de uma frase de pacote, é mesmo uma questão básica de identidade: a Time Out só serve o seu propósito quando tem uma geografia, quando é Time Out Porto, Time Out Lisboa, Time Out Tóquio, etc, etc, trezentas e tantas vezes etc. Ora, olhando para a lista de convocados desta página, imagino já alguém a rosnar contra a cambada de mouros. Pois eu, talvez o único verdadeiro sarraceno desta tribo, estou aqui para garantir que essa ideia não podia estar mais longe da verdade. Esta aventura foi sonhada, concretizada e alimentada por quem tem esta cidade por sua casa e família, por quem a conhece, sente e vive por dentro. Para que saibam, a questão é a inversa – a omnipresente pronúncia do Norte que sempre dominou a redacção de Lisboa e lhe moldou o espírito. A bem de todos nós.

Mariana Morais Pinheiro (Directora em funções)

Mariana Morais Pinheiro (Directora em funções)

Quando pedi para mudar de casa, para trás deixava a Time Out Lisboa e a cidade por quem morria de amores, e partia, em 2017, rumo a um norte que me está no ADN desde que nasci. Mentalizei-me para o frio, mas não me preparei para três amigdalites no mesmo ano. Nem para o facto de ficar sem voz, emudecida perante a estoicidade de uma cidade granítica, bela debaixo da chuva e misteriosa quando a neblina que vem do mar sobe o rio e a envolve num abraço asfixiante. Os antibióticos fizeram efeito. Foi então que o sol inundou as ruas estreitas cheias de gente, iluminou ateliês de design, estúdios de arquitectura, galerias de arte. Aqueceu pratos em restaurantes com influências de todo o mundo, iluminou palcos, artistas e criadores. Fez brilhar ainda mais o Douro. O Porto é hoje a minha casa. Trago-o comigo. Assim como trago comigo, daqui para a frente, o bonito legado que todos estes portuenses de coração me deixaram.

Conheça a Invicta

  • Restaurantes

O Porto é para se viver de garfo e faca na mão. Porque não queremos que lhe dê a fraqueza enquanto percorre os quatro cantos da cidade, aqui tem uma lista feita à sua medida. Estes são os 50 melhores restaurantes no Porto, escolhidos a dedo pelos críticos e especialistas em Comer e Beber desta revista. E vai encontrar um pouco de tudo por aqui. Temos restaurantes com comida tradicional e outros com pratos de autor. Uns mais virados para a carne e outros mais orientados para a comida saudável. Em suma, um resumo do melhor que se faz na restauração portuense. Aproveite. Bom apetite. Recomendado: Os melhores bares no Porto

  • Coisas para fazer

Um superfestival que junta teatro e dança, uma bienal de arte contemporânea com mais de 15 exposições para visitar gratuitamente, conferências sobre o clima e a confiança, e concertos (muitos concertos) de apresentação de discos lançados recentemente são algumas das actividades em que poderá participar este mês. A Invicta é uma animação e esta lista de coisas para fazer no Porto em Abril é a prova disso. Se o São Pedro não colaborar com dias soalheiros, não desista: agarre num guarda-chuva e nesta lista e faça-se à vida.   Recomendado: 31 coisas incríveis para fazer no Porto

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  • Coisas para fazer

Não, ainda não está aquele tempo perfeito de Primavera, mas estamos positivos de que a chuva vai dar tréguas em breve. Comece a fazer planos para poder aproveitar o bom tempo passeando pela cidade e alimentando o seu feed do Instagram com os melhores miradouros no Porto. 

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