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  7. Pérgula e banco de pedra
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  8. Glicínia branca
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  9. Penedo no topo do percurso
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  10. Largo do trono e cadeiral
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Percurso da Vila Sassetti: descubra um jardim discreto e encantador

Aos ésses pela serra acima, o cenário do jardim vai-se revelando e os horizontes são cada vez mais vastos.

Helena Galvão Soares
Escrito por
Helena Galvão Soares
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As referências ao Percurso Vila Sassetti são unânimes em dizer que é um segredo bem guardado, e é verdade. Liga o centro da vila aos caminhos do cimo da serra que levam ao Palácio da Pena e ao Castelo dos Mouros e só soubemos da sua existência porque reabriu ao público no passado dia 3 de Abril, depois de obras de recuperação de pavimentos, escadas e muretes em pedra. Fomos conhecê-lo.

Vila Sassetti
Parques de Sintra/DRVila Sassetti

Da rua, avistamos o pequeno portão da propriedade, mas as flores vermelhas dos rododendros que espreitavam ao longo do topo do muro já denunciavam o jardim. Chegados à porta, enfrentamos uma parede de vários metros de altura e o início de uma escada que, adivinhamos, há-de seguir por ali acima. Cansados só de olhar para ela, avançamos uns passos reticentes – o suficiente para vermos à esquerda um caminho empedrado que, numa inclinação muito aceitável, se perde numa curva.

É um pouco à frente dessa curva que surge a primeira cascata, os primeiros fetos arbóreos e, depois, cicas variadas, bromélias, palmeiras de leque e washingtónias, strelitzias nicolai, muitas strelitzias nicolai... Imaginamos como ficará o jardim quando estas plantas, também chamadas de bananeira selvagem, exibirem as suas grandes flores brancas, azuis e roxas a lembrar pássaros (por alguma razão "ave do paraíso" é outro dos seus nomes). O chão, a espaços, aparece salpicado de pétalas de diferentes cores das muitas cameleiras existentes. Já passou o auge da floração das camélias, mas agora estamos rodeados de rododendros lilases, rosas e vermelhos, e não se pode dizer que estejamos mal servidos. O ambiente é luxuriante.

Cascata do Percurso Vila Sassetti
Helena Galvão SoaresCascata do Percurso Vila Sassetti

O som da água acompanha o caminho. Num recanto, um pequeno lago com nenúfares reflecte os fetos. Mais à frente haverá outro, grande, para onde a água jorra como que de uma fonte. Manchas de amarelos dos líquenes cobrem o murete e o musgo reveste com um manto verde um banco talhado na pedra (estamos em Sintra, nota-se bem).

Seguimos caminho, agora debaixo de uma pérgula, por enquanto despida, para desembocarmos, a meio da encosta, no patamar onde se encontra a bonita Vila Sassetti e de onde podemos ver a várzea de Sintra e o mar. Para trás ficou a Casa do Caseiro, que foi transformada para receber uma cafetaria, por enquanto fechada ao público, tal como a casa-mãe (mas as instalações sanitárias estão abertas e impecáveis, nada tema). Um pouco acima, uma gruta e um penhasco sobre o qual se ergue um torreãozinho são o mais século XIX romântico que pode haver.

Torreão
Helena Galvão Soares

A partir deste ponto do percurso encontra uma paisagem mais parque e menos jardim, com mata, duas grutas debaixo de imponentes penedos, um deles emoldurado por uma glicínia branca. Ao fim desse último lance tem o portão superior com um mapa que lhe mostra os caminhos a seguir para chegar ao Palácio da Pena e ao Castelo dos Mouros, mas não dará o tempo por perdido se voltar para trás. Agora pode seguir aquelas bifurcações que não escolheu ao subir e encontrar recantos e pequenos miradouros. Ou a estranha clareira que pode ver na foto abaixo. É que o arquitecto que desenhou a Vila Sassetti e seus jardins foi Luigi Manini – sim, o mesmo da Quinta da Regaleira.

Clareira
Helena Galvão Soares

Mas como temos hoje este pequeno jardim botânico em plena serra?
As obras de construção da casa de recreio e jardim de Victor Sassetti tiveram início em 1890. A casa, inspirada nos castelos da Lombardia, e o jardim foram concebidos por Sassetti e o seu amigo arquitecto e cenógrafo Luigi Manini, num projecto muito cenográfico de simbiose entre arquitectura e paisagem. O segundo interveniente nesta história é nem mais nem menos que Calouste Sarkis Gulbenkian, um dos maiores apaixonados por jardins em Portugal, que arrendou a propriedade entre 1920 e 1955. Após ter passado por três proprietárias, a quinta foi comprada pela Câmara de Sintra em 2004 e desde 2011 pertence à Parques de Sintra.

Dado o "estado de degradação avançada em que se encontrava a Vila Sassetti, foi desenvolvido um projeto global multidisciplinar, cuja execução foi iniciada em 2014", pode ler-se na página da Parques de Sintra. Sobre o projecto de restauro, o Centro Nacional de Cultura detalha: "Nos jardins, a intervenção consistiu na substituição de pavimentos em betonilha por calçada de granito e de muros de alvenaria de tijolo por pedra de granito, utilizando as tipologias de construção e materiais preexistentes nos jardins (...) [procedeu-se] à reposição da cobertura da pérgula, de acordo com os registos fotográficos do início do século XX. Os canteiros do jardim foram valorizados através da aquisição de plantas características do século XIX".

Percurso da Vila Sassetti. Estrada da Pena, 12, Sintra. Seg-Dom 09.00-18.00. Sem cafetaria, com WC

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Com o faro bem apurado, parta à descoberta dos melhores jardins e parques em Sintra, um trabalho que ajudamos a fazer – basta consultar esta nossa lista. Há terrenos verdejantes para todos os gostos: ora tem aquele parque com miradouro incluído com uma vista de tirar o fôlego para a serra de Sintra, ora tem o jardim de buxo, aparado milimetricamente. Depois há aqueles que rodeiam um imponente palácio – Sintra é mesmo assim, já se sabe. Nalguns destes vastos e verdes prados basta um passeio para embarcar numa viagem pelos quatro cantos do mundo através da botânica, com curiosidades prontas a virem à tona em passeios guiados, naqueles que tanto pode fazer sozinho a pensar na vida ou com os miúdos atrelados.

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Sempre que tiver tempo para arejar as ideias, opte pelo ar puro e pelos espaços que pintam a cidade de verde e faça o favor de apanhar um arzinho por aqui. Seja para uma breve caminhada, um piquenique, uma corrida ou, com tempo, uma visita prolongada aos relvados. Se for na companhia de pequenos seres humanos, procure o parque infantil de serviço ou, na falta dele, o melhor espaço para rebolarem todos na relva, o que não é menos divertido. Do jardim da Estrela ao pulmão verde de Lisboa – falamos do Monsanto, pois claro –, espaços verdes não faltam na cidade e mais além.

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