Vale dos Fetos no Parque do Palácio de Monserrate
Parques de Sintra/DivulgaçãoVale dos Fetos no Parque do Palácio de Monserrate
Parques de Sintra/Divulgação

Os melhores jardins e parques em Sintra

Sol coado pelo arvoredo e bruma na serra. A capital do Romantismo português só podia ser Sintra.

Helena Galvão Soares
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Parta à descoberta dos melhores jardins e parques em Sintra, um trabalho que o ajudamos a fazer com todo o gosto. Há verde de todos os tipos: desde o parque no meio da vila aos parques e jardins românticos escondidos nas encostas da serra, obras-primas de arquitectos e paisagistas do século XIX, que foram mantidos e recuperados nos séculos seguintes. Mas também aqui encontra o jardim francês, com as suas sebes de buxo milimetricamente aparadas, ou um mais robusto parque de merendas, se tudo o que precisa é de ouvir passarinhos refastelado à sombra das árvores. Venha a Sintra conhecer três jóias portuguesas da Rede Europeia de Jardins Históricos.

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Os melhores jardins e parques em Sintra

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São 200 hectares de jardins e floresta em redor do emblemático Palácio da Pena. À primeira vista, até parece que se trata de autêntica floresta nativa, mas é uma paisagem desenhada, combinando o exotismo e imponência das espécies vegetais com o dramatismo das vistas dos picos a que os caminhos sinuosos nos conduzem. Isto enquanto se passa por grutas e ruínas falsas, lagos e fontes, tudo numa eloquente estética romântica.

O interesse pela botânica de D. Fernando II, o responsável por isto tudo, trouxe para o parque espécies florestais nativas de todos os continentes, bem como uma colecção de camélias da China e Japão, que foram plantadas no Jardim das Camélias na década de 1840 e se tornaram o ex-líbris do Inverno de Sintra, estação em que deve visitar o parque para as ver.

Uma visita completa ao parque é coisinha para umas três horas; se não tem todo esse tempo disponível: 1) vai lamentar; e 2) deixamos umas dicas. Escolha a entrada do Vale dos Lagos e percorra o caminho ao longo dos cinco lagos ligados por cascatas e rodeados de árvores e vegetação frondosa, até à Fonte dos Passarinhos, uma casa de fresco neomourisca de planta hexagonal e cúpula abobadada que amplifica o som da água que corre de uma pequena fonte.

Nas vistas, a Cruz Alta é o ponto mais elevado da serra, a 528 metros, e de lá avista Lisboa e Cascais, o oceano e a região saloia. Nos recantos, procure a Gruta do Monge, um antigo local de recolhimento. E não se vá embora sem passar pela Feteira da Rainha: é lá que vai encontrar uma das árvores mais notáveis do parque, uma tuia gigante, rodeada de luxuriantes fetos arbóreos oriundos da Austrália e da Nova Zelândia. Sem surpresas, o Parque da Pena pertence à Rota Europeia dos Jardins Históricos.

Seg-Dom 09.00-19.00 (só parque). Preço normal: 10€ (só parque; gratuito ao domingo para residentes no concelho; inclui Chalet e Jardim da Condessa d’Edla

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São 85 hectares que excedem as expectativas mais elevadas que se possa ter sobre paisagismo romântico. Talvez porque estamos em Sintra, onde espécies botânicas trazidas de todo o mundo se aclimataram exuberantemente. Talvez porque o desenho dos jardins, sempre mimetizando o natural, é cuidadosamente encenado, fruto do trabalho de arquitectos paisagistas, botânicos e jardineiros. Certo é que o conjunto destas circunstâncias fazem com que o Parque de Monserrate pertença à Rota Europeia de Jardins Históricos, que integra as Rotas Culturais do Conselho da Europa.

Prepare-se para conhecer uma das maiores colecções botânicas existente em Portugal – só fetos são mais de 40 espécies, para lá dos fetos arbóreos, que pode ver no Vale dos Fetos –, com algumas árvores a atingirem portes consideráveis, como é o caso da Araucaria heterophylla, com 50 metros, ou da Metrosideros robusta, que se encontra junto ao relvado, o primeiro em Portugal com sistema de rega, criado na segunda metade do século XIX. 

A vertente a Sul, chamada Jardim do México, foi estruturada em patamares e preenchida com vegetação de climas secos, como o pinheiro do México, iúcas, cicas, agaves e dragoeiros. Conte ainda com um roseiral que foi restaurado e apresenta uma colecção de variedades históricas, o Jardim do Japão, onde se destacam os bambus e as camélias, e, claro uma falsa ruína, tão ao gosto romântico, de uma capela engolida pela vegetação e por uma árvore da borracha. Nas proximidades, há uma cascata construída com grandes penedos e plantas exóticas e, no fim do percurso, um falso cromeleque, atribuído, como a falsa ruína e a cascata, a William Beckford, que arrendou a propriedade no fim do século XVIII.

Use a aplicação Tree Finder, da Parques de Sintra, para seguir um percurso que percorre todas as principais doze atracções do parque. Ou confie na sua intuição e deixe-se perder.

Seg-Dom 09.00-19.00 (parque), 09.30-18.30 (palácio). Preço normal: 12€ (parque e palácio); gratuito ao domingo para residentes no concelho 

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Em Abril de 2023 reabriu, após obras de recuperação de pavimentos, escadas e muretes, o Percurso Pedestre da Vila Sassetti, sinónimo da melhor forma de ir a pé do centro histórico de Sintra para o Palácio da Pena e Castelo dos Mouros. 

Estamos num típico jardim romântico, da autoria de Luigi Manini, o mesmo arquitecto da Regaleira, o que deverá justificar uma estranha clareira com uma espécie de trono e cadeiral em pedra. O caminho serpenteia encosta acima, acompanhado por um curso de água que vamos vendo em cascatas e laguinhos até chegarmos à Vila Sassetti, um palácio inspirado nos châteaux da Lombardia. Neste primeiro troço conte com vegetação diversa e luxuriante: fetos arbóreos, cicas variadas, bromélias, palmeiras de leque, washingtónias, strelitzias nicolai, rododendros, camélias. Depois da vila, o percurso mimetiza mais a natureza selvagem, com mata, duas grutas e imponentes penedos.

A Casa do Caseiro alberga uma cafetaria que tem abertura anunciada desde 2023; o parque possui instalações sanitárias nem sempre abertas; e a entrada é livre, das 10.00 às 18.00.

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Em torno do Palácio da Regaleira – também conhecido como Palácio do Monteiro dos Milhões (a alcunha que satirizava a ostentação do proprietário, António Carvalho Monteiro) – encontra quatro hectares decorados com construções fantásticas  (torres, grutas, estátuas, lagos, fontes e até um poço esotérico). Construída entre 1904 e 1910, a Quinta da Regaleira tem inúmeras referências à Maçonaria e é toda ela um apelo ao imaginário medieval e gótico, com uma envolvência que tem tanto de exótica como de romântica. Para conseguir conhecer cada recanto, reserve um par de horas para a visita. Mas se não quer mesmo perder nada, o melhor é pedir na bilheteira um audioguia (1€), para escutar nos 30 pontos espalhados pelo recinto que lhe vão contando a história e curiosidades de cada local onde se encontra.

Seg-Dom 10.00-18.30 (Mai-Set até às 19.30). Bilhete normal: 12€ (gratuito para munícipes). regaleira.byblueticket.pt

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Nesta propriedade de 13 hectares, situada na várzea de Sintra, destaca-se o Solar, renascentista, mandado edificar em 1541, com o seu grande torreão de inspiração medieval. Frente ao edifício pode apreciar-se um jardim de buxo, à francesa, e uma imponente escadaria e estátuas de inspiração clássica, bem como um grande tanque/espelho de água e fonte manuelina. No lado esquerdo, estende-se o pomar, com um tanque de rega ao fundo. Nas traseiras, procure a cisterna, meia escondida, onde se entrevê, na semi-obscuridade, uma belíssima abóboda de cruzaria de ogivas, com arcos e colunas esverdeadas de musgo.

O edifício está rodeado por bosques onde vai encontrar sequóias centenárias e outras árvores de porte notável, além do rio Colares, que por ali passa. E uma curiosa mãe de água/ capela/ casa de fresco setecentista, com painéis de azulejo azul e branco de cima a baixo representando cenas do quotidiano. Depois de apreciar o edificado, meta os pés ao caminho e vá desbravar os trilhos, que vale a pena.

Seg-Dom 10.00-18.00 (Jan-Mar, Out-Dez),10.00-19.00 (Abr-Set). Entrada livre

 

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Nas mãos do município de Sintra desde 1936, o Parque da Liberdade fica mesmo no centro da vila, acima da Volta do Duche, e é injustamente pouco referido. Instalado numa encosta de inclinação acentuada, tira partido disso para o sistema de vistas. Há espaço para vermos araucárias, castanheiros, ciprestes vários, grandes magnólias, um cedro do Himalaia e uma magnólia liliflora com porte de árvore, em flor em Fevereiro – mês em que visitámos o parque e a Primavera dava precoces sinais por tudo quanto era arbusto, já em flor. Tanques, penedos, trilhos sinuosos e muito musgo dão o toque final de charme sintrense.

Com a originalidade de ter um campo de patinagem com 450 metros quadrados, mínimo exigido para jogos de hóquei, tem ainda um parque de merendas e WCs instalados numa pequena casinha com toques de português suave perto da saída do parque para a Rua das Murtas. Dica: se quiser evitar as enxurradas de turistas, use esta entrada – chega lá facilmente por ruas bonitas e praticamente sem trânsito, vindo da estação de comboios.

Seg-Dom 09.00-17.00. Entrada livre

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Parque das Merendas
Parque das Merendas

Aberto todos os dias a partir das 10.00, este parque encontra-se mesmo ao lado da Vila Sassetti e permite-lhe desfrutar de um ambiente fresco e agradável para fazer piqueniques, com mesas e bancos em pedra, perfeitos para montar o arraial gastronómico e sentir-se em simbiose com a serra. Há ainda muita sombra, graças ao mais de meio milhar de árvores de grande e médio porte, para se encostar a ler ou a descansar. Durante o ano costumam organizar-se actividades de escalada e rapel: vá vendo o site da Câmara Municipal de Sintra.

Seg-Dom 10.00-18.00. Entrada livre

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Há quem chame ao Palácio de Queluz a Versailles portuguesa e isso inclui o seu jardim, barroco, construído entre 1769 e 1780, também como jardim botânico. Diz a história que foi aqui, nas estufas do jardim, que se cultivaram os primeiros exemplares de ananás em Portugal. O fruto, vindo da América do Sul, era utilizado nos banquetes da corte, nomeadamente no reinado de Pedro III, que, diz-se, era seu grande adepto. Com D. Carlos, o jardim botânico é transformado em jardim romântico.

Em 1983, com as grandes cheias que assolaram a região de Lisboa, o jardim é completamente destruído pela subida de caudal do rio Jamor. A Parques de Sintra reabriu-o ao público em 2017, após obras de reabilitação que tentaram reproduzir o desenho barroco inicial do jardim, com os seus lagos, bustos, estatuária, azulejaria e jardins de buxo – bem como as antigas estufas e ananases, que lá pode ver.

Seg-Dom 09.00–18.30. Preço normal: 6€ (gratuito ao domingo para residentes no concelho)

Mais relva

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Sempre que tiver tempo para arejar as ideias, opte pelo ar puro e pelos espaços que pintam a cidade de verde e faça o favor de apanhar um arzinho por aqui. Seja para uma breve caminhada, um piquenique, uma corrida ou, com tempo, uma visita prolongada aos relvados. Se for na companhia de pequenos seres humanos, procure o parque infantil de serviço ou, na falta dele, o melhor espaço para rebolarem todos na relva, o que não é menos divertido. Do jardim da Estrela ao pulmão verde de Lisboa – falamos do Monsanto, pois claro –, espaços verdes não faltam na cidade e mais além.

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Sabe onde piquenicar em Lisboa? É a forma ideal de fugir da cidade sem chegar a sair dela. É pegar, meter na cesta e estender a toalha nesses hectares relvados jardins fora. Há verdadeiros tesourinhos que vai querer conhecer, sobretudo agora que está oficialmente aberta a época do bom tempo, os raios de sol já queimam e a vontade de sair de casa é mais que muita, ainda que cada saída deva ser feita com a devida prudência e com as devidas distâncias.

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