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Dez filmes utópicos a não perder no Lisbon & Sintra Film Festival

"O Desejo Chamado Utopia" é um dos principais ciclos do Lisbon & Sintra Film Festival 2018. Destacamos dez filmes

Escrito por
Rui Monteiro
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O sonho comanda a vida, diz o poema, que, convenhamos, vem mesmo a propósito numa altura, diz o programador do Lisbon & Sintra Film Festival, em que “vivemos numa era caracterizada por uma consciência histórica enfraquecida, e pela incapacidade crescente de imaginar qualquer alternativa radical.” Alternativas radicais, é mesmo isso, que a arte, o cinema em particular, tanto precisa para os filmes não serem apenas mais um repositório de ideias, uma montra para a exposição de ideais ou simples e generoso exibicionismo estético. Alternativas radicais que esta porção da programação tem com fartura, mostrando, para o bem e para o mal, o estado do radicalismo no cinema.

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Lisbon & Sintra Film Festival 2018: Mais utopia s.f.f.

A Quimera do Riso

A abertura do ciclo O Desejo Chamado Utopia faz-se com o filme dirigido por Preston Sturges, em 1941, abrilhantado por Verónica Lake, Joel McCrea e Robert Warwick. Exemplo de uma utopia pessoal, a de um realizador de filmes fofinhos, bem na vida, mimado e um pouco ingénuo, que, com um coração de ouro, decide fazer um filme sobre os pobres e oprimidos. Vai daí, veste-se de vagabundo, esvazia os bolsos, e faz-se às ruas em busca da pobreza em primeiro mão. Desnecessário é dizer que fica chocado com a realidade que encontra.

Centro Cultural Olga Cadaval. Sábado 17, 15.00.

Running Fence

Já de seguida dá-se um salto para a actualidade de 1977 através do filme de Albert e David Maysles sobre a luta dos artistas Christo e Jeanne-Claude para construir uma instalação, como de costume na sua obra, grandiosa. A ideia de estender tecido branco ao longo de 39 quilómetros, percorrendo as encostas da Califórnia e desaparecendo no Oceano Pacífico, com um custo de três milhões de dólares, parece no limite do absurdo. Até por a sua existência estar limitada a duas semanas. Porém, mais do que as questões estéticas que levaram o casal de artistas até aquela opção, interessa aos realizadores assinalar a contradição entre a visão artística e a maneira como os donos das quintas por onde a vedação passava encararam a obra.

Espaço Nimas. Sábado 17, 21.00.

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Seven Songs for Malcolm X

O filme de John Akomfrah é um documentário, produzido no Reino Unido, sobre a vida de Malcolm X, influente activista dos direitos civis, de certo modo a versão radical de Martin Luther King, assassinado em 1965, que alimentava uma visão muito pessoal de uma utopia negra. Na película encontram-se depoimentos dos que lhe foram próximos, relatos de testemunhas e ainda reconstituições dramáticas para contar como foi a vida e o legado e os amores e as frustrações e as perdas de Malcolm X na sua evolução pessoal, política e religiosa.

Espaço Nimas, Domingo 18, 21.30.

Centro Cultural Olga Cadaval. Quinta 22, 21.00.

Ouvroir The Movie

“Uma viagem a um museu radicalmente futurista criado no popular mundo virtual do Second Life.” É isto, a bem dizer, o conteúdo do filme de Chris Marker, cineasta que recorreu ao saber de Max Moswitzer e Margarete Jahrmann, respectivamente arquitecto e especialista de informática, para projectar e regularmente actualizar este museu virtual que gravita, imóvel, acima do arquipélago, também virtual, de Ouvroir, “uma criativa geografia de ilhas misteriosas, de esculturas e de extraordinária arquitectura.”

Espaço Nimas. Segunda 19, 18.00.

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Passing Through

Larry Clark pega numa câmara e sai, em cada um dos seus raros filmes, um retrato interior e vívido das personagens que escolhe. Desta vez, no final da década de 1970, calhou a Warmack (Nathaniel Taylor), um músico de jazz afro-americano, assediado por executivos de uma editora discográfica, que se revelam homicidas e vigaristas, e que por conselho do avô procura, depois de sair da prisão, força interior ao estudar as suas raízes musicais e familiares numa obra filmada como uma composição de jazz.

Espaço Nimas. Terça 20, 18.00.

Fragment of An Empire

Filimonov, o protagonista desta obra do realizador soviético Fridrikh Ermler – aqui apresentada em versão de filme-concerto com acompanhamento do Rodrigo Amado Motion Trio –, é um jovem que perdeu a memória durante a I Guerra Mundial. Recupera-a, anos mais tarde, e olha para o mundo de 1928, isto é, para a nova sociedade soviética, ainda através do olhar czarista de 1915. Claro, nada corresponde à sua memória, incluindo São Petersburgo se chamar agora Leningrado e ser uma cidade moderna, o que o realizador aproveita para tornar numa mistura de parábola política, sátira social e psicologia particularmente eficaz.

Espaço Nimas. Quarta 21, 21.30.

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Touki Bouki

Djibril Diop Mambéty, o realizador senegalês que viveu entre 1945 e 1998 e foi também actor, orador, compositor e poeta, não realizou mais de duas longas-metragens e cinco curtas, mas todas receberam franco reconhecimento onde foram e são mostradas pela sua originalidade e experimentalismo assente num estilo narrativo não-linear e nada convencional. Embora fizesse um cinema declaradamente político, o realizador rejeitava o realismo e os seus filmes destacavam-se pela sua atmosfera irreal. Tal e qual como esta obra, dirigida em 1973, com Magaye Niang e Mareme Niang, onde Mory, um vaqueiro, e Anta, uma estudante universitária, se conhecem partilhando o desejo de ir para Paris, no processo não hesitando em enveredar por uma vida de crime capaz de reunir o dinheiro necessário para chegarem à terra prometida.

Centro Cultural Olga Cadaval. Quinta 22, 21.00.

Paris Est Une Fête

Um filme poético em 18 vagas, assim se apresenta esta obra de Sylvian Georges, realizada em 2017, com Valérie Dréville, nas suas exactas 18 cenas com que descreve Paris. A visão da cidade é dada por um “solitário jovem estrangeiro”, mas rosas brancas, um estado de emergência, o azul-branco-vermelho da bandeira francesa, o oceano Atlântico, vulcões, revolta, raiva, violência do Estado, mais uma canção revolucionária, textos de Henri Michaux, silêncio e alegria também têm o seu papel nesta produção peculiar, quando não bizarra.

Espaço Nimas. Sexta 23, 18.00.

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Palms

Um mendigo vagueia pelas ruas de Kishinev todo o dia e fala em voz alta com o filho não nascido. As pessoas param, ouvem-no, sabem que a criança deveria ter nascido há vinte anos e que a noiva abortou. Daí em diante, na película do russo Artur Aristakisyan, a vida deste homem muda, perde o raciocínio, não deixando porém de conhecer pessoas, “a maioria delas mendigos, e que se tornaram mendigos através da experiência do amor.”

Espaço Nimas. Sexta 23, 21.00.

Born in Flames

Bem se pode chamar histórico e revolucionário a este “filme-tratado” que Lizzie Borden realizou em 1983. E onde aborda, com interpretação de Honey, Adele Bertei e Jean Satterfield, de forma semi-ficcional e semi-documental, um mundo paralelo, onde grupos feministas concorrentes vagueiam pelas ruas, controlam as estações de rádio e o governo social-democrata no poder é incapaz de impedir a onda decorrente da injustiça racial e de género. A cineasta, focando-se nos diferentes caminhos que a resistência ao poder toma, apresenta a sua visão através de cenas intercaladas por monólogos de dois DJ radicais discutindo na rádio a variedade de questões com as quais a comunidade se debate.

Espaço Nimas. Sábado 24, 19.30.

Clássicos do cinema

  • Filmes

Farto de não fazer ideia do que falam os cinéfilos à volta? Cansado de se perder em referências desconhecidas quando se fala de cinema? O “cinema para totós” quer resolver esse problema no melhor espírito de serviço público. Ora atente em cada uma destas dez lições cheias de clássicos de cinema.

  • Filmes

Comédias e westerns, policiais e melodramas, ficção científica e fantástico, sem esquecer o musical, fazem parte desta lista de melhores filmes clássicos. Nela encontramos obras de realizadores como Buster Keaton, Fritz Lang, Ingmar Bergman, John Ford, Howard Hawks, Fellini, Truffaut, Godard, Luchino Visconti ou Martin Scorsese, entre muitos, muitos outros.   

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