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Spector
Matthew SimmonsSpector

‘Spector’, o cruel génio da música

Esta série documental (TVCine) é um meticuloso e complicado retrato de Phil Spector, notável produtor musical que era uma pessoa mental e emocionalmente desequilibrada.

Escrito por
Eurico de Barros
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★★★

Depois do telefilme Spector de David Mamet (2013), com Al Pacino, e de algumas investigações documentais, não terá ficado tudo dito sobre a ascensão e queda do produtor musical Phil Spector, que deixou o seu nome associado à chamada “Wall of Sound” e a muitas das maiores canções pop do século XX, e tutelou álbuns de nomes desde as Ronettes e as Crystals, aos Beatles, John Lennon, Ramones e Leonard Cohen, tendo morrido em Janeiro de 2021, com 81 anos, no hospital da prisão onde estava encarcerado desde 2003, pelo assassínio, na sua mansão, da actriz Lana Clarkson (que ele sempre disse ter sido um “suicídio acidental”)?

Na opinião dos realizadores Sheena M. Joyce e Don Argott, os autores da série documental Spector (TVCine Edition), a resposta é: não. E passam a mostrar porquê neste trabalho abundantíssimo em informação, em que não só passam ao crivo com o maior cuidado, o passado familiar, a infância e a juventude, a brilhante e agitada carreira de Phil Spector, e o seu julgamento; como dão muita atenção à figura em geral menosprezada de Patricia Clarkson, e a como a condenação do produtor serviu como uma espécie de compensação tardia, por parte do sistema jurídico da Califórnia, das anteriores absolvições de outras duas celebridades, o antigo futebolista OJ Simpson e o actor Robert Blake, acusados de terem assassinado as suas mulheres.

De especial relevância para Spector são as declarações do jornalista e autor inglês Mick Brown, que entrevistou Phil Spector para o The Daily Telegraph poucos dias antes da tragédia que levou à morte de Clarkson, e que o conhecia como poucos da sua profissão. O casal de realizadores nunca tomba no sensacionalismo sórdido, infelizmente bastante comum no formato dos documentários de true crime, nem no psicologismo de trazer por casa. E dá o devido mérito a Phil Spector pelo seu trabalho no mundo da música popular, neste amplo, meticuloso e complicado retrato de um homem que foi um inovador genial na sua profissão, mas também uma pessoa mental e emocionalmente desequilibrada, que podia ser prepotente e cruel para quem o rodeava. Incluindo alguns dos que lhe eram mais próximos e queridos, caso das mulheres.

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