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É Um Restaurante
Fotografia: Manuel Manso

Refeições solidárias: restaurantes ajudam quem mais precisa

Os restaurantes fecharam ao público, mas as cozinhas continuam a funcionar com projectos solidários.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Clara Silva
e
Raquel Dias da Silva
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“A restauração em Portugal vivia um dos melhores momentos da sua história”, escreveu o crítico Alfredo Lacerda, numa carta aberta aos restaurantes de Lisboa. “Até que chegou o dia 11 de Março.” Nessa quarta-feira inesperada tudo mudou: os restaurantes começaram a fechar sem reabertura prevista. Mas de repente, tão depressa como fecharam, adaptaram-se às novas circunstâncias: restaurantes que nunca pensaram fazer take-away e entregas de comida ao domicílio reinventaram-se face à pandemia e muitos colocaram as suas cozinhas ao serviço de projectos solidários. Conheça os restaurantes cujas cozinhas estão a apoiar quem mais precisa, quer através da doação de produtos alimentares quer da confecção de refeições grátis para profissionais de saúde, orfanatos, sem-abrigos e cidadãos mais carenciados.

Recomendado: Coronavírus. Como ajudar durante o estado de emergência

Refeições solidárias

Mesa dos Afectos
©DR

1. Mesa dos Afectos

José Avillez acredita que por agora, “o importante é ajudar quem precisa mais” e está ligado a vários projectos, como o da Junta de Freguesia da Misericórdia ou o Mesa de Afectos, de Santa Maria Maior, ambas em Lisboa. Por dia preparam cerca de 100 refeições solidárias, o que representa às vezes 200 pratos. “Há pessoas sem acesso ao que comer, com fome, com impossibilidade de cozinhar, de chegar aos supermercados.” De todos os seus projectos do chef, que emprega perto de 1000 pessoas, só o Bairro do Avillez continua a funcionar com take-away. “É uma cozinha mais caseira, para ter em casa no congelador, salgados, arroz de pato, bacalhau”, explica. “Eu diria que é mais um serviço público porque nem sequer é um negócio rentável. Compensaria ter as pessoas em lay-off, mas achámos que era importante esse apoio.” 

Food For Heroes
©DR

2. Food For Heroes

“A concorrência tem de dar lugar à cooperação” é o mote da Food For Heroes, uma iniciativa conjunta de vários grupos de restauração com o objectivo de entregar gratuitamente refeições aos verdadeiros heróis: os profissionais de saúde. “Sabemos que tudo o que fizermos não chega para agradecer, mas já é um começo”, escrevem na página de Facebook. Do projecto fazem parte Chickinho, Home Sweet Sushi, Grupo Non Basta, The Burger Guy, Aruki Sushi, Sushi At Home, Noori e, mais recentemente, Häagen-Dazs, Cantina Indiana e Amélia. Os parceiros da área da restauração que se quiserem juntar podem enviar um email. Cada dia será feita uma entrega a um hospital diferente, entre as 22.00 e as 23.00.

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Olivier + Souma
©DR

3. Olivier + Souma

O chef Olivier também se juntou à onda solidária de refeições. Além de ajudar a Junta de Freguesia de Santo António com 100 refeições diárias para os moradores que precisam, também distribui comida num orfanato da Associação Mimar, com doze crianças. O chef transformou o Olivier Avenida num “quartel-general de ajuda”, diz, com refeições sem qualquer custo, numa parceria com a associação Souma. “Isto é uma guerra e tem de haver sempre resistência. A minha maneira de estar não é ficar em casa”, disse em entrevista no fim de Março. A Souma, que aceita donativos e voluntários, tem vindo a ganhar cada vez mais ajudas. Se há um mês distribuíam refeições para 12 pessoas, há uma semana já conseguiam assegurar uma semana de alimentação a 165 pessoas. Esta semana saíram dali 2700 cabazes para distribuir por quem precisa.

Boteco da Linha
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4. Boteco da Linha

Em São Pedro do Estoril, o Boteco da Linha, um dos restaurantes de petiscos mais conhecidos da Linha, tem preparado todos os dias refeições para as equipas médicas do Hospital de Cascais. Tudo começou voluntariamente no dia 18 de Março, quando o primeiro paciente infectado foi internado em Cascais. Hoje, o Boteco prepara centenas de refeições diárias, ao almoço e ao jantar, e conta com a contribuição de vizinhos que deixam compras no restaurante. O feito já foi notícia na Forbes. Quem quiser ajudar pode pedir mais informações através de botecodalinha.hospitalcascais@gmail.com.

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É Um Restaurante
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5. É Um Restaurante

Depois de fechar portas, o É Um Restaurante, da Crescer – Associação de Intervenção Comunitária que reintegrava pessoas sem-abrigo, continua a preparar e distribuir refeições por quem mais precisa. O projecto chefiado na cozinha por Nuno Bergonse e David Jesus tem uma equipa a confeccionar perto de 200 refeições por dia. “Sabendo que muitas instituições que distribuem comida deixaram de o fazer por falta de recursos humanos ou por falta de apoio logístico, voltámos a abrir a cozinha do restaurante com esse propósito”, explicaram num comunicado. Alimentos como enlatados, azeite e óleo, arroz e massa, leite e alimentos secos são bem-vindos na sede da Crescer, no Bairro Quinta da Cabrinha, em Alcântara (Lisboa).

Tanka Sapkota
Raquel Dias da Silva

6. Tanka Sapkota

O chef Tanka Sapkota, proprietário de quatro restaurantes em Lisboa, decidiu doar 10% de um mês de facturação das suas entregas à Rede de Emergência Alimentar, do Banco Alimentar contra a Fome, e às famílias da comunidade nepalesa em Portugal que se encontrem a passar dificuldades. Esta oferta, que deverá rondar o valor de quatro mil euros, será efectuada em produtos alimentares, para fazer chegar directamente à mesa dos que mais precisam neste momento de crise. Além desta acção benemérita, o chef nepalês negociou com a plataforma Uber Eats a isenção da taxa de entregas durante um mês, nos seus restaurantes Come Prima, Forno D'Oro, Il Mercato e Casa Nepalesa.

Mais refeições solidárias

  • Restaurantes

Com a obrigatoriedade de fecho de portas e regras de higiene apertadas para take-away e entregas, há muitos restaurantes e cafés em Lisboa que estão a lutar para manter as cozinhas abertas e todos os funcionários no lugar. As despesas não abrandaram e o sector da restauração pede agora ajuda para, quando tudo isto passar, poderem reabrir em glória. Compre já um voucher de refeição – fica com uma luz ao fundo do túnel, um plano para dias melhores, e os restaurantes continuam a ter rendimentos.

  • Coisas para fazer

Há quem tenha negócios fechados e continue a bater à porta de sua casa com aquele prato que adora comer quando vai jantar fora, que lhe leva vinho ou cerveja, ou uma cabazada de produtos frescos. Mas quando a despensa começa a ficar vazia, antes de pensar em enfrentar filas de espera, já pensou em comprar naquela mercearia que tem à porta do prédio? A resposta pode estar nestas plataformas que o ajudam a encontrar o comércio local mais próximo de sua casa, para não ter de ir muito longe e poder apoiar os pequenos comerciantes.

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  • Compras

Nunca é demais lembrar que para superarmos esta pandemia é preciso ficar em casa, mas não vale açambarcar prateleiras de supermercados para encher a despensa. É verdade que, para que a quarentena corra bem, não convém que falte nada em casa, mas felizmente têm aparecido várias soluções para nos ajudar nas compras. Foram vários os novos projectos que surgiram e outras tantas entidades que mudaram o seu modus operandi para ajudar a fazer chegar a todas as casas produtos frescos.

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