
O melhor do Bonfim
O Bonfim é um dos 20 bairros mais cool do mundo em 2020. Está no número 14 das escolhas dos leitores e dos editores da Time Out. Descubra-o neste roteiro.
A identidade genuína do Porto, que começa a desaparecer em zonas mais centrais da cidade, ainda está bem viva no Bonfim. Com um forte espírito de comunidade e comércio de proximidade – agora, mais importantes do que nunca – há pequenos cafés e lojas, alguns dos mais tradicionais restaurantes da cidade, mas também espaços mais modernos de cozinha de autor. Com grandes impulsos criativos, em muito devido à Faculdade de Belas Artes e às galerias, há um roteiro artístico para descobrir no Bonfim. E agora que está a ficar cada vez mais pedonal, é ainda mais convidativo explorar a zona a pé, pelas ruas que preservam traços tradicionais da arquitectura urbanística e pelos refúgios no meio da natureza, como o Parque de Nova Sintra, com vista para o rio Douro.
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Agarre o mapa e explore a zona:
Perca-se no encantador Parque Nova Sintra
Este paraíso verde é um dos segredos mais bem guardados da zona. Também chamado Jardim das Águas, uma vez que abrange cerca de um terço das instalações das Águas do Porto – empresa municipal ali sediada desde 1927 –, tem fileiras de denso arvoredo, caminhos encantadores e uma vasta colecção de fontes e chafarizes. Esta é, talvez, a grande singularidade do parque, que acolheu as fontes da cidade entre 1930 e 1960, época em que o abastecimento da água passou a fazer-se através da canalização. Além de “cemitério de fontes”, é também uma varanda privilegiada para o rio Douro e um museu ao ar livre com esculturas de Irene Vilar e Julião Sarmento.
Entre no espírito de comunidade no Praça da Alegria FC
Teve um papel central (e continua a ter) para cimentar a convivência, o cruzamento e o respeito entre os habitantes seniores, o comércio tradicional e a comunidade artística, fazendo dessa energia comunitária uma das marcas identitárias do Bonfim. Estudantes e ex-estudantes de Belas Artes trouxeram uma nova vitalidade a esta associação cultural e desportiva nascida em 1974, sem descartar os seus sócios mais antigos. Entre as muitas actividades que organizam, encontram-se os famosos torneios de ténis de mesa e de matraquilhos, partidas de xadrez, aulas de dança, oficinas de artes ou concertos. Até 25 de Outubro, todos os domingos, o Praça vai estar a dinamizar a zona pedonal temporária da Avenida Rodrigues de Freitas, mesmo em frente à sede.
Visite o Cemitério do Prado do Repouso
Pode parecer estranho recomendar uma visita a um cemitério, mas o Prado do Repouso é também um museu a céu aberto, com muitos monumentos e peças de arte, da autoria de artistas como Soares dos Reis. O primeiro cemitério público do Porto inaugurou em 1839, no terreno de uma antiga quinta com dez hectares. Encontram-se sepultadas personalidades como o poeta Eugénio de Andrade, o médico e pintor Abel Salazar e a pintora Aurélia de Souza. Além disso, é um bom lugar para um passeio sossegado, entre as magnólias, a alameda de tulipeiros e algumas das maiores japoneiras do país – para lembrar as coisas bonitas desta vida.
Recorde o passado no Museu Militar do Porto
Exposições de uniformes e armas são algumas das que pode ver no Museu Militar do Porto, mas o ex-líbris deste espaço é a enorme colecção de miniaturas de soldados de chumbo: ele são mais de 16.000 exemplares.


Observe quatro das seis pontes que atravessam o Douro
As pontes de São João, Dona Maria Pia e Infante, três das seis que unem Porto e Gaia, começam na freguesia do Bonfim. Se nunca olhou para elas com atenção, aproveite para o fazer agora a partir da Alameda das Fontainhas. Dali pode avistar, ainda, a icónica Ponte Luís I, o casario do lado de Vila Nova de Gaia ou o Mosteiro da Serra do Pilar. Mas faça-o com tempo: o passeio e a vista para o rio merecem.
Leia na Biblioteca Pública Municipal do Porto
Aqui encontra de tudo, de jornais e revistas a acervos literários. Desde a sua inauguração em 1833, a Biblioteca Pública Municipal do Porto (BPMP) recebe todas as publicações editadas no país. Entre os vários espaços do edifício, imóvel de interesse público desde 1842, destacam-se as salas de leitura, a biblioteca infanto-juvenil e os claustros que restam do antigo Convento de Santo António da Cidade.
Leve os patudos a passear no Jardim Paulo Vallada
Já era um dos sítios preferidos dos patudos, mas em 2019 foi aqui inaugurado o primeiro parque canino oficial do Porto. Está dividido em duas áreas, para animais de grande e pequeno porte, e inclui bebedouros, obstáculos e rampas para treinos. É um lugar raro na cidade onde os cães podem ser cães – correr livremente, escavar na areia, esfocinhar na relva, sujar as patinhas e ser felizes. Mas o Jardim Paulo Vallada, conhecido como o Jardim das Pedras, também é um bom refúgio para os humanos. Para descansar, fazer desporto, passear à sombra das árvores, brincar com as crianças ou calcar as folhas caídas do Outono.
Conheça a Igreja Paroquial de Nosso Senhor do Bonfim
Construída entre 1874 e 1894, a Igreja Paroquial de Nosso Senhor do Bonfim é uma das mais imponentes da cidade. Na fachada destacam-se as várias janelas e as duas torres que ladeiam a entrada do edifício. No interior, é o altar-mor de estilo neoclássico que merece a maior atenção de portuenses e turistas.
Descubra as ruínas arqueológicas na estação de metro Campo 24 de Agosto
As ruínas de um reservatório de água do século XIV, a Arca d’Água de Mijavelhas, que em tempos abasteceu a cidade, foram descobertas durante as obras para a construção da estação de metro do Campo 24 de Agosto. Vale a pena passar na estação para descobrir um pouco da história da cidade.
Cultive-se:
Descubra a multifacetada Senhora Presidenta
Jovem, dinâmica e determinada, como a gaivota de ar altivo que lhe deu nome, esta galeria rapidamente conquistou um lugar na cena artística do Bonfim. Fundada em 2018 pelos artistas Dylan Silva, Mariana Malhão e Luís Cepa, expõe e vende pintura, escultura, fotografia, cerâmica e ilustração. Além das obras dos fundadores e de artistas convidados, serve de montra aos tapetes artesanais GUR, criados por Célia Esteves. E, claro, é presença assídua na agenda de exposições da zona, a par de espaços como a Galeria de Arquitectura ou o Espaço SP620, dedicados à arquitectura e fotografia, respectivamente.
Mergulhe na cena artística nacional e internacional na Lehmann + Silva
É uma paragem obrigatória no circuito cultural do Bonfim e uma das galerias de arte mais estimulantes da cidade. Apesar de expor nomes internacionais, tem feito um trabalho particularmente valoroso na divulgação de artistas portugueses ainda pouco presentes nos tecidos mais institucionalizados, trazendo diferentes perspectivas à arte contemporânea nacional. Joana da Conceição, João Gabriel, Dayana Lucas e Diana Policarpo são alguns dos artistas representados pela Lehmann + Silva. Até 31 de Outubro, pode e deve passar por lá para ver a exposição Sumo Turvo, de Pedro Henriques.
Compre peças de arte na Nü Coworking Criativo
O Nü Coworking Criativo, no Bonfim, nasceu da necessidade de Manu Sousa ter um espaço onde cozer as suas peças de cerâmica. Vai daí, juntou no mesmo lugar pessoas de vários quadrantes. Aqui não se trabalha apenas o barro, fazem-se ilustrações, cursos de costura e outros workshops. Mas se não estiver interessado em trabalhar, passe por lá para os conhecer ou para comprar algumas das bonitas peças que fazem e que adornam as prateleiras.
Saiba mais sobre fotografia na OPPIA
A Oporto Picture Academy (OPPIA) é um espaço com galeria e laboratório onde se dão a conhecer equipamentos e técnicas elementares de fotografia e vídeo como a pinhole, à la minute, a película de 8mm e a Super8.
Assista aos trabalhos na Centenária Casa Felisberto
O nome deixa adivinhar que este é um negócio com história. Foi Felisberto Alves Baut, bisavô do actual proprietário, que lançou a primeira pedra da loja/oficina conhecida pelo trabalho desenvolvido em granito, mármore e lioz. Tradição e modernidade andam de mãos dadas no serviço personalizado que vai do desenho ao fabrico artesanal, de esculturas e memoriais. Paralelamente, também se faz limpeza, restauro e inscrições manuais nestes materiais. Além da criação e manutenção de peças, a Casa Felisberto é fornecedora de pedra natural, mármore e granito para aplicação doméstica, arquitectónica e monumental.
Veja as exposições da Galeria Porto Oriental
Aberta desde 2011, a Galeria Porto Oriental é palco de exposições de desenho, pintura, escultura, fotografia e instalações de arte contemporânea.
Conheça a experimentação da Oficina Arara
Há muito que os cartazes em serigrafia da Oficina Arara fazem parte da paisagem das ruas do Porto. Uns promovem concertos, festas ou exposições. Outros são mais interventivos e politizados, lembrando que é no espaço público que se fazem as transformações. Criada em 2010, a Arara é, simultaneamente, um colectivo de artistas independentes, um estúdio de artes gráficas e uma galeria informal e comunitária, ancorados na experimentação e na produção de cartazes, livros e outras edições. Por estes dias, o espaço do grupo acolhe a exposição 20 Olhos, de Dora Vieira.
Pinte azulejos tradicionais na Gazete Azulejos
Magnéticos para o olhar e a câmara fotográfica, os azulejos estão espalhados pelas fachadas de toda a cidade. Muitos não sabem é que, em tempos, vinham de fábricas dos arredores entretanto desaparecidas. A necessidade de preservar a tradição, em risco também devido ao aumento de edifícios devolutos, levou Alba Plaza e Marisa Ferreira a fotografar e catalogar os diversos padrões existentes e respectivas localizações. Para financiar este arquivo digital, já com mais de 200 motivos – estima-se que haja cerca de 1000 – fundaram a Gazete Azulejos, ateliê onde ensinam miúdos e graúdos a pintar azulejos. Além disso, vendem ali peças de autor, suas e de outros artistas.
Compre material fotográfico no Sítio do Cano Amarelo
É um autêntico achado para fotógrafos profissionais ou amadores. No Sítio do Cano Amarelo vendem-se, compram-se e trocam-se câmaras, objectivas e outros acessórios fotográficos. Nada como lá ir espreitar.
IPCI – Instituto de Produção Cultural & Imagem
Quer aprofundar os conhecimentos em áreas culturais e artísticas? Então fique atento à agenda do Instituto de Produção Cultural & Imagem (IPCI).
Trate do estômago:
Saboreie o cabrito assado d'A Cozinha do Manel
Arriscamo-nos a dizer que é o cabrito mais famoso da cidade. Servido entre quarta-feira e sábado, é cozinhado em forno a lenha e acompanhado por batatas assadas, esparregado e o incrível arroz de forno com miúdos de cabrito.
Sente-se ao balcão no Euskalduna Studio
Mas prepare-se para esperar até conseguir reserva, principalmente se quiser sentar-se no balcão com vista para a cozinha. O laboratório de criação do chef Vasco Coelho Santos, que teve cinco estrelas na crítica da Time Out, está sempre à pinha.
Coma os pratos saudáveis e vegan d'O Macrobiótico
Neste espaço come-se comida saudável, mais concretamente, comida que segue o regime macrobiótico vegan. Pode sentar-se para tomar um pequeno-almoço, lanchar ou almoçar, mas também é recomendável que leve para casa o pão de fermentação lenta feito por lá e alguns dos produtos biológicos da mercearia.
Aprecie a vista para o Porto no Portucale
Um dos pontos fortes do Portucale é a vista para a cidade – o restaurante fica num 14.º andar. Porém, o bacalhau à marinheiro com camarão e o bifinho à Portucale, flamejado na sala, também têm a sua relevância.
Entre na Casa de Presuntos "Xico"
Na cidade não faltam restaurantes do mundo ou conceitos modernos mas, infelizmente, vão faltando verdadeiras tascas tradicionais. A do Xico é uma das resistentes e tem clientes fiéis e regulares. Uns vão pelas sandes de presunto bem recheadas; outros pelos petiscos como os rojões, as pataniscas e as papas de sarrabulho. Seja qual for a escolha, é obrigatório juntar-lhe uma malga de vinho tinto.
Seja carnívoro na Churrasqueira Nova Era
É o sítio ideal para quem gosta de boa carne, servida em quantidade e a preços acessíveis. Bifes, espetadas, misto de carnes e posta são alguns dos pratos que aqui pode pedir. Nos dias em que não há tempo ou paciência para cozinhar, churrasco também é sempre uma boa opção.
Relaxe no Porto dos Gatos
Onde se vai lanchar e se acaba a fazer festas a gatinhos. Este é o sítio onde os apreciadores de felinos podem conviver com a sua espécie favorita, assim como ter uma boa refeição vegan. Refira-se, no entanto, que tudo isto acontece em salas diferentes, tanto por questões higiénicas, como para sossego dos gatos. Gostando muito de algum deles, pode apresentar candidatura para a sua adopção.
Devore o cozido à portuguesa do Manuel Alves
O Manuel Alves é um bom sítio para dar ao dente com um dos pratos mais genereosos da gastronomia nacional: cozido à portuguesa. Mas só às quartas-feiras e aos fins-de-semana.
Beba um café no Mesa 325
O café de especialidade do Mesa 325 é 100% arábica, torrado de forma artesanal e, por isso, uns níveis acima do que é servido na maioria dos espaços da cidade.
Explore a comida macrobiótica no Suribachi
Fundado em 1980, este restaurante vegetariano e macrobiótico é um ícone da freguesia e um lugar muito procurado também pela padaria e pastelaria sem açúcar. Se quiser levar alguns produtos para casa, aqui também há uma pequena mercearia à entrada para se aventurar na alimentação vegetariana e macrobiótica em casa.
Mais no Bonfim:
Os melhores restaurantes no Bonfim
Dos mais clássicos, como A Cozinha do Manel, o Manuel Alves ou o Portucale, inserido na Cooperativa dos Pedreiros, aos mais modernos, como o Euskalduna Studio ou o Ondo, um dos novos restaurantes coreanos da cidade, esta freguesia está cheia de boas opções para quem gosta de comer. Ali entre a Baixa e a zona oriental da cidade também há café de especialidade, bons croissants, pão de fermentação natural, gelados e comida macrobiótica. Como não queremos que lhe escape nada, dê uma vista de olhos nesta lista com os melhores restaurantes no Bonfim.
Recomendado: Roteiro de arte no Bonfim
Roteiro de arte no Bonfim
Se há zona da cidade com talento natural para as artes é o Bonfim, ou não fosse ele o ponto de convergência de muitos que querem dar os primeiros passos neste mundo, nomeadamente através da formação na Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto (FBAUP). Por isso, não é com surpresa que vemos as várias expressões artísticas transporem as suas paredes para se instalarem em galerias de arte contemporânea, estúdios de artes gráficas, oficinas de artes manuais, ateliês de artistas, feiras de arte, e muito mais. Actualmente, o Bonfim serve de expositor a uma série de artistas emergentes e conceituados, com o espírito dinâmico, irreverente e alternativo que sempre o caracterizou. Para que não se perca, preparámos-lhe um roteiro de arte pelo Bonfim.
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Bonfim está no top 20 dos bairros mais cool para a Time Out
Viajantes experientes querem viver a cidade como os locais. Mas o que é que dá a uma zona da cidade este factor cool de que falamos? Num ano atípico, que nos forçou a redescobrir as paralelas e perpendiculares à nossa volta, a redacção da Time Out encontrou consenso no Bonfim. É este o bairro portuense a figurar no número 14 da tabela revelada pela Time Out com os 40 bairros mais cool do mundo.
Todos os anos, os editores e jornalistas da Time Out, juntamente com milhares de pessoas em todo o mundo, tentam identificar os bairros mais cool do mundo: os lugares perfeitos para se divertir, apreciar a gastronomia, a arte e cultura, e sobretudo a verdadeira atmosfera e personalidade das melhores cidades. Mas em 2020 o mundo mudou e os bairros mais cool são os lugares onde as pessoas, a comunidade e as empresas encontraram forma de partilhar e ultrapassar as adversidades.

No pódio, encontramos Esquerra de l’Eixample, em Barcelona – pioneiro em oferecer espaço para negócios LGBTQ +, o melhor bairro do mundo é carinhosamente apelidado de “Gayxample”. Já em segundo lugar está Downtown, “a alma solidária” de Los Angeles, seguida do “recentemente revigorado por jovens criativos” Sham Shui Po, em Hong Hong. Mas há muitas mais paragens para fazer pelo mundo até chegar a Lisboa, desde Bedford-Stuyvesant, em Nova Iorque, até Chula-Samyan, em Banquecoque, sem esquecer o Bonfim, no Porto.
Em 14.º lugar, o bairro portuense mantém viva a identidade genuína da cidade, que começa a desaparecer em zonas mais centrais. Uma espécie de submundo artístico da Invicta, o Bonfim destaca-se também pelo forte espírito de comunidade, pelo comércio de proximidade, pelos refúgios no meio da natureza e pelo cada vez maior espaço pedonal, que convida a explorar a vida de bairro a pé.
Já Alvalade, em 17.º lugar, é um dos bairros mais lisboetas de Lisboa. Com uma costela roqueira, não tivesse sido o centro do movimento do rock lisboeta nos anos 80, tem fervilhado de cultura com iniciativas locais, sem perder a veia tradicional, que se encontra não só no mercado, mas também numa mercearia com mais de 60 anos, A Mariazinha, especializada em venda de chás e cafés.
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