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Séries portuguesas indispensáveis
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Treze séries portuguesas de fazer inveja aos estrangeiros

O que é nacional é bom. O slogan é dos anos 1980 e pode aplicar-se à nossa televisão desde essa altura. Estas são as séries portuguesas que vale a pena ver.

Hugo Torres
Sebastião Almeida
Escrito por
Hugo Torres
e
Sebastião Almeida
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Longe vão os tempos em que a ficção na televisão nacional se resumia às telenovelas. Nos últimos anos, a produção de séries cresceu e provou que o formato pode funcionar. A RTP tem sido a grande impulsionadora, investindo, promovendo co-produções internacionais e aliando-se até às maiores plataformas de streaming. O ano de 2021 ficou, aliás, marcado pela estreia de Glória, o primeiro original português da Netflix, que entretanto adquiriu os direitos de Até Que a Vida Nos Separepara a estrear em todo o mundo. A HBO e a Amazon também estão em campo, mas não temos estado à espera dos estrangeiros. Por vezes, basta uma boa ideia para nos colar à televisão, como em Último a Sair ou Odisseia. Ou uma equipa inatacável de criativos e intérpretes, como em Sara. Noutras, é a nostalgia que nos deixa pelo beicinho, seja a vintage Duarte e Companhia ou as ficções de época Conta-me Como Foi e 1986. E o jovem serviço de streaming da SIC, a OPTO, também já nos captou a atenção. Há muitas e boas séries portuguesas para ver. Estas 13 não deve deixar escapar.

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As melhores séries portuguesas

1. Duarte e Companhia (1985)

Pode dizer-se que é a série policial mais conhecida da televisão portuguesa. Estreou-se em 1985, na RTP, e foi transmitida até 1989. Criada por Rogério Ceitil, a trama gira em torno da agência de detectives privados de Duarte (Rui Mendes), que é acompanhado de Tó (António Assunção) e da secretária Joaninha (Paula Moura), a prima de Tó. Esta série icónica é forte em perseguições, pancadaria e em sons dramáticos a acompanhar as cenas, sempre com o humor e patetice presentes. Os vilões da série, Lucífer (Guilherme Filipe), Átila (Luís Vicente) e o chinês (Francisco Cheong), conhecido pela mítica (mas problemática) deixa “eu não sele chinês, eu sele japonês”, também deixaram marca no imaginário dos portugueses.

2. Casino Royal (1990)

Se o Reino Unido tem Alô Alô (1982-1992), Portugal tem Casino Royal. A série da autoria de Herman José é também ambientada na II Guerra Mundial e está carregada de humor absurdo. Na produção portuguesa, emitida então pela RTP1 (e actualmente disponível na plataforma RTP Arquivos), a acção decorre num casino lisboeta, onde além do jogo há espaço para intrigas românticas e políticas entre os agentes secretos que rumaram a Portugal nesta fase da história. Herman José interpreta Artur Royal, o dono do casino que também assume um alter ego chamado Mari Carmen – o seu disfarce espanhol para conseguir apoderar-se de planos militares alemães – além de vestir os papéis de Crispim, o alcóolico porteiro, e da russa exilada Gradivia Pepracova. Ana Bola, Rita Blanco, José Pedro Gomes, Maria Vieira, Margarida Carpinteiro, Nuno Melo, Filipe Ferrer, Vítor de Sousa, Lídia Franco, São José Lapa são os nomes do elenco, também povoado a participações especiais. Em particular, músicos como Simone de Oliveira, Lena d'Água ou Rui Veloso, entre muitos outros.

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3. Conta-me Como Foi (2007)

Inicia-se em 1968, ano em que Salazar sofre o aparatoso acidente da cadeira, e o país entra num período de mudança com a tomada de posse de Marcello Caetano. A série acompanha o dia-a-dia de uma família tradicional, retratando as suas dificuldades e peripécias. É através da voz adulta de Carlos (Luís Lucas), um dos filhos dos Lopes, que é contada a história da família e as transformações económicas e sociais do país. Com Miguel Guilherme, Rita Blanco, Catarina Avelar, Luís Ganito e Rita Brütt a darem vida aos personagens principais, a história continuou até fazer a cobertura dos anos 80 e a última temporada foi para o ar em 2023.

4. O Último a Sair (2011)

O ambiente de um reality show é recriado em 24 episódios, com actores e outras caras conhecidas da televisão portuguesa. Às tantas, quem assiste fica na dúvida se tudo é de facto real e se aquelas pessoas estão presas numa casa durante 24 horas por dia. João Quadros, Bruno Nogueira e Frederico Pombares escreveram o guião, mas o improviso acaba por dominar. A série, disponível na RTP Play, divide-se em dois blocos, um em que o apresentador (Miguel Guilherme) dirige as galas e outro em que os concorrentes (Bruno Nogueira, Gonçalo Waddington, Luciana Abreu, Débora Monteiro, entre outros) nomeiam os colegas de casa. Tudo à semelhança do que acontece nos programas do género.

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5. Odisseia (2013)

O início de 2013 trouxe consigo uma das melhores séries portuguesas dos últimos anos. Criada por Bruno Nogueira, Gonçalo Waddington e Tiago Guedes, que também se interpretam a si próprios, Odisseia é uma comédia pós-moderna, bem interpretada, bem escrita, bem filmada. Bem feita, ponto. Por um lado, temos Bruno Nogueira e Gonçalo Waddington a tentaram fugir dos seus problemas e demónios pessoais numa viagem por Portugal em autocaravana, com Nuno Lopes à ilharga. Ao mesmo tempo, desenvolve-se uma meta-narrativa em que os argumentistas tentam fazer de Odisseia a melhor série possível. E as participações de gente boa como Rita Blanco ou Manuel João Vieira elevam ainda mais a qualidade do produto final, disponível na RTP Play.

6. 1986 (2018)

Com argumento de Nuno Markl, 1986 é uma história de adolescentes sobre o que era viver num país dividido entre os apoiantes de Mário Soares e Freitas do Amaral. Pelo meio, encontram-se os objectos de época e as referências que não poderiam faltar. Há os nerds, os betinhos, os mauzões e uma história de amor em que o filho de um comunista ferrenho se apaixona pela filha do dono de um videoclube, retornado e com um ódio de estimação ao Bochechas. Com Miguel Moura, Laura Dutra, Gustavo Vargas e Miguel Partidário nos papéis principais, a série de 13 episódios está disponível integralmente na RTP Play.

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7. Sara (2018)

Outra ideia original de Bruno Nogueira, que é uma sátira à indústria da televisão portuguesa e ao mundo das telenovelas. Em oito episódios, que também estão na RTP Play, seguimos a vida de Sara (Beatriz Batarda) e a sua adaptação à vida como actriz de novelas, depois de ter deixado para trás a sua conceituada carreira de actriz de cinema independente e intelectual por não conseguir mais chorar. Pelo caminho conhece João Nunes (Nuno Lopes), um actor de telenovelas que se limita a recorrer a fórmulas para interpretar os seus papéis e vive da fama gerada pelas redes sociais, e um life coach (Bruno Nogueira), que ajuda Sara a sentir-se melhor por não querer pensar demasiado.

8. Sul (2019)

Em 2011, Portugal está mergulhado na crise. No dia em que a equipa da troika chega ao país, uma rapariga é encontrada morta no Tejo. Dois inspectores da Polícia Judiciária ficam responsáveis pelo caso que, à primeira vista, aparenta tratar-se de um acidente. Na cidade, cada um faz por si para ultrapassar as dificuldades. Há quem roube ou quem engane os outros através da palavra do senhor. Realizada por Ivo M. Ferreira e com a participação de Adriano Luz, Ivo Canelas, Jani Zhao, Margarida Vila-Nova, Afonso Pimentel, Nuno Lopes, Miguel Guilherme e Beatriz Batarda, esta série, que pode ser vista na RTP Play, é mais do que um policial negro. É o retrato de um período conturbado na história de um país melancólico.

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9. Glória (2021)

O primeiro original português da Netflix põe o Ribatejo no centro da acção da Guerra Fria, nos anos 1960 e em plena ditadura do Estado Novo, em movimentações de espionagem, contra-espionagem e propaganda entre norte-americanos e soviéticos. João Vidal (Miguel Nunes), filho de um governante da ditadura, está ao serviço do KBG na RARET, o centro de retransmissão gerido pela CIA em Portugal, a tentar perceber o que aconteceu com Mia (Victoria Guerra), que desapareceu sem deixar rasto. São dez episódios realizados por Tiago Guedes e escritos pela equipa de argumentistas liderada pelo criador Pedro Lopes.

 

10. Auga Seca (2020-2021)

Tráfico de armas e um suicídio. A história começa assim, embora talvez não seja exactamente assim. Em Auga Seca, série da RTP, co-produzida com a TV Galicia, nada é o que parece. O projecto demorou dois anos anos a sair do papel, mas em 2019 foi exibida em Cannes e vendeu os direitos de transmissão a uma distribuidora inglesa. Uma produção protagonizada por Victoria Guerra, com elenco nacional e galego cujo sucesso resultou numa segunda temporada. As duas estão disponíveis na RTP Play e HBO Max.

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11. Prisão Domiciliária (2021)

Eis uma incursão num género em que a televisão e o cinema português são largamente deficitários: a sátira política. Um magnético Marco Delgado interpreta Vieira Branco, um político em prisão domiciliária e com pulseira electrónica, que é uma síntese, no feitio, carácter, psicologia e trafulhices, de vários notórios corruptos nacionais, e a série, realizada por Patrícia Sequeira e com João Miguel Tavares (director-adjunto da Time Out Lisboa até 2013) à frente da equipa da escrita, está bem conseguida, no alto nível da escrita e na capacidade de criar uma variedade de situações e manter o interesse do enredo sem sair do mesmo (amplo) espaço fechado.

12. Operação Maré Negra (2022-2024)

Nando (Álex González) é um pugilista galego que ajuda o avô na faina da pesca e se torna campeão amador de boxe de Espanha na sua categoria. Mas começa a conduzir, juntamente com um primo português e mecânico, Sérgio (Nuno Lopes), as lanchas de um outro familiar que trafica droga. Pouco demora para que Nando se veja com Sérgio no Brasil, e com a incumbência de conduzir um submersível artesanal carregado de cocaína da Amazónia para os Açores. Este é o enredo de Operação Maré Negra (Prime Video), uma produção luso-espanhola baseada em factos reais que vai direita ao assunto em termos de exposição da história, caracterização das personagens e orientação da trama, passada em grande parte dentro do pequeno, acanhado e instável submarino que cruza o Atlântico, e que capitaliza bem na atmosfera de crescente tensão e fricção entre o trio de tripulantes, e no ambiente claustrofóbico que se vive lá dentro. A produção correu tão bem que resultou em três temporadas. 

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13. Pôr-do-Sol (2021-2022)

Sara, de Marco Martins, já se tinha metido com as telenovelas, mas apenas tangencialmente. Pôr do Sol fá-lo em grande e num registo que combina o humor nonsense e a farsa. A série tem coisas boas e outras falhadas. É como disparar com chumbos: uns acertam no alvo, outros passam muito ao lado. Mas é bom que alguém tenha decidido atirar-se ao hambúrguer de minhoca da ficção televisiva que é a telenovela. E é bastante divertido ver muitos actores que habitualmente entram nelas a fazer aqui gato sapato das respectivas e estereotipadíssimas personagens. Até o Toy faz parte da paródia. As duas temporadas podem ser vistas na RTP Play e na Prime Video, onde está também disponível a longa-metragem que a série deu origem, de seu nome Pôr do Sol – O Mistério do Colar de São Cajó (2023).

14. Causa Própria (2022)

Numa cidade fictícia do interior de Portugal, a vida desenrola-se sem pressa nem sobressalto. Os miúdos vão à escola, uma juíza julga casos mais ou menos dramáticos, mas sempre insólitos, e um inspector trabalha no seu barco de pesca. Tudo decorre como habitualmente – até ao anúncio inesperado de uma tragédia. Quando o corpo de um jovem é encontrado no jardim central, a polícia e os tribunais confrontam-se com um crime violento envolto em mistério e a pressão de levar à justiça os responsáveis. Produzida pela Arquipélago Filmes e realizada por João Nuno Pinto, Causa Própria mostra “como a verdade às vezes não nos salva, destrói-nos”. Quem o diz é Edgar Medina, que assina o argumento com Rui Cardoso Martins, autor das crónicas judiciais de Levante-se o Réu, que alimentam a linha narrativa secundária desta série. Para ver na RTP Play e também na HBO Max.

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15. Rabo de Peixe (2023)

Campo, contracampo, pára, acelera. Repete. Augusto Fraga veio da publicidade para embeiçar meio-mundo (há números) com a capacidade do audiovisual português para contar uma história a uma audiência globalizada. Com dinheiro, sim – é um “original” Netflix – mas sobretudo com ritmo. O ritmo é o bê-a-bá numa narrativa com essa ambição. É como diz o Arruda, o vilão carroceiro de Albano Jerónimo: “E tu, ò quarta-feira? Estás aí a meio... Ou entras, ou vais para a puta que te pariu! Entra lá, caralho”. Malgrado o desenlace, Rabo de Peixe está longe, muito longe, de ser uma série quarta-feira. É quase uma ilha.

Mais séries para ver

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As listas, como quase tudo nesta vida, são relativas. Mas depois de enchermos uma espécie de conselho de administração com loucos de séries televisivas e outros consultores da redacção da Time Out, chegámos a estas 25. Portanto, se vai começar a disparar insultos e a pedir justificações para as suas séries de comédia preferidas não estarem aqui avisamos já que não vai ter sucesso. Podiam ser outras, mas são estas. E pedimos desculpa às que ficaram de fora. Mais um alerta à tripulação: estas séries de comédia estão ordenadas apenas por ordem alfabética, que não queremos alimentar ainda mais a polémica. Ria-se connosco.  Recomendado: Séries a não perder este mês

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Começou timidamente em Portugal, com uma mão cheia de bons conteúdos e algumas apostas menos conseguidas. Com o passar dos anos, ganhou terreno, fez muitos de nós trocar as noitadas na rua pelas noites no sofá e na cama, e é difícil imaginar a vida sem saber que a temos ali. Filmes, séries, documentários, docusséries, há muito material para ver e fazer verdadeiras maratonas visuais sem sair de casa (e mesmo se o quiser fazer, é só levá-la no telefone). Junte-se à febre do streaming e conheça as melhores séries para ver na Netflix. Recomendado: As 25 melhores séries de comédia

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Ter menos coisas é sinónimo de mais tempo e liberdade para fazer o que lhe dá prazer. Mas ser minimalista não significa abdicar de todas as suas posses materiais nem deixar de consumir. Significa, sim, livrar-se do que não é essencial e aprender a consumir melhor. Para o ajudar a pôr a vida em ordem, reunimos duas séries e dois documentários sobre o poder do menos. Desde Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus, do movimento The Minimalists, até à guru da organização Marie Kondo, estes são os professores e as lições de que precisa para aprender mais sobre minimalismo, organização, casas pequenas e desperdício zero.

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É verdade que os serviços de entrega de comida continuam a levar o melhor dos restaurantes às nossas casas, mas não é a mesma coisa. Ainda bem que existem séries e documentários que ajudam a matar saudades das histórias dos chefs, das paredes dos restaurantes, e muito mais. Há de tudo nesta ementa: desde clássicos modernos, como Anthony Bourdain: No Reservations e Jiro Dreams of Sushi, a fenómenos mais recentes, como Ugly Delicious. E sim, bem sabemos que o efeito destas incursões audiovisuais não é propriamente o que queremos, tendo em conta que há pouco mais a fazer do que fazer rusgas ao frigorífico. Esta lista é para comer tudo com os olhos e nada com a boca. O que já não é pouco.

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Há cada vez mais e melhores séries de super-heróis na televisão. Dos personagens da DC no chamado Arrowverse do canal CW – Arrow, The Flash, Legends of Tomorrow e Supergirl – à comitiva da Marvel na Netflix – Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage, Punho de Ferro, Os Defensores e O Justiceiro –, passando pelos inúmeros vigilantes (e não só) que se desdobram por outros canais e plataformas, sem se inserirem num complexo universo partilhado, com Watchmen da HBO à cabeça.

Mas não é de agora que há super-heróis na televisão: há uma ou outra velha série que merece ser revista. A começar pelos desenhos animados de Batman dos anos 90.

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