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Causa Própria
Fotografia: Ana Brígida

Margarida Vila-Nova e Nuno Lopes juntos na nova aposta da RTP1

Dos bastidores dos tribunais para o ecrã de televisão, ‘Causa Própria’ estreia-se a 5 de Janeiro. O drama judicial é realizado por João Nuno Pinto.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
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Numa cidade fictícia do interior de Portugal, a vida desenrola-se sem pressa nem sobressalto. Os miúdos vão à escola, uma juíza julga casos mais ou menos dramáticos, mas sempre insólitos, e um inspector trabalha no seu barco de pesca. Tudo decorre como habitualmente – até ao anúncio inesperado de uma tragédia. Quando o corpo de um jovem é encontrado no jardim central, a polícia e os tribunais confrontam-se com um crime violento envolto em mistério e a pressão de levar à justiça os responsáveis. Produzida pela Arquipélago Filmes e realizada por João Nuno Pinto, Causa Própria fala-nos sobre “como a verdade às vezes não nos salva, destrói-nos”. Quem o diz é Edgar Medina, que assina o argumento com Rui Cardoso Martins, autor das crónicas judiciais de Levante-se o Réu, que alimentam a linha narrativa secundária desta nova série de ficção nacional para a RTP1.

“Era para ter sido produzida antes de Sul [o premiado policial negro realizado por Ivo Ferreira]”, revela à Time Out Lisboa o produtor e argumentista Edgar Medina, justificando o atraso no processo com a falta de recursos, os confinamentos provocados pela actual pandemia e a mudança no próprio foco do projecto. “Eu tive a ideia de levar para o ecrã as crónicas do Rui, mas a certa altura falei com a RTP e decidimos avançar com uma trama original. Queríamos ter uma juíza numa pequena cidade da província e um homicídio, que se complica porque, de repente, a sua família está de certa forma envolvida.” Pelo meio, surgem “cinco ou seis casos” inspirados nas histórias dos tribunais portugueses a que Rui Cardoso Martins foi assistindo em sessões públicas, ao longo de duas décadas. A protagonista, interpretada por Margarida Vila-Nova, é a juíza Ana Martins, mãe de Clara (Sílvia Chiola) e David (Afonso Laginha), colegas da tal vítima de um crime ali nunca antes visto, e ex-mulher do procurador Vítor (Ivo Canelas), que não hesita em tentar fechar o caso ao primeiro suspeito.

“Tivemos aconselhamento sobre o modus operandi do tribunal”, conta-nos a actriz Margarida Vila-Nova, que teve oportunidade de acompanhar uma juíza em várias sessões no Campus da Justiça. “Pude entrevistá-la e tirar dúvidas que me inquietavam, sobre o seu dia-a-dia, os seus dilemas éticos e morais, o que é a justiça e o sentido da justiça.” Essas conversas foram cruciais, confessa, para – mais do que construir – desconstruir a sua personagem e reflectir sobre como lidamos com incidentes capazes de abalar, por um lado, a pessoa que achávamos que éramos e, por outro, a imagem que tínhamos de quem nos é mais próximo. “Nós vemos uma mulher, organizada e recta, a transformar-se à medida que os seus valores e princípios são postos à prova, mas também como as suas relações a condicionam e como ela gere, ou não, a sua vida familiar em conflito profissional.”

Causa Própria
Fotografia: Ana Brigida

Em paralelo e até mesmo antes do caso ir parar a tribunal, os espectadores são também convidados a acompanhar a investigação do homicídio por uma dupla de inspectores da Polícia Judiciária local. Com um visual ousado a fazer lembrar a Lisbeth Salander de Rooney Mara, sobrancelhas oxigenadas incluídas, Catarina Wallenstein é Maria, “uma personagem estupidamente eficaz, que se levanta de manhã para fazer o que tem a fazer”, com muita sensibilidade e um certo sentido de humor. Não há arco romântico, adianta a actriz, que procurou afastar-se de estereótipos e retratar “a alegria de sermos todos diferentes e tão complexos”. A seu lado, Nuno Lopes dá voz e corpo a Mário, que nada tem a ver com “o típico polícia cheio de estilo, a fumar cigarros, como se vê nos filmes americanos”. Pelo contrário.

“É um tipo mais simples, mais metódico e que está a tentar fazer o bem”, resume o actor. “Ele gosta de pescar”, acrescenta ainda, por entre risos. “Vi muitas séries criminais, mas este detective tem uma característica muito especial, que é o facto de ser português e disso ser levado ao extremo por se passar numa cidade pequena em Portugal. Ao contrário de qualquer série criminal americana que estejamos habituados a ver, em que sentimos que quando aparece um morto é um morto que aqueles detectives já investigaram 20, 30 vezes antes, aqui o grande choque para o meu personagem é que ele vive numa terra tranquila, onde nada daquilo se passou nunca e ele nem sequer imagina que aquele tipo de violência se possa passar no sítio onde vive, onde ama viver.” Gravada entre Sintra, Caldas da Rainha e Foz do Arelho, Causa Própria tem cerca de sete episódios e estreia marcada para 5 de Janeiro, às 21.00, na RTP1 e na RTP Play.

RTP1 e RTP Play. Qua (5 de Janeiro) 21.00.

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