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Portefólio: os objectos em volta de José Sarmento Matos

José Sarmento Matos aproveitou o confinamento para “parar e pensar”. Questionou a sua forma de fotografar e quis aproximar-se do que estava à sua volta.

Sebastião Almeida
Escrito por
Sebastião Almeida
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Quando em Agosto do ano passado José Sarmento Matos deixou o Reino Unido e regressou a Portugal, a capital continuava vibrante como já nos havia habituado desde que o fantasma da crise ficara para trás. Depois de vários anos a viver e trabalhar em Londres, o fotógrafo documental de 31 anos começava a ganhar um gosto especial por Lisboa e a ver a cidade como uma casa e um sítio onde se deixar ficar. Depois veio a pandemia e, à semelhança do resto do mundo, as paredes de casa foram a sua maior companhia. Mas nem por isso deixou de fotografar. Com recurso a uma câmara instantânea, começou a registar o que encontrava à sua volta. E foi através dos objectos que se reconciliou com o mundano.

Foi há seis meses, durante uma viagem, que Sarmento Matos começou a fotografar neste formato. Ao clicar no obturador, a câmara devolve o momento captado através de uma imagem meio tosca, que se eterniza em papel fotográfico. “Fiz um pequeno diário dessa viagem e foi, digamos, uma forma de passar a fotografar menos e de pensar mais no que queria registar”, conta à Time Out. O modus operandi foi replicado nesta série de fotografias, ainda que não tenha sido “algo premeditado”.

“Quando comecei, não sabia o que ia acontecer. Mas era uma oportunidade para olhar para minha casa e para o que estava à minha volta”. Não se trata só de fotografar, diz. O processo foi-se desenvolvendo. E assim foi caminhando para fora da sua zona de conforto. Os objectos do dia-a-dia, como a escova de dentes, a vista de casa ou o aspirador tornaram-se sujeitos fotográficos. As suas luzes, sombras – características muito presentes no seu trabalho – estão lá, mas há uma intimidade que difere do tipo de fotografia que lhe é conhecida.

“Não sou de Lisboa e estou cá a viver. Mudei de casa e agora estou perto do rio. Comecei a olhar para a cidade de uma forma diferente”. Com o confinamento, o fotógrafo teve tempo para “parar e pensar”. Resolveu afastar-se das “repetições de informação” e não cair na tentação de ir à procura do “exótico”. Dos hospitais e dos lugares que tantas vezes aparecem retratados nesta avalanche de imagens relacionadas com a pandemia. “Neste tempo, repensei coisas no meu trabalho. Fotografei esses mesmos sítios porque se tratava de trabalho pago, mas tinha vontade de explorar o que estava à minha volta”, justifica.

“Tive a iniciativa de documentar as coisas com as quais mais me relaciono. E uma das minhas questões na altura de contar uma história prende-se com o que me motiva a ir à procura dela”. Neste caso, o fotógrafo descobriu a beleza das coisas inanimadas. E criou um conjunto de imagens que evocam pinturas de estilo natureza-morta. Neste exercício introspectivo, Sarmento Matos encontrou também semelhanças na forma de fotografar com o seu trabalho de 2014, sobre violência doméstica em Portugal, Virar a Página. Nele combina retratos de pessoas e pormenores relacionados com episódios de violência passada.  

“Desde então que não voltei a fotografar detalhes e objectos”, nota. Mas as fotografias do mundano aqui mostradas podem quase ser entendidas como retratos. O fotógrafo movimenta-se à procura de uma luz, de uma sombra, de determinada composição. E os objectos não se mexem, tal como quem posa para um retrato.

+Portefólio: os nenúfares de Maria Sécio

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Vila Cã, perto de Abiul, em Pombal, é uma das muitas terras do país cuja existência apenas se torna evidente quando dela se fala. De outra forma, permaneceria intocada, num silêncio apenas quebrado pelos cerca de mil habitantes que lhe dão vida. As raízes da família de Ricardo Lopes, fotógrafo de 29 anos, estão lá. Foi nessa terra que os avós fizeram vida, que o pai e os tios cresceram, para já mais velhos deixarem a aldeia da infância à procura do bulício da cidade e de uma vida melhor.

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Foi um casaco amarelo herdado que lhes fez ganhar o nome, mas foi o gosto pelo desconhecido que os aproximou. Ivy e Athon, nomes fictícios, são os rostos (ocultos) por detrás dos The Yellow Jackets, um casal português “na casa dos trintas”, que viaja por Portugal e pelo mundo com o objectivo de explorar e fotografar edifícios abandonados. “Por ironia do destino”, contam à Time Out, pouco tempo depois de começarem a usar o anoraque amarelo do pai de Athon, depararam-se com outro idêntico e em mau estado, num dos locais que visitaram. 

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É fácil esquecer que a Fonte da Telha não é apenas uma praia. Durante os meses de calor, os lisboetas agarram nos carros, entopem a 25 de Abril numa torreira de sol e monóxido de carbono, e vão desaguando ao longo da linha de praias da Costa da Caparica. A Fonte da Telha é a última, já partilhada pelos concelhos de Almada e Sesimbra, tão extensa e bonita que se tornou destino de muitos, muitos veraneantes. Tantos que a preocupação à chegada passa mais por encontrar um lugar de estacionamento, um sítio para a toalha e o guarda-sol, do que em olhar ao redor. O que não se vê a partir deste frenesim do descanso é uma comunidade piscatória com “uma pulsão muito própria”. O fotógrafo Nuno Miguel Dias mostra-nos como se vive na Fonte da Telha nos outros noves meses do ano.

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Quando os médicos que conduziam o parto o chamaram para tirar a fotografia, avisaram-no logo: “Se quiser, tem de ser agora”. Até então sentado numa cadeirinha ao lado da mulher, Miguel Madeira teve somente tempo para se levantar, subir a câmara ao rosto, e disparar. “Foi como se estivesse a trabalhar. Estava apenas a garantir que a imagem ficava bem feita, como se fosse o parto de outra criança”, recorda sobre o momento em que registou os primeiros segundos de vida da filha, na manhã de 22 de Abril. Só depois dos primeiros gritos da recém-nascida ecoarem nas paredes da sala de parto entendeu verdadeiramente o que se passava. “Foi aí que senti um baque. Depois de tirar a câmara do olho fui-me abaixo”. Contou-lhe os dedinhos minguados, como as mães ensinavam. E chorou.

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