Dez filmes sobre Marte e sobre os marcianos

Rodado em 1918, este pioneiro filme de ficção científica dinamarquês põe em cena um grupo de cientistas e investigadores que viaja numa nave da Terra para Marte, onde encontram uma civilização modelar, pacífica e vegetariana. A fita transmite uma mensagem de entendimento, tolerância e colaboração entre seres diferentes e culturas díspares, o que não é para admirar, dado ter sido rodada no último ano da I Guerra Mundial.

Um jovem engenheiro russo obcecado por Marte, viaja até lá num foguete depois de receber uma estranha mensagem, e acaba por ajudar a rainha marciana Aelita a derrubar o opressivo regime aristocrático que governa o planeta e mantém o povo em escravidão. E os dois acabam mesmo por se apaixonar. Este curioso e vanguardista filme alegórico de propaganda do regime soviético baseia-se numa obra de Alexei Tostoi, o chamado “conde comunista”, especializado em livros históricos e de ficção científica.

Assinado pelo alemão Kurt Neumann, que se instalou nos EUA nos anos 20, este filme foi a primeira aventura especial feita no cinema após a II Guerra Mundial. Lloyd Bridges interpreta o astronauta que lidera uma expedição à Lua, que acaba por ter que aterrar em Marte. Uma vez lá, os tripulantes do foguete X-M (Expedition-Moon) descobrem os restos de uma civilização que reverteu à barbárie após ter sido arrasada por uma guerra nuclear.

Um valente rapazinho, uma médica e um astrónomo tentam evitar uma invasão marciana da Terra. Os invasores (que são verdes e insectóides, claro) agem de forma insidiosa, apoderando-se silenciosamente das mentes das pessoas em vez de tomarem conta do planeta usando a força. Esta fita do célebre director artístico e realizador William Cameron Menzies teve um bom remake em 1986, assinado por Tobe Hooper e com o mesmo título.

O clássico Robinson Crusoé, de Daniel Defoe, é aqui transposto para um contexto de ficção científica. A nave de um astronauta, Kit Draper, despenha-se em Marte. O seu co-piloto morre e Draper tem que aprender a sobreviver no planeta, na companhia de um macaco que vinha no foguete como cobaia para experiências científicas. Certo dia, encontra um alienígena, escravo de uma outra raça extraterrestre, que liberta e ao qual chama Sexta-Feira.

Um conto de Philip K. Dick escrito em 1966 foi transformado numa superprodução de ficção científica de acção por Paul Verhoeven, com Arnold Schwarzenegger no papel principal e passada num futuro próximo, em 2084. Arnie é Douglas Quaid, um homem que não pára de sonhar com uma viagem a Marte, onde acaba por ter que ir, depois de descobrir a verdade sobre a sua identidade, o seu passado e a sua relação com o Planeta Vermelho, onde se prepara uma revolução. Há um remake, muito mau, de 2012.

O inimitável Tim Burton foi inspirar-se numa colecção de cromos dos anos 60 chamada Marte Ataca!, que saía nas pastilhas elásticas, para realizar esta mistura de pastiche de filme de ficção científica de série B de meados do século XX sobre invasões marcianas, e de paródia desbragada a esses mesmos filmes e aos seus clichés. O elenco inclui nomes como Jack Nicholson no papel do presidente dos EUA, Pierce Brosnan, Glenn Close, Sarah Jessica Parker, Michael J. Fox, Rod Steiger e até mesmo Tom Jones.

A exemplo do que Byron Haskin havia feito na sua versão de 1953, Steven Spielberg situa esta adaptação do clássico de H.G. Wells nos EUA e não em Inglaterra, e no nosso tempo, centrando o enredo num pai divorciado (Tom Cruise) e nos seus dois filhos, que fogem aos invasores de Marte e às aterradoras máquinas em que se deslocam. A visualização da tecnologia marciana é excelente, e apesar das alterações feitas à história original, Spielberg consegue manter-se fiel ao espírito e à vibração dramática do livro de Wells.

A Walt Disney sofreu um sério revés comercial com esta adaptação ao cinema das aventuras do herói de Edgar Rice Burroughs, um veterano da Guerra Civil americana que se vê transportado para Marte, e a crítica não foi nada meiga para com o filme, realizado pelo autor de animações como À Procura de Nemo ou WALL-E. A verdade é que John Carter, com Taylor Kitsch no papel principal, faz plena justiça visual e narrativa ao jubilatório universo de ficção científica pulp de Barsoom criado por Burroughs, o “pai” de Tarzan.

Baseando-se no livro O Marciano, de Andrew Weir, que glosa o tema clássico do “astronauta perdido em planeta hostil”, Ridley Scott procurou fazer um filme o mais possível realista e verosímil do ponto de vista científico e tecnológico. Matt Damon interpreta Mark Watney, o astronauta que é deixado por morto em Marte pelos seus colegas de missão após uma terrível tempestade, e que tem que usar de todo o seu engenho para sobreviver no planeta, enquanto na Terra se planeia uma missão de salvamento, numa corrida contra o tempo.