A exposição de Daniel Gustav Cramer na Galeria Vera Cortês pede atenção. O pensamento do visitante tem que estar alerta e o corpo totalmente dentre da exposição para poder viver o espaço e ver o que às vezes parece ser invisível, como escreve Luiza Teixeira de Freitas, que assina a folha de sala de "Fourteen Works". O melhor exemplo disso, continua a curadora, é Rainbow que se faz camadas de tinta sugessivas, de várias cores, que só se podem perceber lateralmente. Aí se encontra o arco-irís.
Na mostra patente até Junho, e com um horário especial na semana da ArcoLisboa (dia 16 de Maio está aberta entre as 22.00 e a meia-noite e de 17 a 20 está aberta das 10.00 às 19.00 sem interrupções), há obras para quase todos os gostos, desde os seus "livros de artistas" a instalações site specific, como Empty Room, que mantem uma sala do interior português vazia durante o tempo da mostra.
Da presença no agora em Empty Room, Cramer consegue viajar até ao século XVII no final da mostra com Untitled (Mare) III uma fotografia ao atlas dos oceanos Dell’Arcano del Mare, impresso em Génova em 1645. No livro que por vezes não mostra mais do que água, tal como as obras do artista, o mais relevante "é a infidade do mar, das ideias, do gesto e das camadas de pensamento", escreve Luiza. Apesar da simplicidade e quietudo das imagens.