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A Time Out diz

Entre o socialismo utópico de William Morris e a chegada ao Pavilhão Branco, André Guedes descobriu a Covilhã

A jornada de trabalho começou no final de . André Guedes, até então ligado sobretudo ao teatro e à cenografia, tinha em mãos um punhado de textos de William Morris para levar à cena, em Londres. Acontece que, tal como o senhor inglês do século XIX, que foi designer têxtil, poeta, romancista e activista, André é um homem dos sete ofícios. Entrou numa loja da Baixa lisboeta e foi uma pilha de tecidos da Covilhã a chamar- -lhe a atenção. Dois dedos de conversa com quem lá trabalhava e estava o desafio lançado. O que seria feito das fábricas, das colectividades operárias e das famílias inteiras a viverem da indústria têxtil? Uma coisa era certa, apesar do delay, Morris tinha deixado um belo mapa para levar nesta incursão à cidade beirã.

E já que era para falar de trabalho, nas suas dimensões social, política e cultural, não foram apenas tidas em conta as ditas fábricas (desactivadas e a laborar). Foi preciso perceber como funcionam as associações locais e como é que lazer e ócio eram desfrutados nos tempos livres.

O tema deu pano para mangas ou, melhor, para três exposições ao longo dos últimos quatro anos. A quarta e última inaugura sábado, no Pavilhão Branco, e converte conclusões sociológicas e antropológicas em instalações, vídeos e performances. “Esta exposição é uma narrativa coral. Tem muitas vozes, de trabalhadores, de poetas, de pensadores e de personagens fictícias”, explica o autor.

O velho Morris continua presente, tal como o poeta e engenheiro têxtil Ernesto Melo e Castro, uma das vozes metidas ao barulho. Em Carta às Fábricas, uma espécie de manifesto, escreve-se sobre o que a fábrica pode e deve ser. E claro, não podiam faltar os tecidos propriamente ditos. Os diálogos, encenados no piso de cima, partem de artigos com reivindicações da classe operária. É a arte da investigação. É a investigação ao serviço da arte.

Mauro Gonçalves
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Mauro Gonçalves

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