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5 coisas que não sabe sobre... a Ponte 25 de Abril

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
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Após o 25 de Abril de 1974, a Ponte Salazar deixou de o ser. E se hoje é mais fácil construir pontes de diálogo, em Dia da Liberdade recordamos algumas curiosidades da ponte que revolucionou a ligação à margem sul do Tejo.

1 - A ponte foi inaugurada em 1966, mas a vontade de ligar Lisboa à margem Sul já vem de 1876. A primeira proposta foi do engenheiro Miguel Pais, que propunha uma ligação entre o Grilo e o Montijo, através de uma ponte de tabuleiro duplo, rodoviária e ferroviária. Não estava nada longe do que seria o projecto final, mas seguiram-se mais 11 propostas, vindas de Portugal, França, Alemanha, Espanha e EUA. Entre elas chegou a ser proposto, pela empresa de Henry Burnay, um túnel de 4,5 quilómetros que ligasse Almada e Cacilhas a Santa Apolónia. Em 1960, foi aberto um concurso internacional, adjudicado à United States Steel Products, que já tinha apresentado uma proposta em 1938.

2 - Desde o início que estava previsto o alargamento da ponte em três fases, até seis vias de tráfego, bem como um tabuleiro ferroviário. A quinta via central foi acrescentada em 1990, e a direcção era reversível consoante o tráfego. Como estava pintada de branco, as pessoas chamavam-lhe “a noiva”. Com este aumento de capacidade, o pagamento que era feito no sentido Lisboa-Almada foi invertido para o sentido Almada-Lisboa. No final de 1998, é inaugurada a sexta faixa de circulação e, no ano seguinte, o comboio passa pela primeira vez na ponte (embora estivesse previsto desde a fase inicial).

3 - Muitos passam como se nada fosse por cima da grelha metálica do tabuleiro rodoviário. Outros optam por circular pela outra faixa, ou por medo, ou porque aquilo faz um pouco de impressão (à semelhança de raspar as unhas num quadro de ardósia). Mas a sua existência é muito importante por duas razões: para reduzir o peso da estrutura e para melhorar o comportamento aerodinâmico, não vá a força do vento desequilibrar a ponte. A título de curiosidade: em 1967, no Semana Portuguesa nº 180, Raul Solnado publicou um texto que foi parar aos arquivos da PIDE e onde se lia: “inauguraram a ponte sem estar a obra acabada. Deixaram-lhe uns buraquinhos no chão, que ainda não taparam e uns buracos de lado que se calhar nunca mais tapam e nem tecto puseram”.

4 - Dizia-se nos anos 60 que “o lugar mais seguro para se estar em caso de sismo era a própria ponte”. O facto é que Lisboa se situa numa área de forte sismicidade e não há alfacinha que não tenha uma pontinha de trauma sísmico por causa do grande terramoto de 1755. E todas as construções da cidade levam isso em conta. A ponte não foi excepção. Está preparada para resistir a um sismo tipo II (semelhante ao de 1755) com danos reparáveis. No entanto, os profissionais das Estradas de Portugal não aconselham que a população se dirija toda para a ponte em caso de sismo. Parecendo que não, ainda somos muitos.

5 - Quando foi inaugurada era a quinta maior ponte suspensa do mundo e a maior fora dos EUA. Agora ocupa o 32.º lugar. E já que falamos em números... estudos prévios à construção da ponte apontavam para um tráfego médio diário na ordem dos 20 mil veículos em 1980. Na verdade, atingiu os 53 mil e quinhentos. Hoje passam por ali quase 150 mil carros por dia, qualquer coisa como 55 milhões por ano.

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