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A história de Anne Frank agora em diário gráfico e aos quadradinhos

Escrito por
Maria Ramos Silva
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Ari Folman e David Polonsky, realizador e ilustrador de A Valsa com Bashir, assinam a primeira versão em banda desenhada do famoso Diário de Anne Frank.

Foram 743 dias de reclusão, num anexo de Amesterdão partilhado com mais sete pessoas. Todas elas moram agora num diário gráfico com o dedo do argumentista e realizador Ari Folman e do ilustrador David Polosky, uma casa aos quadradinhos para alicerçar a memória. 

A obra é lançada pela Porto Editora esta quinta-feira, 21 de Setembro, 75 anos depois do célebre registo de Anne Frank ter sido escrito, e sete décadas após a sua primeira publicação. O projecto tem por base os textos originais da menina judia, para um tumultuoso regresso ao Verão de 1942, quando Anne e a família Frank são obrigados a esconder-se, na sequência da ocupação nazi da Holanda.

Anne segreda as suas histórias a Kitty

A rapariga tinha 13 anos quando começou a anotar os seus pensamentos, memórias que percorrem terrenos tão variados como a paixão pelas estrelas de cinema, o amor por Peter, a puberdade, a necessidade de tossir debaixo do cobertor para não ser ouvida pelos nazis, ou a relação com os pais, Otto (único sobrevivente da família) e Edith, mais a irmã Margot, ou ainda dos moradores van Daan.

O álbum foi patenteado pela fundação Anne Frank e apoiado pela família, caso de Buddy Elias, primo de Anne, e responsável pela fundação até 2015, ano da sua morte. "Trata-se de uma fonte histórica e não de um romance", defendem os autores. "O diário baseia-se nas cartas que Anne escreveu a Kitty, seguindo desde a primeira à última entrada", apontam na nota descritiva que aborda o processo de criação. Foi em 2009 que a fundação Anne Frank decidiu avançar com a publicação deste diário. "Duas grandes questões estavam em cima da mesa: como podíamos alcançar os leitores jovens de hoje e na sua própria linguagem".

Para Folman e Polonsky outro aspecto era essencial para garantir da vitalidade do texto: "respeitar a autenticidade e integridade do trabalho e das pessoas reais". "Decidimos, na maior parte dos casos, transformar os momentos de depressão e desespero de Anne em cenas fantásticas", acrescentam no final do livro.

Os autores a folhear o álbum

O livro destina-se a leitores de todo o mundo a partir dos 12 anos, mas não veja o conceito BD como uma brincadeira de crianças, pelo contrário. "Também se destina, claro, a adultos que cresceram com o diário e que agora podem vivê-lo de outra forma". Nota ainda para o facto de o conteúdo vir a ser disponibilizado também em versão digital, na generalidade dos países.

Quanto ao desfecho, é escusado acusar-nos pelo spoiler. Em Outubro de 1944, Anne e a irmã foram transportadas de Auschwitz para o campo de Bergen-Belsen, perto de Hannover. Em finais de Fevereiro, começo de Março, sucumbiram à epidemia de tifo. A 12 de Abril de 1945 o campo foi libertado pelas tropas britânicas.

O Diário de Anne Frank

Ari Folman (guião) e David Polonsky (ilustração)

Porto Editora

160 pp

18,80€

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