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A raposa do La Fontaine abriu uma queijaria francesa em Lisboa, a Maitre Renard

Escrito por
Catarina Moura
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Numa noite no Lux, Ulysse virou-se para Quentin e disse-lhe que queria abrir um bar em Lisboa. Não foi nada disso que aconteceu, pelo menos por agora. “Achámos que seria mais fácil começar por uma loja e estávamos cheios de saudades de queijo”, diz Ulysse em frente à Maître Renard – Fromagerie, a queijaria que também vende vinho, mas prefere a cerveja, que vai tendo uns queijos portugueses e um ou outro espanhol, mas que não quer deixar de ser francesa.

Os dois sócios são de Poitiers, uma cidade no centro de França. Conheceram-se na escola, estudaram comércio internacional e voltaram a cruzar-se em Lisboa. Ulysse estava a dar explicações no Liceu Francês quando a fábula de Jean de La Fontaine, “O Corvo e a Raposa” [Le Corbeau et le Renard], lhe deu o nome ideal para uma queijaria. A raposa – mestre raposa, traduzindo o nome da loja – vê um corvo no alto de um galho com um queijo no bico e convence-o a cantar quando lhe diz que tem uma voz linda. É mentira, mas é a maneira de o corvo deixar cair aquela delícia e a raposa se pôr a andar com ela na boca. Não era a intenção do autor, mas para Ulysse esta fábula foi mesmo sobre queijo. “Em França uma refeição sem queijo não é uma refeição como deve ser”, diz.

Fotografia: Manuel Manso

Na nova loja da Ferreira Borges cerca de 40% dos clientes são franceses e só se podem sentir a jogar em casa no meio de queijos muito diferentes entre si – há comté, a grande roda curada no forte de St. Antoine, na fronteira entre França e Suíça (52€/kg); o mothais sur feuille tem o sabor de um queijo de cabra com frutos secos, por causa das folhas de castanheiro onde é curado (12,30€); o Saint Nectaire Fermier é antes de vaca e curado em palha (38€/kg), um dos preferidos de Ulysse que, quando jogava online usava o nome do queijo como nickname.

Fotografia: Manuel Manso

Por agora há muito barulho vindo de obras nas lojas ao lado, mas Ulysse e Quentin vão usando os intervalos para explicar o que for preciso, para ir contando uma história qualquer, e para dar a provar os queijos, que todos os dias estão reunidos numa tábua para dar a provar a quem entra.

Para além da grande vitrine e queijos - encontram-se uns queijos de Azeitão e Setúbal, de produtores que os sócios andam a conhecer - onde também se vendem manteigas e iogurtes franceses, há prateleiras com alguns vinhos franceses e portugueses, terrinas de pato e foie (5,60€ a 10,50€) ou mostardas artesanais (10,50€). Há ainda umas quantas estantes cheias de cervejas artesanais portuguesas, francesas ou de paragens como Itália e Nova Zelândia. “Normalmente come-se queijo e bebe-se vinho, mas porque não queijo e cerveja?”, atira Ulysse. É por aí que vê o futuro da loja, com esplanada a servir tábuas de queijos e bebidas, a fazer provas de cerveja e queijo no interior da loja e a fechar mais tarde, porque a ideia inicial do bar em Lisboa ainda não morreu. 

Rua Ferreira Borges, 30 (Campo de Ourique). 96 748 2689. Ter-Sáb 10.30-20.00

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