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Não precisa tornar-se sócio, basta ser amigo: fomos conhecer a nova Janela da Voz.
Na Voz do Operário, Catarina Barreiros quer convencer os miúdos que “comer um queque de cardamomo com cubinhos de manga é mais fixe do que comer gomas”, conta-nos, lembrando os assaltos ao pote dos doces durante os recreios. O objectivo de Catarina Barreiros e Sérgio Loureiro, à frente da Janela da Voz, a nova cafetaria da Voz do Operário, é diminuir os produtos processados e servir comida criativa a preços acessíveis.
“Estávamos fartos de andar a fazer comida que não nos era acessível, queríamos fazer comida para nós”, diz Catarina de costas para o grande janelão que apanha de frente a luz de início do dia. A cozinheira que se ocupa dos bolos, salgados, petiscos e pratos do dia – juntamente com Sérgio, com formação também em cozinha – passou pelo Pedro e o Lobo, Duplex e trabalhou com a chef Susana Felicidade e agora quer continuar a puxar pela comida e a fazer coisas criativas, mas que possa pagar: os bolos aqui vão ficar a um euro, e os pratos do dia a menos de dez, sempre com uma opção a sete euros. Não são os preços mais baratos que se encontram em cafés e bares de colectividades em Lisboa, mas é atentar no que aqui se pode comer, em doses simpáticas: no menu dos petiscos, durante a tarde, há sandes de choco com compota de pimentos assados, rúcula e maionese de lima; ou uma tosta de pêra e queijo de cabra com vinagre balsâmico, amêndoa torrada, cebola caramelizada e em pickle (3,80€); ou dip de feijoada. Não pense numa feijoada com tudo passado no liquidificador que não é nada disso e deixa-lhe más imagens mentais. É, na verdade, um puré de feijão com uma consistência semelhante à de um hummus, ligeiramente picante e salpicado com toucinho crocante. Para os pratos do dia, que mudam diariamente e só são servidos ao almoço, há planos para pratos como bacalhau com todos, mas com uma grande volta: o peixe acompanhado de puré de grão, pó de azeitona, couve e ovo a baixa temperatura ou naco de carne com chimichurri e legumes assados.
O salão, que foi antes uma sala de teatro para o grupo da Voz e mais tarde o típico bar de colectividade, ganhou agora um ar novo e trendy, com cactos nas mesas e as paredes todas em branco a darem lugar a um mural de Mariana, a Miserável. “Queríamos trazer a mensagem da Voz aqui para dentro sem ser com recortes de jornais antigos”, diz Catarina. A solução da ilustradora foi pintar cinco pessoas a puxar por uma corda que mantém de pé um megafone e a assistirem aos brunchs (9 a 13,5€) que começam este sábado.
Rua da Voz do Operário, 13. Seg-Sáb 08.30-21.00.