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Crítica: Twin Peaks

Luís Filipe Rodrigues
Escrito por
Luís Filipe Rodrigues
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É difícil escrever sobre o regresso de Twin Peaks. Pelo menos depois de ver apenas duas partes daquilo a que David Lynch já se referiu como “um filme em 18 partes”. Mas ninguém disse que isto era fácil e, assim como assim, nunca houve nada de fácil, de básico, nesta série. Não havia nos 90s, quando Lynch transcendia o formato televisivo ao mesmo tempo que se mantinha fiel às suas regras e alguns lugares comuns; e não há agora, em que a bizarria é elevada a máximos históricos e se sente menos a influência normalizante do co-criador Mark Frost.

É verdade: o iconoclasta Lynch foi deixado à solta, ou pelo menos Mark Frost desistiu de (tentar) domá-lo. A nova temporada é ainda mais bizarra, apesar de ser menos estranha, relativamente à televisão de hoje, do que o original era para os anos 90; tem um escopo mais amplo, com cenas em Nova Iorque, Las Vegas e Buckhorn, South Dakota, além de Twin Peaks; e é mais escura, literalmente – a fotografia de uma série, hoje, pode ser muito mais escura do que na década de 90, por diversas razões.

Nos primeiros episódios regressam várias personagens que não víamos há 25 anos, e são recuperados elementos estéticos e formais do original, mas é notório o crescimento de Lynch. Se as duas primeiras temporadas se situavam no mesmo contínuo que Veludo Azul e Um Coração Selvagem, na série de 2017 encontramos ecos de Império dos Sonhos. Nesse sentido, não há quaisquer respostas nos primeiros episódios, apenas mais perguntas. Ainda bem. Twin Peaks sempre foi melhor a introduzir mistérios do que a resolvê-los.

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