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Desejo, Desígnio e Desenho no Museu do Dinheiro

Escrito por
Maria Sacadura Simões
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De 1517 a 2017 vão 500 anos, e o Museu do Dinheiro celebra o nascimento do artista português Francisco d'Holanda com uma exposição dedicada à sua vida e obra

Um ano depois da inauguração, o Museu do Dinheiro faz um balanço positivo da sua actuação, que pretende ir muito além da exposição de numismática. Quem o afirma é Sara Barriga, coordenadora, que salienta a “aposta na diversificação de programas” do museu e introduz a recém-inaugurada exposição sobre um dos grandes artistas portugueses da Renascença.

© Museu do Dinheiro

Quem era Francisco d'Holanda?

Discípulo de André de Resende e contemporâneo de Damião de Góis, Francisco d'Holanda tinha como principais interesses o desenho e as viagens, estando a sua obra muito marcada por ambas as paixões. Nascido em Lisboa em 1517, filho de um pintor de origem flamenga, cedo contactou com as artes visuais. Foi moço de câmara do Infante D. Fernando e do Cardeal-Infante D. Afonso, o que lhe permitiu absorver o espírito humanista que se vivia em Évora, e começou a carreira como iluminista, seguindo as pisadas do pai.

A viagem pela Europa

Sob a alçada de D. João III, Holanda pôde estudar em Roma, onde contactou com Miguel Ângelo, que o sensibilizou para o então emergente gosto pelo classicismo. Durante a estadia em Itália, produziu uma série de desenhos e esboços que o tornam, hoje, uma figura reconhecida pelo seu contributo para o conhecimento do património arqueológico e arquitectónico italiano de meados do século XVI. Viajou também por Espanha e França, tendo regressado a Portugal carregado de desenhos e manuscritos. Prestou serviços a D. João III, para quem compôs dois livros sobre a Ciência do Desenho, e deu os primeiros passos no sentido da teorização do urbanismo da Península Ibérica. Esteve envolvido em três projectos arquitectónicos régios, e com a morte de D. João III passou a servir D. Sebastião.

Desenho de Francisco d'Holanda da famosa estátua clássica "Laocoonte e Seus Filhos"

Desenho de Francisco d'Holanda da famosa estátua clássica "Laocoonte e Seus Filhos"

Desejo, Desígnio e Desenho

Esta exposição divide-se em três núcleos, que correspondem a três facções fundamentais da vivência do artista: Desejo é a parte dedicada à viagem a Itália, França e Espanha; Desígnio, aqui no sentido de propósito, corresponde ao encontro entre Holanda e Miguel Ângelo, Lattanzio Tolomei e Vittoria Collona; e Desenho evidencia a obra deixada pelo artista e apresenta duas moedas de 1000 reais que cunhou juntamente com o pai. Questionando-se que cidades ou fortalezas não estariam, ainda, nos seus cadernos, um curioso Holanda ilustrou tanto quanto pôde, de edifícios a desígnios divinos, e contribuiu artística e humanisticamente para que tenhamos hoje uma percepção mais sustentada daquele período histórico.

© Museu do Dinheiro

   

Até 10 de Junho no Museu do Dinheiro. Quarta a Sábado das 10.00 às 18.00. Entrada gratuita

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