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Gostou? Então partilhe no Gorki, o novo restaurante da Praça das Flores

Escrito por
Catarina Moura
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"Ainda vamos abrir um Gorki em Lisboa", disseram três jovens portugueses, estudantes de gestão hoteleira, há uns dez anos em Marbella. O Gorki era para eles uma espécie de cantina e estavam lá caídos quase todos os dias, até ficarem conhecidos do rapaz do balcão e acontecerem pedidos de namoro e casamento nesse espaço do dia-a-dia. Cumpriram agora a promessa feita em tom de brincadeira e abriram um Gorki na Praça das Flores, com uma filosofia que herdaram do pai espanhol e que resumiram em “quando gostas, partilhas”.

Em Espanha, o Gorki – que entretanto fechou em Marbella e se mantém apenas em Sevilha e Málaga – é um lugar mais tasqueiro, com um forte lado de mercearia – “é uma oportunidade de provar ingredientes de grande qualidade a preços muito bons, pelos acordos e volumes de encomendas que têm”, explica Joana Rodrigues, a única dos quatro sócios que não viveu os velhos tempos de Gorki e toda a ligação emocional. Juntou-se a Mariana, Pedro e Tomás, os três amigos agora são transportados para o sul de Espanha de cada vez que trincam uns espargos trigueros no 44 da Praça das Flores. 

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À entrada há logo um balcão onde o rei é o vinho a copo.
@Manuel Manso

No restaurante lisboeta, com espaço para 80 pessoas e um ambiente escurecido, mantém-se a vocação original para a mercearia, que se vê ao fundo, assim que se entra. Na carta, os chouriços, enchidos e queijos espanhóis vêm diretamente da casa mãe, aproveitando os acordos que lá têm, explica Pedro Amaral, um dos sócios e chef executivo. A esses acrescentaram-se os portugueses, já que esta tradução do Gorki apostou não só numa actualização, mas também num aportuguesamento. “Achamos que, por exemplo, o nosso pão é melhor e o nosso bacalhau é melhor. Por outro lado Lisboa está a viver um momento de grande exigência”, diz Joana numa das mesas perto do balcão das bebidas, à entrada. Aprimoraram a decoração do espaço e o empratamento foi pelo mesmo caminho.

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O joelho de porco é servido numa dose generosa para partilhar à vontade
@Manuel Manso

No menu estão pratos do Gorki espanhol mais estilizados, como os tais espargos trigueros embrulhados em presunto e com caldo de carne (8€), a baguete de magret de pato (5€) ou o codillo, um joelho de porco cozinhado lentamente e servido com puré de batata (11,50€). A filosofia fundadora do restaurante é a partilha – “foi a grande herança do Gorki”, afirma Joana – e isso está em pequenos petiscos que se agarram com as mãos ou em doses grandes de comida de sustento.

À base já existente no restaurante que acabou por se tornar um franchising (inesperadamente para os donos espanhóis de 60 anos), os quatro jovens portugueses adicionaram pratos como o carpaccio de bacalhau fumado ou as petingas alinhadinhas num prato ou servidas em tostas (12€). À charcutaria e queijos que se podem comprar na mercearia ou consumir no restaurante, juntaram o caviar, que à mesa se come da forma clássica, sobre blinis (entre 15€ e 100€).

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O carpaccio de bacalhau fumado é um dos pratos criados para o Gorki português
©Manuel Manso

A mesa mais recatada da sala consegue ser uma mesa corrida, graças à solução do arquitecto Pedro Bernardo Cardim que assinou o projecto: é isolada das outras com uma cortina e instantaneamente está-se numa sala de jantar em casa. Sentados a essa mesa, os quatro amigos assumem que sem os fundadores da marca com anos e quilómetros de experiência (têm vários outros restaurantes em Espanha) tudo teria sido mais difícil. Foram eles que disseram que tudo ia correr bem quando, em dois meses de obras, os portugueses andavam de gatas a tratar do chão sem esperança em ver nascer ali um restaurante; foram eles que garantiram e ensinaram que é possível vender bom vinho a copo de forma acessível (cerca de 2,50€). "Têm sido impecáveis", garantem, e nem sequer conheceram os quatro estudantes há 10 anos quando quase viviam no Gorki de Marbella. Encontraram-se depois do primeiro contacto por email pouco tempo antes das obras do espaço. Nessa reunião de trabalho, os espanhóis até choraram com o valor sentimental que o Gorki pode ter.

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