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O que andamos para aqui a fazer? A exposição do Berardo explica

Escrito por
Catarina Moura
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Entre 2007 e 2008, o Museu Berardo começou a adquirir vídeos sempre que as exposições temporárias assim o pediam, conta Rita Lougares, curadora, à entrada da exposição "Ser e Estar. Vídeos da Colecção Berardo", patente até 15 de Outubro. Em oito vídeos, o museu conta agora a história do crescimento desta colecção: uma história do que é existir e agir neste mundo.

Todos os vídeos querem reflectir sobre "a nossa condição humana", diz a curadora — é essencialmente isso que faz um artista contemporâneo, continua. O vídeo de Vasco Araújo, que trabalha frequentemente com o universo literário e filosófico, é expressivo do grande dilema que é o indivíduo vs. o grupo: a uma mesa, seis actores encenam um texto a partir dos Diálogos com Leuco de Cesare Pavese, mas todos eles têm a voz de Vasco — "todos remetem para o artista numa atitude de confronto", explica a Rita Lougares.

Esta reflexão sobre o que constitui a identidade de cada um e o que cada uma faz no mundo começa, no início da exposição, de forma muito poética, entre o enternecedor e o sensual, com uma rapariga que dá às ancas fazendo girar um hula hoop, ou um bambolê, como se diria no Brasil de Caetano Dias, autor do vídeo. Em O Mundo do Janiele, esta garota é o centro do seu mundo, quando a câmara roda à sua volta para mostrar os bairros da periferia onde brinca.

Paraíso Cansado
Paraíso Cansado
Maurício Dias & Walter Riedweg

Este vídeo com referências à infância e ao vai-vem da vida abre a mostra que também pensa a relação com a memória, as diferenças culturais ou a intersecção entre a cidade e a natureza, na obra do checo Jakub Nepras. Babylon Plant percorre uma planta verde que à primeira vista parece cheia de pedraria brilhante e depois de uma olhar mais atento mostra uma cidade de prédios e trânsito que preenche os caules e as folhas.

Se aqui se cruzam estes espaços tão distantes, o sérvio Zoran Naskovski trata de juntar tempos passados e presentes. Encontrou, numa feira da ladra do seu país, um audio que contava, como numa canção, a história da morte do presidente Kennedy e a forma como tinha vivido. Cruzou isto com imagens de arquivo da família Kennedy e chamou-lhe Death in Dallas, no ano em que caíram as Torres Gémeas. "Criou-se aqui um paralelismo entre os dois momentos históricos: a alteração de um modo de vida e a sensação de deixar de viver em segurança", descreve Rita.

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