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Os Praga cresceram com estas performances e agora agradecem-lhes

Escrito por
Catarina Moura
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Os Teatro Praga ocupam o seu próprio espaço, a ruadasgaivotas6, para um ciclo de performances com as obras que os fizeram crescer. O primeiro de muitos.

Se até agora não ligava nenhuma ao processo astrofísico segundo o qual as estrelas vão crescendo, repense as suas preocupações. Acreção é o nome desse fenómeno por que nem se dá conta cá em baixo. A não ser que estejamos a falar de processos de crescimento como o dos Teatro Praga. “O nosso trabalho não é assim porque somos génios, mas por acomodação expansiva”, diz André E. Teodósio, um dos membros da direcção artística da companhia. É em homenagem a toda a arte que viram e que os fez crescer que começa quinta-feira, até domingo, Acreção, o ciclo de performances que quer tornar visível trabalhos que estão esquecidos na história académica da arte.

O ciclo é a primeira ocupação que os Praga fazem no espaço ruadasgaivotas6, que gerem e que dá lugar a artistas e companhias sem espaço ou financiamento, explica o actor e encenador. O salão abre-se agora aos Teatro Praga para um trabalho de arquivo e apropriação de peças do início do século XXI que os constituíram enquanto artistas e que já se deparavam com questões políticas como a da Síria, questões de género ou a tensão entre “alta cultura” e “baixa cultura”, explica André.

Nos cinco dias há várias sessões de Teatro #2, de Miguel Bonneville (2005), refeito por Cláudia Jardim, de Noite de Estreia de André Guedes (2000), refeita pelo público, ou de Haikus de Sónia Baptista (2002), por André E. Teodósio com todas as suas limitações. “Não sou bailarino e também já não vou para novo”, diz.

O ciclo traz ainda de volta Profundo Delay, dos Teatro Praga, refeito agora por Ana Tang e Paulo Pascoal – um espectáculo feito em 2001 no CCB, no Algarve, Amadora e no Teatro Taborda, em Lisboa. Na tentativa de traçar esta história ignorada da performance, chamam-se também mulheres essenciais ao início das artes performativas em Portugal: Mónica Calle, Paula Sá Nogueira, Isabel Carlos, Cristina Peres e Mónica Guerreiro vão fazer parte das Novas Conversas Portuguesas, um debate-arquivo que será mais tarde editado em livro (sábado, às 16.00).

Este ciclo será a primeira experiência para futuros ciclos que os Teatro Praga organizem nos próximos anos, sempre para resgatar intervenções, performances, textos que não estão devidamente registados e que estão, de alguma forma, à margem de quem escreve a História. Ou porque falam de transexualidade, ou comunidades desfavorecidas, ou porque são feitos por mulheres, ou simplesmente porque assumem formas artísticas que não eram, na época em que aconteceram, consideradas arte. “Alguns dos espectáculos não estavam sequer filmados, o que também nos leva a pensar em metodologias de aproximação a estes trabalhos. Neste caso os artistas estavam todos vivos, mas podiam não estar”, conclui Teodósio.

Rua das Gaivotas, 6. De dia 5 a 9, sessões das 20.00 às 24.00. 7,50€, passe: 15€

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