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Um concerto, uma exposição, um filme e um ano inteiro para Mário Cesariny

Escrito por
Catarina Moura
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Em Dezembro o país voltou a despertar para a evidência de ter perdido Mário Cesariny há dez anos, quando os seus restos mortais foram trasladados para um jazigo individual no cemitério dos Prazeres, com a presença do Presidente da República. Agora, 2017 prepara-se para ser o ano de homenagem que celebra a sua obra em todas as vertentes, até as menos conhecidas: artista plástico, com a mostra “Mário Cesariny – de Cor e Salteado”, e o pianista, com um concerto pela Orquestra Sinfónica Juvenil. 

“O facto de ter sido um grande poeta ocultou de alguma forma o facto de ter sido um grande pintor”, disse José Manuel dos Santos, da Fundação EDP, na conferência de imprensa que apresentou o programa, no Centro Cultural de Belém (CCB). O amigo do artista é um dos programadores do tributo nos 10 anos da morte de Mário Cesariny, a 26 de novembro de 2006, juntamente com Elísio Summavielle, presidente do CCB, e com algumas instituições parceiras, como a Fundação Cupertino Miranda, em Famalicão, a que o surrealista deixou a sua obra.

O tiro de partida é dado já terça-feira com a inauguração no CCB da exposição "Mário Cesariny — de Cor e Salteado", que dá “uma visão geral da colecção que está na Fundação Cupertino de Miranda, do universo dos desenhos, passando pela pintura, as colagens e os objectos. Tudo isto tem uma grande interligação com a sua poesia, não são gavetas separadas”, explicou António Gonçalves, director artístico desta fundação que tem um centro de estudos dedicado ao surrealismo.

Uma das colagens de Mário Cesariny em exposição
Fundação Cupertino de Miranda

O dia em cheio será o Dia Mundial da Poesia, 25 de Março, que, das 14h às 18h30, abre o CCB ao surrealismo: primeiro com a vídeo-instalação Poema-Colagem e seguindo com uma maratona de leitura, uma conversa sobre o artista entre José Manuel dos Santos, Ilda David, Manuel Rosa e Elísio Summavielle. Esse sábado culmina com a exibição do documentário Autobiografia, de Miguel Gonçalves Mendes sobre Cesariny, às 18.00, e com o concerto da Orquestra Sinfónica Juvenil, que quer “colocar em evidência a vocação de Cesariny para a música". "Quando o pai deixou de lhe ‘patrocinar’ as aulas de piano”, contou José Manuel dos Santos, “Lopes Graça manteve-o a aprender música de borla”. Vão ouvir-se algumas das peças preferidas de Cesariny, que tocava ao piano, enquanto ouvia gravações, como a abertura de Tristão e Isolda, de Wagner.

Lembrando o seu trabalho literário, a editora Documenta e a Fundação Cupertino Miranda publicam um conjunto de correspondência entre Cesariny e Frida e Laurens Vacrevel. “Não há um desnível entre o que é a obra poética e a correspondência, há uma continuidade na linguagem e na poesia”, continua José Manuel dos Santos. A Assírio&Alvim publica mais dessa poesia com uma nova edição, em Maio, da Primavera Autónoma das Estradas, e o volume I da edição crítica Poesia Reunida de Mário Cesariny.

Um dos objectos transformados por Mário de Cesariny
Fundação Cupertino de Miranda

Entre evocações, como a que vai acontecer no Largo da Oliveirinha a 9 de Agosto, dia do seu nascimento, e pequenas exposições, como a que vai mostrar manuscritos e provas editoriais, a 27 de Abril, na Livraria Sistema Solar, no Chiado, a programação estende-se pelo menos até Novembro, com especial foco em Lisboa, onde viveu e gostava de deambular, mas também com um pé no norte, com os XI Encontros Mário Cesariny na Fundação Cupertino de Miranda, onde se vai dizer poesia deste homem que “nunca dizia um lugar comum”, garante José Manuel dos Santos.

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