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Um roteiro diário pelo Festival Silêncio? Sim, está aqui

Escrito por
Francisca Dias Real
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Palavras à janela, que saem da boca para o papel e depois para a rua, para que todos as vejam. É assim o Festival Silêncio, que de quinta (28 de Setembro) a domingo (1 de Outubro) toma de assalto o bairro do Cais do Sodré. O Silêncio é um bocadinho de tudo, uma fusão entre literatura, música, exposições e conferências.

O festival reparte-se entre o ciclo Palavra, ciclo Editoras, ciclo Palavrinhas (para crianças) e ciclo Autor – que este ano é dedicado à escritora e tradutora Maria Gabriela Llansol. É um Silêncio onde a matéria-prima são as palavras e, por mais paradoxal que possa parecer ao nome do festival, a palavra de destaque escolhida para o Ciclo Palavra é voz. Um festival que não se cala. “Continua a ser pertinente usar a palavra como unidade de criação e ferramenta de união entre as pessoas”, conta Gonçalo Riscado, da direcção do festival. “Um dos principais pilares deste festival é o trabalho com a comunidade.”

Este ano o festival tem uma novidade: a rádio Silêncio, que cobre o tempo e o espaço do festival em FM e com streaming online. A rádio tem a curadoria de Pedro Coquenão, do projecto Batida, e assume-se como espaço complementar de criação, experimentação e programação além de tudo o resto que acontece.

Durante dia e noite, a programação estende-se pelas ruas e recantos do Cais do Sodré, um palco onde todos têm uma palavra a dizer, como é o caso da iniciativa Palavras à Janela — obra colectiva que constrói um percurso de ideias e pensamentos nas janelas e varandas do bairro. “Trabalhamos para o envolvimento das pessoas e para o bem-estar delas, das artes e dos projectos artísticos. Não vemos as pessoas apenas como receptores das propostas culturais, mas como participantes activos na construção delas”.

As actividades são todas de entrada gratuita, por isso não há desculpas para não picar o ponto no bairro que nunca dorme. A Time Out não quer que nada seja silenciado e pôs em palavras aquilo que não pode perder no festival. 

Quinta (28)

  • Os Velhos Também Querem Viver é um concerto baseado no livro homónimo de Gonçalo M.Tavares. Este é um espectáculo a muitas vozes (uma delas a de Carlão) que acontece no Jardim Dom Luís às 21.00. Todos têm o direito de procurar a felicidade – até os velhos.
  • Inauguram na quinta mas estendem-se até 15 de Outubro –“Cenas Fulgor”e “Rumor” são exposições, que mostram a força imagética dos textos de Maria Gabriela Llansol, com obras de vários artistas. Tudo no n.º 9 da Rua da Boavista.
  • Durante os quatro dias de festival, na Praça de São Paulo vai estar montada uma Biblioteca Itinerante, um espaço de actividades dedicadas aos mais pequenos – desde leituras, jogos tradicionais e até uma bebeteca móvel (sim, é mesmo para ir em família).

Sexta (29)

  • Moda. Futebol. Autárquicas. São estes os temas d’As Conversas do Silêncio, que mexem com o agora. Às 20.00 no Lounge e até domingo, Miguel Somsen convida dois intervenientes a falar sobre cada temática em cada um dos dias. Como bom cidadão, vá, participe e fale.
  • A palavra conta. O palco do Musicbox vai tremer com o self-made-pop dos Ermo, que tocam pela primeira vez em Lisboa o disco Lo-Fi Moda. De lírica mais apurada e com electrónicas na bagagem, a banda estreia-se às 22.30. 
  • No n.º9 da Rua da Boavista, Miguel Bonneville é o epicentro de O Princípio de _____, uma performance baseada nos textos de Llansol e que se transforma numa reinterpretação de uma cassete antiga. São fragmentos do ontem analisados à luz de hoje.

Sábado (30)

  • Achille Mbembe vai trazer para a Praça de São Paulo 18.00) um debate baseado no seu livro Políticas de Inimizade. A conversa Vozes do Sul é moderada pelo activista anti-racista Mamadou Ba e quer tocar na ferida, numa viagem ancorada na história do colonialismo.
  • Senhor doutor, estas maleitas curam-se com poesia. O Consultório Poético-Sentimental assenta arraiais no sítio mais óbvio, a Pensão Amor (18.00-21.00), por isso, vá e exponha o que o apoquenta. A cura sobrenatural da poesia faz milagres aos corações.
  • Mais uma moedinha... perdão, é tudo grátis. Mais uma voltinha, mais um concerto, desta vez na Praça Dom Luís (21.00), onde o palco é entregue a Bruno Pernadas, um dos músicos e compositores mais imprevisíveis da música portuguesa

Domingo (1)

  • Amar um Cão: o texto é de Hélia Correia e a leitura é de Marta Bernardes, que terá uma companhia especial, a cadela Sol. A sessão de leitura (Rua da Boavista,9, 17.00) é direccionada a toda a família e pretende ter um sentido imersivo, entrando pelo campo sensorial e do imaginário.
  • Durante os três dias anteriores a este, a associação Os Filhos de Lumière anda pelo bairro a filmar lugares, pessoas e histórias. O resultado? Filmar para Conhecer, uma curta para ver no n.º 9 da Rua da Boavista (18.30) que valoriza a criação cinematográfica fora de estúdio. 
  • Um palco, dois artistas e uma conversa. Nasce um Bate-Papo, desta vez com Tomás Wallenstein e Cachupa Psicadélica, que se juntam para um diálogo musical que rapidamente se transforma num despique (Praça Dom Luís, às 19.00).

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