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"Design" é inglês? O MUDE diz que não em três exposições

Escrito por
Catarina Moura
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O MUDE não consegue estar fechado em casa, já sabemos. Enquanto não acabam as obras de requalificação do edifício da Rua Augusta, o Museu do Design e da Moda leva as tatuagens ao Palácio Pombal e põe-se esta semana no eléctrico 15 para Belém. “Novo Mundo — Visões Através da Bienal Iberoamericana de Diseño. 2008-2016” selecciona o design ibero-americano que esteve nos últimos nove anos na Bienal Iberoamericana de Diseño (BID), em Madrid, e leva-o até ao Jardim Botânico Tropical. Há candeeiros que misturam técnicas ancestrais de tecelagem de palhinha com garrafas PET, cartazes que reflectem a violência de alguns grandes centros urbanos sul-americanos e embalagens ecológicas. A reflexão sobre este design transatlântico de línguas latinas continua até ao próximo ano.

“O objectivo principal é fazer desta uma oportunidade para compreender este mapa que é o Atlântico Sul: existe ou não uma identidade ou especificidades? Qual o contributo trazido pelos designers ibero-americanos ao mundo global?”, diz Bárbara Coutinho, curadora de “Novo Mundo”, à Time Out Lisboa. Para olhar de perto esta questão, a directora do MUDE programou mais duas mostras até ao final do ano, com a colaboração da BID.

Clean.Equator
© Carlos Salvatierra

Em Julho há “Como se Pronuncia Design em Português: Brasil Hoje” para mostrar a perspectiva de 100 designers brasileiros deste século sobre esta forma de comunicação. Este é o tomo II da tentativa de esmiuçar o significado de Design, depois de em 2015 o MUDE ter apresentado “Como se pronuncia design em português?”, com 200 propostas para a questão. Desta vez com a curadoria de Frederico Duarte, o retrato que se quer do design do Brasil é o mais diverso possível – assim é esse país. Entre as peças haverá “uma universidade de saberes indígenas, embalagens de gel de banho, uma materioteca, um mapa de transportes públicos, uma família de candeeiros, um tipo de letra gratuito e uma moeda social, mas também dois jogos sobre a violência e corrupção no Rio de Janeiro, uma pulseira eletrónica e uma visão distópica do Brasil no futuro”, lê-se no comunicado de imprensa.

De Outubro a Fevereiro de 2018, Bárbara Coutinho e Adélia Borges assinam “Tanto Mar. Fluxos Transatlânticos do Design” para se focarem nas trocas Portugal-Brasil no design e cultura material, espreitando frequentemente as relações com países africanos. A curadoria não se fica pela actualidade e olha a história dos dois países como um factor de união inevitável. “Joaquim Tenreiro, que traz de Portugal a maestria no trato da madeira para se tornar o ‘pai’ do móvel moderno brasileiro; na direcção contrária, encontramos a aplicação das colunas do Palácio da Alvorada de Oscar Niemeyer no Colégio de Moimenta da Beira, gesto considerado subversivo pela ditadura de Salazar”, lê-se no comunicado de imprensa. Se o design é uma espécie de “novo Esperanto”, como comenta Bárbara Coutinho, vamos ver que sotaque lhe dão estas línguas latinas.

Leia mais sobre a nova exposição do MUDE, “Novo Mundo—Visões Através da Bienal Iberoamericana de Diseño. 2008-2016”, na Time Out desta semana.

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