“Deixa-me aclarar-te a mente, amigo”. Porquê esta expressão?
Kasha: Quando começámos a banda tínhamos 14, 15 anos, nem sabíamos bem o que era a nossa mente, nem o que é aclarar. Sabíamos que queríamos dizer alguma coisa com as nossas canções. Hoje em dia o nosso nome faz mais sentido do que nunca, porque o processo é exatamente este: tentamos com a nossa cura, curar os outros.
Como é que se passa de uma forma descontraída de fazer música para este enorme sucesso?
Coimbra: Começou com o fazer as coisas com a energia certa, porque tínhamos uma missão, gostávamos disto, estávamos obcecados com o que fazíamos. Muito trabalho, junto com algum talento levou-nos a crescer cada vez mais.
Kasha: Hoje em dia, com o avançar da carreira, o verdadeiro desafio é mantermo-nos fiéis à reason why das coisas. É sempre bom termos, hoje e sempre, a razão pela qual começámos: a poesia, o amor à arte e entre todos nós.
Conseguem identificar o momento em que sentiram o reconhecimento do público?
Kasha: Sim, foi quando o Cristo entrou na banda [risos].
Cristovinho:Tivemos vários momentos. A primeira vez em que nós experienciámos ter uma multidão à nossa frente a cantar uma música composta por nós. Lembramo-nos dos primeiros concertos, há mais de dez anos, estarmos todos a olhar uns para os outros, tipo “uau, isto está a acontecer-nos.” Acho que o sucesso muda qualquer pessoa, e tu podes decidir o que é que fazes com essa mudança. Sinto que nós conseguimos, apesar dos percalços, canalizar aquilo que sentimos com o sucesso para um sítio muito positivo. O teu talento importa, mas aquilo que tu dás e queres continuar a dar é que faz realmente a diferença, portanto nós sabemos que vamos continuar a querer dar tudo. Sabemos que as ondas positivas e negativas vão aparecendo, só queremos estar preparados para a próxima onda positiva.
É fácil acertar os tempos?
Cristovinho: Agora sim. Já chegámos a esse ponto de maturidade. A vida já nos deu mais do que sinais, a cada um de nós, de que fazer coisas positivas e projetos de sucesso – sejam pessoais, profissionais, individuais – com a intenção certa, vai sempre ser uma coisa muito benéfica para o projecto.
Lançaram o Canções Bonitas em Português, Vol I. Porquê este nome?
Cristovinho: Primeiro, Canções Bonitas em Português foi o nome que decidimos dar porque achámos que era um nome que se adequava muito bem ao que íamos apresentar. Bastante literal.
Coimbra: E há muito a descobrir! Ao fazer este processo, percebemos que há muito a descobrir ainda.
Há um volume II já a ser preparado?
Kasha: Não, há uma intenção: procurar aquilo que une os falantes de língua portuguesa. Não quer dizer que todos os álbuns dos D.A.M.A sejam canções bonitas em português agora. Descobrimos que podemos lançar um álbum, mas temos aqui esta secção para ir lançando que são as canções bonitas.
As vossas canções são sempre autobiográficas, para pelo menos um de vocês?
Coimbra: Nem sempre! Às vezes são influenciadas pelas pessoas à tua volta. Se estou no estúdio e está alguém lá que nos fala de uma situação, tudo aquilo é alimento para a arte. Absorvemos os sentimentos uns dos outros e temos a capacidade de poetizar os feelings.
Do feedback que vocês têm do público, e já lá vão muitos anos, há alguma história marcante?
Kasha: Guardamos uma carta no estúdio, emoldurada, que diz tudo: “Eu estive mesmo sozinha, desamparada, e foram vocês e a vossa maneira de olhar a vida, de falar sobre os vossos sentimentos, que me deram alento na escuridão onde estava.” Tu teres a bênção de poder estar assim na vida das pessoas... Alguma coisa certa estás a fazer.
Qual é a lição mais importante que todas as pessoas deveriam saber?
Cristovinho: Que partilhar é multiplicar.
Kasha: Há duas leis básicas na vida. A de Lavoisier, “nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”; e “amor com amor se paga”.
Coimbra: Ser justo. Sempre.
Ao dia de hoje, é preciso aclarar a mente sobre o quê?
Cristovinho: Tolerância.
Coimbra: É complicado responder a isto com palavras. Muito do que nos liga tem a ver com a energia e coisas intangíveis.
Kasha: Para mim, é as pessoas perceberem que o seu real valor e a sua coisa mais especial está na sua condição de únicos. Não tenham medo do espelho, vejam-se, abracem-se, o vosso lado mais escuro e o vosso lado mais de luz, e não procurem a aprovação de ninguém.
Cristovinho: Eu disse tolerância, porque sinto que estamos constantemente a ser bombardeados com coisas negativas e isso tolda a lupa com que tu olhas para as coisas. Deves procurar ver coisas em ti que te façam sentir coisas positivas, e procurar ser isso para as outras pessoas também.
Qual foi a última música que ouviram no spotify?
Cristovinho: “FINA”, do Bad Bunny
Kasha: “Worth It”, of set com a Don Toliver
Coimbra: Tom Enzy, “Levanta”, com Siwell e Vadi.
E aquela que têm andado em repeat?
Cristovinho: “Piri Biri”.
Kasha: Mar, “CHAMPAIN”.
Coimbra: Mar, “CHAMPAIN”.
Vinil, cd, cassete ou streaming?
Cristovinho: Vinil.
Kasha: Streaming.
Coimbra: Vinil.
Playback: obrigatório, proibido, ou quando necessário?
Kasha: Quando necessário. Quando não há condições. Ao vivo, nunca!
Que música gostavam de ter sido vocês a escrever e a
cantar?
Cristovinho: “Quando nadie me ve”, do Alejandro Sanz.
Kasha: “Drops of Jupiter”.
Coimbra: “Corazón Partío”, do Alejandro Sanz.
São waiting ring do MEO. Como é que é saberem que alguém tem a vossa música no telemóvel?
Kasha: Espero que a minha avó finalmente ponha, porque eu ligo e oiço o Fernando Daniel.
Cristovinho: É muito bom haver pessoas que ainda escolhem que música é que têm quando ligam para elas, é perfeito se for uma nossa.
Como é que podemos ter o vosso Waiting Ring?
Para terem a “Loucamente” basta ligarem para o 12255 ou clique aqui.