As previsões para o início do ano são sempre de chuva. Pelo menos de prémios arco-íris. Pela 16.ª vez a ILGA Portugal distingue várias personalidades e instituições que se destacaram ao longo do ano na luta contra a discriminação das pessoas LGBTI e entrega os troféus, criados pelo artista plástico Vasco Araújo, numa cerimónia no sábado no Estúdio Time Out, no Time Out Market.
A Rita Ferro Rodrigues, uma habituée na apresentação, junta-se um dos galardoados de 2017, pelo “coming out público”, Rui Maria Pêgo. Este ano, Ana Aresta, vice-presidente da ILGA, destaca o prémio conseguido pela RTP.
“Sentimos que, numa altura complexa na carga que é colocada sobre o jornalismo e sobre a informação e sobre os serviços públicos, queremos destacar o trabalho que [a RTP] desenvolveu durante 2018 ao dar visibilidade às pessoas LGBTI e ao promover conteúdos criados e representados por pessoas LGBTI.”
A AMPLOS — Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual atribuiu pela primeira vez um prémio a Jorge Pelicano, pelo seu documentário Até Que o Porno Nos Separe, que conta a história de Fostter Riviera, o primeiro actor porno gay premiado internacionalmente, e da sua mãe, Eulália, de 65 anos, conservadora e católica.
A campanha #respectbattles da APAV será outra das galardoadas – e até poderá originar uma surpresa nas actuações nos intervalos dos prémios. “Envolveu várias figuras do hip-hop que subverteram o conceito original associado às battles de rap e transformaram-no num discurso de aproximação e de combate ao ódio.”
Carolina Reis, jornalista do Expresso, também receberá um prémio por abordar de “forma responsável os muitos desafios que ainda se colocam à igualdade de género, e em particular aos direitos das mulheres e das pessoas LGBTI”.
Os coming outs do casal Gabriela Sobral e Inês Herédia, do atleta olímpico Célio Dias, da deputada Sandra Cunha e do vice-presidente do CDS Adolfo Mesquita Nunes também lhes valeram uma distinção. “Há sempre um coming out por ano e às vezes até era difícil premiar porque eles não existiam”, conta Ana Aresta. “Este ano temos um prémio alargado, com muitas saídas do armário de figuras públicas.”
A rede ex aequo – associação de jovens LGBTI e apoiantes atribuíram o seu prémio a PS, BE, PCP, PEV, PAN e à deputada Teresa Leal Coelho pelo “reconhecimento do direito à autodeterminação da identidade e expressão de género, alargando-o, ainda que de modo insuficiente, a crianças e jovens [a partir dos 16 anos é possível mudar de nome e sexo]”.
Na edição passada dos prémios, o Estúdio Time Out encheu e este ano também se espera casa cheia. A cerimónia conta com um DJ set de Sexylia (Cecília Henriques), com o CoLeGaS— Coro Lésbico, Gay e Simpatizante da ILGA Portugal e com uma actuação de Surma.
Depois disso há uma after-party com os DJ Candy Fur e Bill Onair, a Candy On Air, que dura até às quatro da manhã. A entrada é livre para quem já está na cerimónia, quem chegar depois terá de pagar 6 euros.