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Corvos 2015
Fotografia: Time Out Lisboa

Recorde os vencedores dos Prémios Time Out 2015

Mercado da Ribeira, 15 de Dezembro de 2015. Rita Blanco distribuiu os Corvos de Ouro entre melhores do ano. Ainda se lembra deles?

Escrito por
Editores da Time Out Lisboa
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Vimos florestas debaixo de água, ouvimos música electrónica num piquenique, fomos invadidos por turistas, ficámos viciados em Alfarroba, hipnotizados pelas Mil e Uma Noites e apaixonados por um tal Damas. 2015 foi um ano cheio de momentos dourados e os nossos Corvos aterraram nos melhores poleiros de Lisboa. Estes foram os vencedores dos Prémios Time Out 2015.

Não se esqueça de votar na Novidade do Ano de 2016

Vencedores dos Prémios Time Out 2015

Lisboeta do Ano - O turista
Fotografia: Arlindo Camacho

Lisboeta do Ano - O turista

Pela primeira vez na história dos prémios Time Out, o Lisboeta do Ano não foi uma pessoa – e nem sequer era um lisboeta. Mas se tem dúvidas sobre a nossa escolha vá num instante até ao Rossio e sente-se num banco a contemplar. Vá, nós esperamos. Não encontra lugar sentado? Pois é. Pode combater a frustração com um passeio no 28, mas boa sorte a tentar arranjar um lugar no eléctrico. Já percebeu a ideia, não já? 2015 foi o ano da grande invasão. Depois dos ofis, visigodos, mouros e franceses, Lisboa foi invadida pelos turistas, habitantes da Turistânia. Estes invasores pacíficos vão e vêm em grupos, por via aérea, marítima ou terrestre, e parecem muito interessados nos nossos ímanes de frigorífico. Os turistas animaram Lisboa como nunca, fizeram os nossos comerciantes felizes, ajudaram à reprodução dos tuk-tuks e fizeram do português a segunda língua mais falada do eixo Baixa-Chiado. É verdade que não são de cá, mas todos os que nos visitam ficam um bocadinho lisboetas. Pelo menos enquanto tiverem aquele íman da Torre de Belém no frigorífico lá de casa.  

Novidade do Ano - Hub New Lisbon Hostel
©DR

Novidade do Ano - Hub New Lisbon Hostel

Já vimos que 2015 foi o ano do turista, mas não adivinhávamos que a novidade do ano ia ser um hostel. A verdade é que o Hub New Lisbon conseguiu arregimentar as hostes e garantir perto de 2000 votos, o equivalente a 30 por cento da nossa amostra. Olhando para os argumentos deste novo hostel é fácil de compreender o entusiasmo: tem um terraço, uma sala só para matraquilhos com relva, chuveiros ao ar livre e uma piscina de bolas de plástico para adultos. Em tempos o edifício foi uma residência de padres vicentinos, o que nos leva a desconfiar de alguma intervenção divina na votação dos leitores.  

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Ideia do Ano - A Avó Veio Trabalhar
©Pedro Sadio

Ideia do Ano - A Avó Veio Trabalhar

O Sr. Domingos tem 68 anos, é paciente e mestre na esmirna. A D. Júlia, com 86 anos, despacha os novelos como ninguém. A D. Aldara não deixa que os seus 97 anos a impeçam de manusear a agulha de crochet. E a D. Gracinda está bem é a passear as agulhas ao peito antes de se atirar ao trabalho. Todos e mais uns quantos fazem parte da oficina A Avó Veio Trabalhar (embora haja sempre lugar para os avôs), o projecto de Ângelo Campota e Susana António que em 2015 levou para casa o Corvo de Ouro para Melhor Ideia. O talento tem sido posto à prova no Centro Social e Paroquial de São Paulo, de onde saem artigos de design contemporâneo, como uma mais que bem-sucedida colecção de luvas. A idade da reforma nunca mais vai ser a mesma para os seniores alfacinhas. Só não podem ter medo de agulhas. 

Evento do Ano - Piknic Électronik
©Tânia Neves

Evento do Ano - Piknic Électronik

O conceito foi importado do Canadá, onde o Piknic Électronik acontece desde 2003 com proporções bem mais megalómanas. Ainda assim, a modesta versão lisboeta esteve à altura das expectativas, sobretudo para um Verão de estreia. Durante seis domingos de 2015, mais de 12 mil pessoas passaram pela Tapada da Ajuda, sempre com uma valente dose de estrangeirada. Desvantagens? Só mesmo a esquizofrenia do nome, mas o quebequense é assim, um dialecto difícil de entender. Carl Craig, Gui Boratto e Buraka Som Sistema foram as grandes atracções da primeira edição.

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Exposição do Ano - Florestas Submersas de Takashi Amano no Oceanário de Lisboa
©DR

Exposição do Ano - Florestas Submersas de Takashi Amano no Oceanário de Lisboa

Foi Heráclito que disse: “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou”. A frase, que costuma aparecer aplicada sobre fotos dramáticas de riachos e ribeiras por toda a internet, descreve perfeitamente a exposição do aquariofilista japonês. O que se vê em “Florestas Submersas” hoje é diferente do que se via em Abril de 2015 no Oceanário de Lisboa. É o maior nature aquarium do mundo e a obra-prima do entretanto falecido Takashi Amano (morreu em Agosto de 2015 com uma pneumonia). “Florestas Submersas” é uma biosfera gigante que pretende reproduzir as paisagens subaquáticas dos rios tropicais. O tanque leva cerca de 160.000 litros de água aos quais se juntam várias espécies de plantas, troncos de árvores, areia, rochas e mais de 10.000 peixes tropicais. Este é o elenco que todos os dias se desenvolve e renova a exposição. É a vida. 

Loja do Ano - Anabela Baldaque
©DR

Loja do Ano - Anabela Baldaque

Há dois anos, uma mulher do Norte agarrou nos seus trapinhos (no melhor dos sentidos) e rumou à capital. No pensamento, não havia o sonho lisboeta, só aquela loja soalheira, de áreas generosas, no bairro onde estão instalados tantos outros colegas de profissão. A loja de Anabela Baldaque e o guarda-roupa feminino cheio de cor, estampados e texturas entretanto deixaram Lisboa.  

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Marca do Ano - Harper

Marca do Ano - Harper

A vida é demasiado curta para andar com sapatos banais. Quem o diz são as amigas e apaixonadas por acessórios de moda que em Abril de 2015 lançaram a marca Harper, sem sonharem que rapidamente se iria transformar numa referência para os pés das portuguesas. Conduzem o negócio separadas por mais de 300 quilómetros: Monika desfila os seus Carmen bordeaux pela cidade do Porto, enquando Catarina gasta as solas dos Mick pretos e dourados nas ruas de Lisboa. O whatsapp, o e-mail e o FaceTime são três aliados na hora de trabalhar (e de matar saudades). Portugueses de gema, os modelos são desenhados por Catarina (que estudou design de moda) e produzidos à mão em fábricas no Norte do país. Só a assinatura é estrangeira. “A maioria das marcas de sapatos têm o nome dos seus estilistas, mas os nossos apelidos não são nada fáceis”, explica Monika. “Assim, decidimos que tinha de ser um nome de mulher, não demasiado feminino – porque desenhamos para uma mulher de armas, moderna, que trabalha e tem personalidade – e estrangeiro, porque Portugal é um óptimo ponto de partida, mas o mundo é global e queremos ir mais além.” Harper foi unânime. E está aí para as curvas.  

Disco do Ano - Alfarroba, das Pega Monstro

Desde que soaram os primeiros acordes de "Paredes de Coura", canção que apresentava o EP de estreia O Juno - 60 Nunca Teve Fita que as Pega Monstro geraram reacções apaixonadas. Um pouco como as favas: havia quem adorasse aquele rock lo-fi adolescente e quem fugisse a sete pés. Em 2012 chegou o disco homónimo e as opiniões polarizadas permaneceram nos seus hemisférios. Mas este ano, com Alfarroba, o Tratado de Tordesilhas opinativo que dividia o mundo em adoro/odeio foi rasgado. As canções continuam ruidosas mas são cada vez mais fáceis de colar ao ouvido. O tempero dado ao novo disco foi suficiente para agradar a mais gente sem deixar um amargo de boca aos fãs dos primeiros singles. 

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Livro do Ano - A Casa das Rosas, de Andréa Zamorano
©DR

Livro do Ano - A Casa das Rosas, de Andréa Zamorano

Quando os capítulos se designam “o lado de cá” ou “o lado de lá”, antecedidos por epígrafes (de Julio Cortázar) sobre espelhos, é tentador ver num sagui que fala a evocação do coelho de Alice no País das Maravilhas. Até porque, para Eulália, figura central do romance de estreia de Andréa Zamorano, A Casa das Rosas, pode mesmo ser tarde de mais... A filha de Cândida, é dela que falávamos, não sabe o destino da mãe, que também parece não saber muito bem o seu próprio destino. Tal como nós, leitores. É menos confuso que simbólico, num romance em que as interpretações psicanalíticas estão bem presentes: “São apenas sonhos, Papá. Não devemos dar muita importância ao que não é a realidade”. A Literatura espreita em diversas referências (e frases, como “Antígona reescrita por Virgílio”), até mesmo na recuperação de Juan García Madero, personagem de Roberto Bolaño (poeta “real visceralista”, em Os Detectives Selvagens. O pano de fundo de toda a acção remete para um Brasil em convulsão social e política (1984, eleições directas, muita gente nas ruas, o fim da Ditadura). Como Eulália, também o país se quer libertar. Tudo sublinhado por violentas e pontuais circunstâncias climatéricas. Num permanente jogo de duplos, onde a dúvida sobre os limites da realidade é sábia e continuamente lançada, acompanhamos Eulália, Maria, Cândida e o Delegado Dias nas suas buscas. Em busca de quem? Uns dos outros, cada um de si mesmo... ou uma escritora em auspiciosa estreia que descortinou uma forma de falar de algumas memórias e reflexões pessoais, sob o manto diáfano de uma requintada fantasia com laivos de literatura gótica e tempero de Realismo Mágico?  

Acontecimento Gay do Ano - Judith Butler no Teatro Maria Matos
©University of California, Berkeley

Acontecimento Gay do Ano - Judith Butler no Teatro Maria Matos

O ciclo Gender Trouble colocou na agenda da cidade os temas queer e convidou a norte-americana Judith Butler para uma conferência sobre género e sexualidade que juntou centenas de pessoas no Teatro Maria Matos – o entusiasmo à volta deste debate levou a organização a transmitir a conversa em vídeo no café do teatro. Butler, autora do livro que dá nome ao ciclo, Gender Trouble. Feminism and the Subversion of Identity, foi um dos nomes grandes de um evento original e muito bem sucedido, organizado pela activista Salomé Coelho e Marke Deputter, director artístico do Maria Matos. Para além das conferências, houve festas, peças de teatro e performance.
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