Enquanto meio mundo dá o litro para subir na vida, Paulo Battista passou os últimos anos a descer os andares de um prédio da Rodrigues Sampaio. Começou no quinto, onde abriu o primeiro ateliê próprio, passou para o terceiro porque a falta de espaço assim o obrigou e agora acaba de vir parar ao rés-do-chão. Afinal, se este alfaiate sempre gostou de estar próximo da clientela, como faz questão de dizer, não há melhor porta para instalar o negócio do que a que está virada para a rua.
É certo que alguns clientes preferiam o recato de um apartamento, mas com o novo ateliê, Paulo encontrou um meio termo. Existem cortinas brancas que, apesar da fachada envidraçada, impedem os mais metediços de avistar o que lá vai dentro. Além disso, a alfaiataria continua a abrir as portas apenas por marcação. É que, entre os ilustres fregueses de Paulo Battista há jogadores de futebol, empresários e estrelas de televisão. Aqui, até os sapatos são feitos ao gosto da casa. Há gravatas vindas directamente de Itália e com padrões pouco ortodoxos. As meias expostas são da portuguesa West Mister. Tudo o resto são amostras de tecidos e um modesto mostruário do que o alfaiate é capaz, sem contar com a própria figura, já por si um cartão de visita.