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Golpe de Sorte - SIC

Chamam-lhe série, mas 'Golpe de Sorte' é uma telenovela

'Golpe de Sorte' mexe-se como uma telenovela, sabe a telenovela, soa a telenovela e passa em horário de telenovela. Eurico de Barros dá-lhe uma estrela

Escrito por
Eurico de Barros
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★☆☆☆☆

“Ninguém fala noutra coisa.” “A série que vai mudar as suas noites”, proclama, com a conhecida modéstia das televisões generalistas, a voz off da SIC a propósito de Golpe de Sorte (SIC, Seg a Sex 21.45). Como se a SIC tivesse estreado o equivalente português de Black Mirror, Downton Abbey ou A Agência Clandestina, ou ao menos conseguido emular a histórica Sara de Marco Martins na RTP. Mas vai-se a ver e a muito trombeteada “série” não passa de uma telenovela de bolso, muito mal camuflada de “ficção nacional”, condensada em duas dezenas de episódios em vez de se arrastar pelos 365 da praxe.

Golpe de Sorte tem uma heroína pobre, honesta e muito trabalhadora que ganha o Euromilhões e anda à procura de um bebé que lhe foi tirado quando era nova; tem uma vilã interesseira e pérfida; tem um casal de vigaristas; tem uma ceguinha; passa-se numa localidade cheia de personagens de cartão e cola (as velhas beatas, o padre “modernaço”, o autarca ridículo, etc.); banha em molho de canções pirosas; e é protagonizada por uma selecção de actores e actrizes estimáveis e veteranos, e de carinhas larocas e panões.

Ou seja, chamam-lhe série, mas Golpe de Sorte tem mais do que ar de telenovela, mexe-se como uma telenovela, sabe a telenovela, soa a telenovela, passa em horário de telenovela. A única diferença é que é, misericordiosamente, mais curtinha.

Mais televisão

  • Filmes

Bruno Nogueira está triplamente envolvido em Sara. É o autor da ideia que está na génese da série, escreveu o argumento, com o realizador Marco Martins e com Ricardo Adolfo, e interpreta uma das personagens secundárias, Paulo Prazeres, um life coach de discurso orientalista oleoso e mãos muito atrevidas, a cheirar a velas aromáticas baratas e a vígaro à distância. 

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