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Calendário BJWHF 2018
©Lisboeta Italiano

Quem é este Lisboeta Italiano?

Fotografa pessoas da comunidade LGBT na rua e é o autor do calendário de 2018 da associação desportiva Boys Just Wanna Have Fun, que vai querer ter na parede. Falámos com ele.

Escrito por
Clara Silva
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Antes de mais há que esclarecer que o Lisboeta Italiano não é italiano. Chama-se André Miguel, nome bastante português, é de Lisboa e tem 23 anos. “É só um nome de inspiração entre Lisboa e Itália”, conta o fotógrafo, que nem sabemos se alguma vez esteve em Itália.

“Havia um projecto muito interessante que adorava, o Alfaiate Lisboeta, com fotografias de street style, e foi nele que me inspirei. Andava a ver fotos dele e de Itália, até que me saiu da boca Lisboeta Italiano e ficou.”

Quando começou a fotografar, na LX Factory, para um projecto do estágio, nunca imaginou que iria acabar por criar o calendário da associação de desporto inclusivo Boys Just Wanna Have Fun (BJWHF). “Comecei também com retratos num elevador de cargas”, recorda. “Coloquei uma cadeira no elevador e andava lá o dia inteiro à espera que alguém se sentasse.”

Do elevador passou para a rua da LX Factory, a fotografar desconhecidos que chamassem a atenção, e quando comprou a sua própria câmara (até então fotografava com a câmara do chefe) decidiu focar-se na comunidade LGBT. “São as pessoas que me influenciam, que estão à minha volta, as pessoas mais divertidas para trabalhar, mais criativas”, explica.

Começou com um Tumblr de retratos, o Lisboeta Italiano, mas foi no Instagram, onde tem mais de 1500 seguidores na página com o mesmo nome, que ganhou fama na comunidade. “Grande parte são meus amigos, amigos de amigos ou personalidades de Lisboa”, conta. Por exemplo, o apresentador Rui Maria Pêgo, o actor Manuel Moreira ou a ilustradora e street artist Tamara Alves.

Nos últimos tempos tem recebido pedidos para sessões fotográficas (que cobra), mas a grande solicitação do ano foi a de fotografar o calendário de 2018 da BJWHF, associação sem fins lucrativos cujo principal objectivo é a inclusão através do desporto, independentemente da orientação sexual, cor da pele ou religião.

“O ano passado entrei para a equipa de râguebi, a Dark Horses, e este ano surgiu o convite”, conta. No Instagram cita alguns artistas que o influenciaram para a criação destas imagens homoeróticas: “Tom Bianchi, Tom of Finland, Baronne von Deneuve, Matt Lambert…”

Os modelos são atletas das várias equipas de natação, râguebi, corrida,voleibol e futebol – só ficou a faltar alguém do tango, outra das modalidades. Quanto às fotos, em várias circunstâncias e em vários cenários, André estava com algum receio que fossem “muito fortes”. “Mas toda a gente adorou e está a aderir ao calendário.”

Há uma foto num estúdio de Pole Dance, outra que remete para um universo mais kinky e que teve a ajuda de um mestre de shibari, mergulhos na piscina da guesthouse gay The Late Birds ou a foto de capa, numa estrada em Monsanto e inspirada numa foto da Madonna, “que foi muito engraçada de fazer, com muita gente a apitar”, conta.

O calendário foi lançado no dia 2 com uma festa no Trumps e está à venda no TR3S Bar, no cabeleireiro Lisbaeta, na loja de revistas Under The Cover, na sauna Trombeta e no recente bar Corvo. Custa 10€, que revertem a favor da associação desportiva, para ajudas como “a deslocação das equipas para torneios fora”, por exemplo.

Em 2018, o Lisboeta Italiano planeia também lançar um livro, uma compilação dos seus retratos, que não vão parar.

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