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Capicua e Pedro Geraldes, mão verde
©DRMão Verde n'O Sol da Caparica

O disco infantil e muito verde de Capicua e Pedro Geraldes

Veja o novo vídeo da canção "A Cor da Rosa", que acaba de saltar do disco/livro 'Mão Verde', e saiba tudo o que a dupla Capicua e Pedro Geraldes tem para dizer sobre este projecto infantil

Escrito por
Editores da Time Out Lisboa
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O Mão Verde nasceu quando o Teatro São Luiz, em Lisboa, convidou Capicua para fazer um concerto infantil. O tema da consciência ambiental já estava na gaveta de Ana Matos Fernandes, aka Capicua, há uns tempos e foi a altura perfeita para o fazer ver a luz do dia. Convidou Pedro Geraldes, guitarrista dos Linda Martini, para fazer as músicas, escreveu as lengalengas e a adesão foi tão boa que em Setembro de 2016 surgiu a oportunidade de transformar o espectáculo num projecto físico, com a edição do álbum e de um livro. Esta semana foi lançado o vídeo da canção "A Cor da Rosa", que contou com Alice Eça Guimarães para dar vida às ilustrações de Maria Herreros.

Ao ouvir o disco dá a sensação que se divertiram muito a fazê-lo. Como foi o processo de construção?

Capicua: Ao princípio, como estava numa altura de muito trabalho, fiquei um bocado nervosa. Mas, na verdade, como há muito tempo que tinha várias ideias na cabeça, acabei por estar quase duas semanas fechada em casa a escrever. Foi como uma residência artística imposta pela agenda. Acabei por me divertir muito porque me surpreendeu o desafio.

Pedro: Foi uma coisa muito diferente daquilo a que estamos habituados. Procurámos fazer uma coisa simples e divertida mas que ao mesmo tempo não fosse demasiado infantil. Estive dois ou três meses a criar as bases das músicas.

Como é que se faz um disco para crianças que não seja demasiado infantil?

C: A ideia era desprender-me do meu registo habitual, acabou por ser uma coisa intuitiva. Isto de entrar no universo das crianças é sermos mais espontâneos, menos cerebrais e eu tentei ir por aí, usando também informações e metáforas que fossem entendidas por diferentes gerações.

P: Não quis pôr demasiada informação nas músicas, tentei desconstruí-las e aproximar cada música de um determinado registo. Procurei o sentido de humor e o descomplexo.

Como é que tem sido a reacção dos miúdos nos concertos?

C: Tem sido muito engraçado. As crianças são muito espontâneas e tem sido surpreendente perceber a quantidade de informação que elas têm. Fartam-se de saber nomes de ervas aromáticas, fazem montes de perguntas sobre os animais.

P: Há de tudo. Já tivemos sessões em que eles são índios, invadem o palco e fazem perguntas. E também já aconteceu estarem mais tímidos.

O que é que elas vos dizem?

C: Ficam muito intrigados com a música “Cor da Rosa”. Às vezes já passaram quatro músicas e perguntam porque é que, se há rosas vermelhas, o cor-de-rosa é cor-de-rosa. As crianças têm isso, que eu partilho, de querer saber porque é que as coisas têm este nome e não aquele, porque é que isto se diz assim e não assado.

P:Fazem as perguntas mais inteligentes. Nos concertos eu tenho guitarra, baixo, teclados, percussões e computador. Houve um miúdo que me disse: “Há muita coisa a acontecer aí mas eu só te vejo a tocar um instrumento”. Também fazem perguntas sobre as letras, estão mesmo atentas. 

No disco fala-se de agricultura, flores, ervas aromáticas e alimentação saudável. Foi difícil não o tornar muito pedagógico?

C: Eu sentia-me um bocado em falta comigo própria porque achei sempre que as questões ecológicas não estavam muito presentes na minha música, apesar de estarem presentes no meu dia-a-dia. Com as crianças, acho que essa mensagem meio moralista não existe. Para elas isto é tão óbvio e tão simples que não existe a resistência que às vezes há nos adultos.

O que é que ouvias quando eras criança?

C:Aquilo que me marcou mais foi, sem dúvida, Os Amigos do Gaspar, do Sérgio Godinho. Mas obviamente que também houve os Ministars e os Onda Choc desta vida e algumas músicas que, apesar de não serem infantis, eu na altura entendia-as como tal, como a “Formiga no Carreiro” do Zeca Afonso e a “Ronda do Soldadinho” do José Mário Branco.

P: Lembro-me de ouvir Brothers in Arms, aquele vinil com a capa azul e uma guitarra prateada dos Dire Straits, Vanilla Ice, Boney M e, ainda em criança mas por influência de um primo mais velho, comecei a interessar-me por Nirvana, Metallica, The Clash, The Young Gods.

Gostavam de ter tido este disco nessa altura?

C:Claro. Quando eu faço música, também faço música que gosto de ouvir.

P: Eu tinha os meus livrinhos com banda desenhada e andava sempre com aquilo atrás.
Se tivesse um livro com ilustrações bonitas e um disco que me estimulasse, acho que também me ia acompanhar. 

 

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