U2
Photograph: Courtesy Paolo Pellegrin

10 canções para o Ano Novo

Tal como o Natal, também o Ano Novo tem um cancioneiro associado. Uma vez que todos se lembrarão de “Auld Lang Syne” por Maria Carey e de “Happy New Year” pelos ABBA, aqui ficam umas escolhas menos ortodoxas (com excepção da primeira)

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U2, Foo Fighters, Jeff Buckley e Regina Spektor são alguns dos artistas que dedicaram músicas ao Ano Novo. Descubra quais são e ainda outras para ouvir entre as 12 badaladas. 

1. “New Year’s Day”, dos U2

Foi o single principal do terceiro álbum dos U2, War, em Janeiro de 1983, e catapultou a banda para o estrelato à escala planetária. É uma das melhores canções dos U2 e o solo de piano, embora quase infantilmente simples, é daqueles que nunca mais saem da cabeça. Parece ser uma canção de amor, mas embora tenha começado por pensar na sua esposa, Bono acabou por se inspirar no bigodudo Lech Walesa, líder do Solidarnosc e opositor do regime do general Jaruzelski – recorde-se que, em meados de 1982, enquanto os U2 gravavam o disco, Walesa estava na prisão e a Polónia vivia sob lei marcial. Eram as primeiras rachas visíveis no Bloco de Leste, mas o verdadeiro dia de Ano Novo só chegaria em 1989, com Gorbachev e a queda do Muro de Berlim.

2. “The New Year”, dos Death Cab For Cutie

20 anos depois de War, os Death Cab For Cutie, faziam sair o seu quarto álbum, Transatlanticism, um dos mais perfeitos discos pop de sempre. “The New Year” foi um dos singles do álbum e, tal como Bono cantava que “nada muda no dia de Ano Novo”, também Ben Gibbard canta “O Ano Novo chegou/ E eu não sinto diferença alguma”. Fica o tinir de copos de cristal e o eco distante do fogo-de-artifício.

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3. “Gonna Make It Through This Year”, dos Great Lake Swimmers

Em The New Year, Gibbard diz que não tem resoluções de Ano Novo e Tony Dekker, dos canadianos Great Lake Swimmers, parece ter idêntica disposição: vai deixar que seja o destino a decidir. A verdade é que não tem muitas opções: “Estou sob seis pés de neve/ E não tenho para onde ir”.

A canção surgiu apenas numa (rara) reedição do (raro) EP Hands On Dirty Ground (2006).

4. “Next Year”, dos Foo Fighters

A proposta dos Foo Fighters parece tentadora face a um mundo onde ocorrem mudanças políticas e sociais inquietantes e se prevêem tempos turbulentos e recuos civilizacionais: passar os próximos 365 dias em órbita, num casulo de gravidade zero, alheado da realidade terrena, e voltar quando as coisas tiverem serenado. É uma resolução de Ano Novo que não está ao alcance de todos.

A canção surgiu no terceiro álbum dos Foo Fighters, There Is Nothing Left To Lose (2000).

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5. “New Year’s Prayer”, de Jeff Buckley

Jeff Buckley não preconiza viver o ano seguinte em órbita, mas não é menos radical no que propõe: “Deixa o teu escritório, passa de corrida pelo teu funeral/ Deixa a tua casa, o carro, o púlpito”. A canção faz parte de Sketches For My Sweetheart the Drunk, que deveria ter sido o segundo álbum de estúdio de Buckley; porém, o músico não estava satisfeito com o material que registara, e pôs as novas canções temporariamente de lado. Nunca saberemos que destino lhes daria, pois morreu, inesperadamente, em Maio de 1997, com apenas 30 anos. O material que gravara acabou por ser lançado em 1998, embora algumas faixas estivessem longe de estar terminadas. Todavia, “New Year’s Prayer” parece não precisar de nada mais para exercer a sua magia e o ambiente orientalizante e hipnótico sugerem que já não se está neste mundo.

6. “Our New Year”, de Tori Amos

A canção faz parte de Midwinter Graces (2009), o 11.º álbum de estúdio de Amos, que, segundo a autora, se inspirou nos velhos hinos e canções de Natal que cantou e tocou na igreja na sua infância. “Our New Year” afina pelo diapasão geral de um álbum que elege as relações humanas como o nosso bem mais precioso, mas também deixa um travo amargo, quando constata que, à medida que nos aproximamos [uns dos outros], a desilusão se insinua. A mudança de ano, como período que predispõe a que se deitem contas à vida, é uma ocasião para lembrar as pessoas que já fizeram parte da nossa vida e dela se afastaram – há quem sugira que a canção diz respeito à morte do irmão de Amos, num acidente de viação em 2005.

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7. “The New Year”, das Azure Ray

A canção faz parte de Burn and Shiver (2002), o segundo álbum do duo Azure Ray (Maria Taylor & Orenda Fink) e não é uma típica canção de Ano Novo, pois diz-nos que o Ano Novo, como o Natal, é quando um homem ou uma mulher querem. E este Ano Novo começa quando “se abre a janela de par em par/ E se deixa entrar o Verão/ E nos rimos com o ar fresco” e a dança das folhas novas murmura a doce “promessa de um novo ano”. E estas vozes que flutuam sobre malhas enfeitiçantes de electrónica, como cintilações de luz sobre a água, convencem-nos de que pode recomeçar-se a vida quando se entender.

8. “My Dear Acquaintance (A Happy New Year)”, por Regina Spektor

Regina Spektor retomou uma banal e xaroposamente amável canção composta por Peggy Lee e Paul Horner nos anos 80 e retirou-lhe todos os enfeites estereotipados, novos-ricos, brilhantes e farfalhudos e, usando apenas voz e piano, fez dela um modelo de candura e singeleza (mais uma vez se prova que nem sempre os criadores são os que melhor compreendem as suas criações).

A versão de Spektor não faz parte de nenhum dos seu álbuns: saiu como single em 2007 e foi compilada no álbum colectivo da canções natalícias Gift Wrapped: 20 Songs That Keep On Giving!. “Um feliz Ano Novo para tudo o que vive e é manso, bondoso e clemente”.

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9. “What Are You Doing New Year’s Eve?”, por Ella Fitzgerald

Nesta canção composta em 1947 por Frank Loesser misturam-se o abandono e um raio de esperança: “Pergunto-me que braços te estreitarão/ Quando as doze badaladas soarem nessa noite [...] Talvez seja insensato supor/ Que alguma vez serei eu a escolhida/ Entre um milhar de convites/ Que recebeste./ Ah, mas no caso de eu ter uma réstia de esperança/ Aqui deixo, antecipadamente, a pergunta do jackpot:/ O que tens planeado para a noite da passagem de ano?”

A canção conheceu numerosas versões e uma das melhores é a gravação de 1960 de Ella Fitzgerald, que é, praticamente, o único motivo de interesse do festivo álbum Ella Wishes You a Swinging Christmas (Verve).

10. “New Year’s Eve”, de Tom Waits

Waits acha que o sentido desta canção é óbvio a quem tenha estado numa daquelas festas de fim-de-ano em família em que tudo corre mal, “mas todos cantamos, apesar de o fogo-de-artifício ter assustado o cão e ele ter desaparecido durante duas horas e de alguém ter deitado fogo ao sofá e de a Marge ter apanhado uma intoxicação alimentar e Bill O’Neal ter chamado a polícia”. A canção faz parte de Bad As Me (2011), o 20.º álbum de Tom Waits, e é a sua faixa mais ortodoxa do ponto de vista musical. Combina o lado melancólico e o apreço de Waits por velhas canções sentimentais com a sua ironia e o seu olhar penetrante sobre as fraquezas humanas e as pequenas tragicomédias quotidianas. Lá para o fim, a letra alude à canção tradicional de Ano Novo “Auld Lang Syne”, nascida na Escócia mas cuja popularidade alastrou a todo o mundo anglo-saxónico.

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