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[title]Bispo é um rapper com muito amor para dar, muita música para partilhar e muitas lições que não esquece. Em Conversa Afinada, falou-nos do passado, do presente e do futuro.
Lembras-te da primeira música que cantaste?
O primeiro som que fiz, de uma ponta à outra, foi quando o meu avô faleceu, faz este ano 20 anos, e queria acalmar a minha mãe, que estava a chorar. Lembro-me de ter feito a música para ela.
“É comum ver sonhos a ganhar pó / e ser mais um na multidão que cai tipo dominó”. O que é que se faz para contrariar isto?
Não desistir, não ter só a ideia, não ter só o sonho e deixá-lo numa gaveta, à espera que um dia as coisas aconteçam.
É importante, primeiro, definires bem, “acredito em quê? quero o quê?”, e depois lutares por isso. Para não haver sonhos a ganhar pó, para não ver sonhos cair tipo dominó.
Estes versos são do teu primeiro álbum, de há oito, nove anos. O teu percurso seguiu o rumo que planeavas? A minha música chegou longe, mas isto também me trouxe
muitas outras coisas que eu não queria que trouxesse, ou que eu não estava à espera que trouxesse. Assim que comecei a fazer música, queria que os meus amigos ouvissem. Com o passar do tempo eu quis que mais pessoas ouvissem. As cenas começaram a acontecer e a
minha música ganhou asas e voou até mais longe.
Sentes que quando uma música é lançada, deixa de ser só tua?
Sinto, porque quando outro artista lança outra música com a qual me identifico aquela música já não é dele, ou pelo menos já não é só dele, porque também é minha. Então
sinto que também há esse lado em relação às minhas músicas, porque já chegaram pessoas a vir ter comigo, e a dizer “escreveste esta música sobre a minha história, isto foi o que eu vivi, como é que sabias?”
Qual é que foi a melhor coisa que já te disseram sobre alguma das tuas músicas?
Que a minha música salvou essa pessoa. Que essa pessoa estava a passar por situações graves na vida, muito graves, e que eu fui uma companhia, um amigo sem a conhecer, e que a ajudei a não tomar, ou a tomar certas atitudes.
Actuaste no MEO Sudoeste. Como é que foi?
Foi mágico ter actuado num palco que, há oito anos olhei para ele e pensei “vou-te usar um dia”. Foi mágico ter estado ali e ter vivido aquele momento não na altura em que eu queria, e esperava, porque já tinha na cabeça que em 2020 ia fazer isso, mas foi pós covid, e foi muito fixe ter realizado esse objetivo.
As músicas “Pontos Finais” e “Planeta” são lançamentos recentes e enormes sucessos. Isto põe as expectativas altas para este ano...
Não esperem nada, senão podem sair desiludidos... Contem com o que há: duas músicas novas, “Pontos Finais” e “Planeta”, e o que vier depois é um acréscimo. Criar expectativas é que mete a nossa cabeça a andar às voltas quando não deve.
Onde é que estão os pontos finais que faltaram nas conversas?
Alguns estão perdidos por aí, outros, essa música basta. O que quero dizer com essa frase é: quantas conversas tu não ficaste por ter, quantas frases tu deixaste sem um ponto final, deixaste em aberto?
Esta música ao mesmo tempo levanta dúvidas, mas também fala de realização e auto-confiança. Como é que consegues ignorar tudo o resto e focar-te só no teu talento?
Eu sei que há pessoas que não acreditam que esta árvore vai dar frutos, mas eu vou tratar desta árvore, se estiver muito sol eu vou regá-la, e ao mesmo tempo, se caírem folhas, eu vou aceitar isso também, porque é normal. Em cada estação do ano tu vês a árvore de maneiras diferentes, as folhas caem, voltam a crescer, os frutos caem, voltam
a nascer. Seja música, seja o que for, se eu quiser fazer, se me sentir bem a fazer, eu vou fazer. Quero fazer o que me faz bem, o que me deixa realizado.
“Planeta” é um dueto com a Bárbara Tinoco, uma onda mais romântica. É uma outra versão de ti que queres começar a mostrar ao público?
Para uma pessoa que me conheça, que esteja comigo, que viva comigo, este estilo musical mais calmo é uma cena normal. No final do dia, não me quero privar de nada. Tanto acordo e quero meter um rap mais pesado como quero meter Seu Jorge, depende muito dos moods, das fases da vida.
Qual é o verso que mais te orgulhas de ter escrito na vida?
Pá, vem-me logo à cabeça “bonita era a vida se a fita rebobinasse, se visse quem vi um dia num clima e dar-lhe um abraço”. Gosto muito dessa frase.
Qual é que é a lição mais importante que toda a gente deveria saber?
Da minha pouca experiência... a vida é efémera. Tudo passa num instante, e o facto de adiarmos cenas faz com que a maior parte das vezes elas voem. E quando tu queres abraçá-las ou quando sentes “ya, estou pronto para abraçar essas determinadas cenas” já não consegues porque já não estão lá, já voaram. Então é muito estar presente, aproveitar o momento, aproveitar o hoje dentro dos possíveis ao máximo, porque amanhã podemos não estar aqui.
Qual é O artista português que toda a gente deveria conhecer?
Sam the Kid.
Qual é o teu guilty pleasure musical?
Eu acho que... pelo menos as pessoas que me conhecem sabem... Seu Jorge.
Playback: obrigatório, proibido, ou quando necessário?
Proibído.
Qual foi o concerto da tua vida?
Talvez quando vi os Linkin Park, no Pavilhão Atlântico, aquilo marcou-me muito. Também adorei ver Martinho da Vila, no Crato.
E aquele que mais queres ver?
Gostava muito de ver um concerto do Bob Marley, do Tupac, gostava muito ver um concerto do Eminem.
Se pudesses fazer um dueto com alguém, quem seria?
Escolhia... Vivo, Eminem, morto, Tupac.
Que música gostavas de ter sido tu a escrever e a cantar?
“É isso aí”, Seu Jorge.
És waiting ring do MEO. Qual é a sensação?
É fixe... É fixe saber que vais ligar para alguém, e enquanto não te atendem, estás a curtir o meu som.
Como é que posso ter o teu waiting ring?
Se quiseres a “Planeta”, com a Bárbara Tinoco, basta activares no 12255 ou carregar neste link. Para a “Pontos Finais”, liga para a 12251 ou carrega neste. Plim!