A Time Out na sua caixa de entrada

Procurar

Falla, Rimsky-Korsakov, Stravinsk

  • Música, Clássica e ópera
Frank Peter Zimmermann
©Irène ZandelFrank Peter Zimmermann
Publicidade

A Time Out diz

Se quisermos ser rigorosos, Noches en los Jardines de España não é um concerto: o compositor Manuel de Falla designou a obra como “impressões sinfónicas para piano e orquestra”. E “impressões” é mesmo a palavra-chave, já
 que a obra pode ser vista como tributária do impressionismo de Debussy e Ravel e a componente orquestral tem contornos fluidos. Por outro lado, a obra, embora tenha estrutura tripartida, não segue a estrutura formal de 
um concerto, pois os seus três andamentos começaram por
 ser três Nocturnos para piano solo, cada um deles descrevendo um jardim: o n.º 1 diz respeito
ao Generalife, o jardim junto ao Alhambra, em Córdova, o n.º 3 aos jardins da Serra de Córdova
 e o n.o 2, Danza Lejana, a um jardim não identificado (e, quiçá, imaginário). Os três Nocturnos de 1909 foram convertidos em 1915 numa peça para piano e orquestra, por sugestão do seu dedicatário, Ricardo Viñes, um dos grandes pianistas da época, colaborador e amigo de Ravel, Debussy e Satie.

As Noches en los Jardines de España estrearam em Madrid em 1916 e converteram-se numa das mais populares obras de Falla. Já o Concerto para violino n.o 1 H.226, do checo Bohuslav Martinu, está no extremo oposto: foi composta em 1931-33, por encomenda do célebre violinista Samuel Dushkin, mas este nunca tocou a obra, que andou perdida e só foi descoberta em 1968 e estreada em 1973.

Talvez por já ter tocado vezes sem conta e gravado todo o repertório concertístico canónico, de Bach a Magnus Lindberg, o violinista alemão Frank Peter Zimmermann (na foto)(quinta e sexta-feira) escolheu trazer à superfície este obscuríssimo concerto de Martinu, num programa em que é acompanhado pela Orquestra Gulbenkian, com direcção do finlandês Jukka-Pekka Saraste (que dirige actualmente a Sinfónica da WDR, de Colónia, e já foi maestro da Filarmónica de Oslo e da Sinfónica de Toronto). O programa que inclui o poema sinfónico En Saga, de Sibelius, e a Sinfonia n.o 5 op.64, de Tchaikovsky.

As Noches en los Jardines de España ficam por conta do pianista António Rosado (domingo), acompanhado pela Orquestra Sinfónica Metropolitana e
pelo maestro Pedro Amaral.
O programa reincide no sabor ibérico com o Capricho Espanhol op.34, de Rimsky-Korsakov, que compôs esta espanholada sem ter visitado Espanha, e leva-nos até
às tradições populares russas com a suíte do vivo e colorido bailado Petrushka, de Stravinsky. 


Escrito por
José Carlos Fernandes

Detalhes

Endereço
Publicidade
Também poderá gostar
Também poderá gostar