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Gounod: Romeu e Julieta

  • Música, Clássica e ópera
Gounod: Romeu e Julieta
©DRGounod: Romeu e Julieta
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A Time Out diz

Há a contabilizar pelo menos 27 óperas inspiradas na história de Romeu e Julieta, a primeira das quais foi o singspiel Romeo und Julie, surgido em 1776, pela mão do compositor boémio Georg Benda, a partir de um libreto que desemboca num final feliz, como era convenção na ópera daquele tempo: quando, no túmulo de Julieta, Romeu se prepara para cravar um punhal no peito, Julieta desperta, o par canta um enlevado dueto de amor e Frei Lourenço consegue persuadir o pai de Julieta a aceitar Romeu como genro.

O Roméo et Juliette de Charles Gounod, que estreou em 1867 em Paris, não vai por este caminho, mas também não é fiel a Shakespeare, já que, como se tornara tradição nas adaptações operáticas (e também nas adaptações teatrais), a agonia de Romeu é prolongada até Julieta despertar, de forma a permitir fechar a ópera com um dueto.

Após o estrondoso sucesso de Faust (1859), a carreira operática de Gounod tivera altos e baixos e, após um baixo – Mireille (1864) –, o compositor, apreensivo, considerou e rejeitou vários libretos com temáticas bem díspares – de Le Cid, de Corneille, a Amphytrion, de Molière – antes de se fixar em Romeu e Julieta. O libreto foi confiado a Jules Barbier e Michel Carré, que já tinham sido os libretistas de Faust, e em meados de 1865 a composição já fizera avanços substanciais – porém, Gounod mergulhou na depressão, abandonou a partitura e quando a retomou, alguns meses depois, garantiu que seria a sua última ópera. Não havia motivo para tais angústias, já que o triunfo de Roméo et Juliette superou o de Faust – se esta teve 300 récitas entre 1859 e 1868, Roméo et Juliette ultrapassou as 100 récitas logo no ano da estreia. Gounod acabaria por compor mais três óperas (e deixar incompleta uma quarta), mas nenhuma delas alcançaria sucesso comparável, estando aliás quase esquecidas nos nossos dias.

Alguns críticos reprovam
o excessivo protagonismo concedido por Gounod ao par de apaixonados e descrevem a ópera como “quatro duetos de amor, com uns enfeites” (na verdade até são seis duetos, se contarmos com um trio e um quarteto em que as outras vozes têm papel secundário), sendo o papel
das outras personagens muito mitigado por comparação com a peça de Shakespeare.

O que significa que a maior parte da responsabilidade no fracasso ou triunfo de Roméo et Juliette irá assentar em Vannina Santoni (Julieta) e Georgy Vasiliev (Romeu), que irão partilhar o palco com Jean Teitgen (Frei Laurent) e John Brancy (Mercutio) e terão o respaldo da Orquestra Gulbenkian. A direcção será de Lorenzo Viotti, a encenação de Vincent Huguet.

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