É caso para dizer que saiu "A Sorte Grande" a João Só. 15 anos depois, o artista continua a pisar palcos e a mover multidões nos seus concertos. Em tour de celebração pelo país, parou em Lisboa para uma entrevista no palco onde decorre o concerto de dia 13 de Abril. Em palco terá, mais do que convidados, heróis e amigos. Estivemos em Conversa Afinada com o cantor. Veja a entrevista completa.
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Conversa Afinada - João Só
Porque é que estamos aqui?
Estamos aqui porque no dia 13 de Abril vou estar pela primeira vez em nome próprio a celebrar os 15 anos de carreira, no Coliseu dos Recreios. É uma sala incrível, onde já vi e já participei em concertos absolutamente fantásticos.
Vamos inverter e começar pelo futuro: quais são as expectativas para este concerto no coliseu?
Imagino uma festa de amigos. Vou tocar para pessoas que não conheço, muitas pessoas que conheço, para a minha família, e vou estar em palco com os meus amigos. Os meus convidados e a minha banda são grandes amigos, de várias gerações, heróis que se transformaram em amigos, amigos que se vão tornando heróis, portanto será uma grande festa.
Tu lembras-te da primeira vez que te apercebeste do impacto que tens no público?
Assim, reconhecer na rua, não me lembro, mas lembro-me bem de cantar uma canção, o meu segundo single, “Amar-te”, e ter pessoas a cantar de volta. Foi num dos concertos que abri para Os Azeitonas, e que as pessoas começaram a cantar de volta, e pensei “isto já não é meu, é das pessoas”.
“Só leste um resumo, um apanhado, em ponto pequeno, num plano apertado”. O que é que o público não viu ainda de ti?
Acho que ainda não viram quase nada. As pessoas que estão mais perto já viram mais, mas este ano e nesta digressão o público tem a oportunidade de ver um bocadinho mais o que fazemos enquanto artistas. São concertos livres, bem dispostos, não são sempre iguais.
“Sou dos verbos que insistem em não rimar e dos arrepios que não sei explicar”. A música é, para ti, um arrepio inexplicável?
É, completamente. Muitas das canções que escrevi parece que já estão escritas e que me surgem e chegam de uma forma inexplicável. E eu só tenho de as arrumar. Muitas vezes nem consigo arrumar muito bem e, às vezes, as mais desarrumadas são as que o público gosta mais.
Para além de cantares em nome próprio, és um dos grandes mentores para muitos novos talentos – muitos dos quais actuam no Espaço Moche. Como é que percebes que alguém vai vingar?
Muitas vezes é pelas pessoas, pelo olhar. Lembro-me bem do lugar onde estava quando comecei, e da vontade que tinha em fazer as coisas. Sinto aquela verdade, a sede, e sinto a honestidade no trabalho. Se vai vingar ou não, não sei, porque depois há uma fase, a fase B, onde passamos para a fase do trabalho, da persistência, e é aqui que vemos quem cai e quem quer fazer isto.
É uma coisa que me deixa muito feliz, trabalhar com a Moche e o MEO e haver um palco onde se vêem novos talentos, em concertos que têm estado todos cheios, é uma coisa que me dá muita alegria.
A música também é um ensinamento?
Ensina mostrando, há uma coisa muito engraçada: os artistas que vão tocar no Espaço Moche, muitas vezes vão ver os concertos uns dos outros. E isso é uma passagem de testemunho engraçada.
Tens algumas histórias marcantes?
Das minhas canções, a mais marcante talvez seja a “Sorte Grande”, um dueto que fiz com a Lúcia Moniz. Foi uma canção que cresceu muito rápido. E há uma curiosidade engraçada, porque sou muito pró-vida: recebo todas as semanas mensagens a dizer que é uma mensagem com um grande impacto na taxa de natalidade de Portugal.
Quem O artista português que toda a gente, em todo o mundo, deveria conhecer?
Zé Vargas.
Qual foi a última música que ouviste no spotify?
“Second Time Around”.
E aquela que têm andado em repeat?
“Tête À Tête”, da Mónica Teotónio.
Qual é o teu guilty pleasure musical?
Back Street Boys.
Vinil, cd, cassete ou streaming?
Vinil.
Playback: obrigatório, proibido, ou quando necessário?
Proíbido.
Qual foi o concerto da tua vida?
Paul McCartney em Liverpool.
E aquele que mais queres ver?
Tom Waits.
Se pudesses fazer um dueto com alguém, do presente ou do passado, quem seria?
Paul McCartney.
Que música gostavas de ter sido vocês a escrever e a cantar?
“Hey Jude”.
Quem é a pessoa que ouve primeiro aquilo que tens?
Regra geral, a minha mulher.
És waiting ring do MEO. como é que é saber que alguém tem a tua música?
Fico muito contente.
Quem é que gostavas que tivesse o teu waiting ring?
Rui Veloso.
Se tivesses de escolher um waiting ring para o resto da vida seria…?
“The Long And Winding Road”.
Qual é a lição mais importante que todas as pessoas deveriam saber?
Ter calma.