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Marisa Liz: “Serei sempre a vocalista dos Amor Electro”

A cantora e jurada do concurso ‘The Voice Portugal’ acaba de lançar o primeiro álbum em nome próprio, ao fim de quase 30 anos de carreira. Falámos sobre ‘Girassóis e Tempestade’.

Luís Filipe Rodrigues
Escrito por
Luís Filipe Rodrigues
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Nem um ano e meio depois de os Amor Electro terem anunciado que iam fazer uma pausa, a vocalista Marisa Liz acaba de estrear-se em nome próprio, com Girassóis e Tempestades (ed. Universal). O nome dela surge sozinho na capa, mas está muito bem acompanhada – pelo companheiro Diogo Branco, ao seu lado na maior parte das canções; pelo músico e DJ Moullinex, que partilha com ela a cadeira de produtor; pela voz espectral de António Variações, em “Guerra Nuclear”, um inédito do filho mais famoso do lugar de Pilar; e por um rol de outros músicos e convidados, incluindo a genial harpista espanhola Angélica Salvi. Dias antes da edição do álbum, batemos umas bolas.

Tens quase 30 anos de carreira, mas sempre com bandas – os Popeline, os Onda Choc, os Donna Maria, os Amor Electro... Porque decidiste agora lançar-te a solo?
Não foi uma decisão calculada. O meu desejo e a minha vontade sempre foi pertencer a uma banda, sempre me vi como uma cantora de banda. Mas Amor Electro passou por várias fases, muitas delas emocionais, que nos levaram a pausar – não a acabar, mas a pausar – para pormos o nosso coração em ordem; principalmente depois do falecimento do nosso grande amigo Rui Rechena. É isso que estamos a fazer. Todos tivemos de nos reinventar e de ter sonhos novos. Não estava à espera de gravar um disco a solo, mas a partir do momento em que isso se tornou uma possibilidade, tornou-se uma realidade.

A “Guerra Nuclear”, do António Variações, foi a primeira canção deste disco que ouvimos. Porque optaste por inaugurar esta nova fase da carreira com uma versão?
Tinha várias canções que poderiam ser o meu primeiro single e estávamos a escolher entre elas. Quando apareceu a “Guerra Nuclear”, não pensei nisto como um single, mas como a primeira porta que estava a abrir sozinha. Assim que ouvi esta canção, senti logo que era isto que precisava de dizer, só que não sabia. Irei agradecer eternamente ao grande António Variações e a todos os herdeiros que me deram a oportunidade de cantá-la.

A dada altura, na canção, ouve-se a voz dele. Foi uma tentativa de não estares tão “sozinha” na tua estreia a solo?
O facto de ele entrar na canção, em primeiro lugar, foi uma grande coincidência. É difícil para mim fazer duetos por causa da tessitura da minha voz. Não é uma coisa imediata. Quando recebo esta canção do António Variações, e começo a cantá-la para a estudar, percebo que o tom que combinava melhor com a minha voz era o tom do António. E realmente não podia estar mais bem acompanhada na primeira canção que lanço a solo.

O Moullinex produziu essa canção, e depois acabou por produzir o disco inteiro contigo e tocar em muitas das canções. Como é que ele aparece na tua órbita?
Houve a ideia de fazer a “Guerra Nuclear” com o Moullinex. E correu muito bem. Ele é uma pessoa generosa e um dos produtores mais rápidos que alguma vez conheci, com extremo bom gosto e com uma capacidade para ouvir e para tentar perceber o que queria transmitir. Houve uma cumplicidade musical e não só muito imediata. Tanto que nos tornámos amigos. Não sei como é que ele apareceu na minha órbita – na minha vida – mas veio para ficar.

O disco não destoa da onda electrónica, meio 80s, que associamos ao trabalho do Moullinex. Até que ponto foi ele determinante para moldar o som deste álbum?
Sempre gostei muito da música dos anos 80. As minhas principais referências são dessa década. Quando apresentei as ideias que tinha ao Luís [Clara Gomes, vulgo Moullinex], percebi que estávamos em sintonia. Aliás, por isso é que nos demos tão bem. Ele foi extremamente determinante a moldar o som deste disco, porque soube ouvir-me – a mim e ao meu coração. E meter tudo aquilo que tinha na minha cabeça em música. E deu-me a oportunidade de fazer este trabalho a meias com ele, apesar de nunca ter produzido nada.

Outro nome que atravessa o disco é o da Joana Espadinha. Cantas várias canções escritas por ela ou com ela. Já se conheciam?
Além de ser uma compositora e letrista inacreditável, a Joana é uma pessoa maravilhosa. Assim que recebi a primeira canção dela fiquei logo apaixonada, da primeira vez que ouvi. E a partir daí juntámo-nos e conhecemo-nos, como fiz com toda a gente com quem partilhei este disco. Foi o começo de uma pareceria que eu acho que vai durar muitos anos. Aprendi muito com ela. É mesmo especial, e tive a sorte de ela ter partilhado o seu talento comigo.

Apesar de a tua carreira já ser longa – e do teu trabalho na RTP te ter tornado ainda mais conhecida – para muitas pessoas ainda és a vocalista dos Amor Electro. Esperas, com este disco, afastar essa ideia e impor-te a solo?
Não espero, de todo, que o disco afaste a ideia de eu ser a vocalista dos Amor Electro. Sinto-me para sempre a vocalista dos Amor Electro. Simplesmente há outros caminhos que podemos seguir. E muitos deles são em paralelo. Mas não distancio uma coisa da outra. Amor Electro faz e fará sempre parte da minha vida. E este disco faz e fará sempre parte da minha vida.

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