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Pat Metheny

  • Música, Jazz
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A Time Out diz

O Hall of Fame da prestigiada revista DownBeat tinha, até 2013, admitido apenas três guitarristas de jazz: Charlie Christian, Django Reinhardt e Wes Montgomery (na verdade, estão lá outros três, mas pertencem à órbita dos blues e do rock: Hendrix, Zappa e B.B. King). Tal panorama sugere um preconceito contra guitarristas e alguma falta de arejamento do Hall, uma vez que Christian faleceu em 1942, Reinhardt em 1953 e Montgomery em 1968.

Em 2013, estes dois enviesamentos foram atenuados com a admissão de Pat Metheny, que não é exactamente um
 rapaz – nasceu em 1954. Pode estranhar-se que a eleição de Metheny para o Hall of Fame tenha tardado tanto, pois entre 1983 e 2013 foi designado por 15 vezes pelos leitores da DownBeat como “guitarrista do ano” e os seus discos foram várias vezes eleitos como “discos do ano”. A hegemonia de Metheny nas polls da DownBeat tem, aliás, vindo a consolidar-se e desde 2007 que a distinção de “guitarrista do ano” veio sempre parar às suas mãos. Se somarmos a isto 20 vitórias nos Grammies e mais uma miríade de prémios e distinções – este 
ano já foi distinguido com o
 Gold Award da JazzFM e foi nomeado “JazzMaster” pelo National Endowment for Arts
 (o equivalente nos EUA aos Ministérios da Cultura na Europa) – poderá parecer indiscutível que Metheny é o maior guitarrista vivo.

Ora, Metheny é certamente um executante excepcional, um líder de banda inspirado e um compositor multifacetado. Mas nas artes não há absolutos, as realizações dos artistas não são mensuráveis em Grammies, o Espírito Santo não desce sobre
 as cabeças dos leitores quando votam nas listas anuais e haverá sempre uma imensa minoria que preferirá cervejas artesanais de tiragem e circulação limitada às marcas com meios para contratar as mais persuasivas agências publicitárias.

Ainda assim, mesmo
 os melómanos que não se identificam com a linha de Metheny admitirão que as suas incursões fora da caixa em Song X, registado em 1985, em parceria com Ornette Coleman, ou em Cuong Vu Trio Meets
Pat Metheny, gravado 30 anos depois, em parceria com o trompetista Cuong Vu (que foi seu sideman durante muitos anos), ou a sua participação na série Book of Angels, de John Zorn, são momentos marcantes na história do jazz.

A digressão “An Evening with Pat Metheny”, que teve início em 2016 e passa agora por Portugal, não terá surpresas como Song X: oferece o repertório mainstream do guitarrista e é servida por uma equipa de luxo, com Gwinlym Simcock (piano), Linda Oh (contrabaixo) e o fiel Antonio Sanchez (bateria).


Escrito por
José Carlos Fernandes

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