Fez a 10 de Dezembro 20 anos que teve lugar a cerimónia de atribuição do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago, que, em vez de mandar uma cantora amiga recebê-lo e cantar uma cançoneta, se deu ao trabalho de ir a Estocolmo. Eram tempos em que o prémio ainda era visto com respeito – 20 anos passados, a Academia Sueca, com a credibilidade abalada por escândalos sexuais, optou por não o atribuir. Mas como Portugal não tem outro escritor nobelizado, há que aproveitar a data redonda para festejar e é isso que este concerto da Orquestra Metropolitana de Lisboa, dirigida por Jonas Alber, pretende, estreando Memorial, de António Pinho Vargas, inspirado por três obras de Saramago – Ensaio Sobre a Cegueira, Ensaio Sobre a Lucidez e As Intermitências da Morte.
O programa inclui a Sinfonia de Câmara op.110a, de Shostakovich, um arranjo, por Rudolf Barshai, do Quarteto de cordas n.º 8 (1960), obra que, a crer no que o compositor inscreveu na partitura, é dedicado às vítimas do fascismo e da guerra; o filho, Maxim, alegaria depois que é dedicado às vítimas de totalitarismos de todas as cores políticas – o que assenta bem à comemoração dos 70 anos da Declaração dos Direitos Humanos.