Richard Wagner tem má fama e parte dela é justificada: não tem culpa de ter sido o compositor favorito de Hitler e o compositor semi-oficial do III Reich, mas é verdade que, em 1850, escreveu, sob pseudónimo, um artigo intitulado “O Judaísmo na Música”, em que atacava violentamente os compositores judeus Mendelssohn e Meyerbeer e considerava o judeu como um elemento estranho e nocivo à cultura alemã; e não o fez de ânimo leve, pois republicou o panfleto em 1869 sob o seu próprio nome. E também é certo que possuía um carácter execravelmente egocêntrico, tinha uma ideia desmedidamente exaltada de si mesmo e não era estorvado por escrúpulos na luta por obter aquilo a que julgava ter direito: “Não sou feito da mesma massa que as outras pessoas. Necessito de esplendor, beleza e luz e o mundo deve-me aquilo de que necessito. Não posso viver com um mísero ordenado de organista, como o nosso mestre Bach”. Numa carta a um potencial mecenas, o barão Robert Freiherr von Hornstein, garantia: “A assistência que ireis dar-me, permitir-vos-á desfrutar da minha intimidade e creio que ficareis agradado por saber que, no próximo Verão, poderemos passar três meses juntos numa das vossas propriedades, de preferência na zona do Reno” – é talvez o pedido de empréstimo mais petulante alguma vez feito.
O facto de ter sido detestável como pessoa não impede que tenha composto excelente música, embora esta seja muitas vezes vista como empolada, enfática e maçadora e de as suas óperas terem fama de serem intermináveis. É célebre a observação de Rossini – “Wagner tem bons momentos, mas péssimos quartos de hora” – mas não é verdadeira.
Tannhäuser em grande ecrã no CCB
Centro Cultural de Belém, quinta-feira 25 de Julho, 17.00, 17,50-20€.