O concerto para violino de Tchaikovsky passou por um imbróglio similar ao do Concerto para piano n.º 1: Tchaikovsky compôs a obra para um solista que admirava mas este rejeitou a obra, alegando que enfermava de tantos defeitos que era “intocável”; mais tarde, o solista reviu o seu severo julgamento e tornou-se num empenhado promotor da obra. O “caso” do Concerto para piano n.º1 foi protagonizado por Nikolai Rubinstein, o do Concerto para violino, por Leopold Auer – perante a rejeição inicial de Auer, o concerto foi estreado em Viena, em 1881, por Adolf Brodsky. Nesta ocasião a solista será Esther Yoo, que certamente não achará a obra “intocável”, pois ela há muito entrou no repertório canónico.
Este programa da Orquestra Sinfónica Portuguesa, com direcção de Emil Tabakov, tem como outro prato forte a Sinfonia n.º 10 de Shostakovich, estreada em Dezembro de 1953 e que terá sido composta nos meses que se seguiram à morte da sua bête noire, Stalin, em Março desse ano. O II andamento, de natureza frenética, violenta, e movido por uma determinação impiedosa, é, segundo Shostakovich, “um retrato musical de Stalin”.
Intérpretes: Esther Yoo (violino) e Orquestra Sinfónica Portuguesa, direcção de Emil Tabakov.
[II andamento (Allegro) da Sinfonia n.º 10, pela Orquestra Juvenil Simón Bolívar de Venezuela, com direcção de Gustavo Dudamel, ao vivo nos BBC Proms, Royal Albert Hall, 2007]