Num mundo que costuma ignorar a produção musical contemporânea – excepto na vertente do papel de parede sonoro – o britânico Thomas Adès (n.1971) tem logrado obter apreciável reconhecimento, sobretudo no país natal, graças a obras orquestrais como Asyla e Polaris (encomendada para a inauguração do New World Arts Center de Miami) e a óperas como Powder Her Face, The Tempest (a partir da peça de Shakespeare) e The Exterminating Angel (a partir do filme de Buñuel). É também conhecido como maestro, o que acaba por ofuscar os seus talentos como pianista, que não são despiciendos: tem colaborado com Ian Bostridge e Steven Isserlis e lançou na EMI um CD de obras do século XX. Um dos compositores representados nesse CD é o checo Leos Janácek, que é o assunto único do recital de Adès em Lisboa.
Janácek, conhecido sobretudo como autor de óperas e música de câmara e orquestral, deixou uma obra para piano breve (pode ser acomodada num único CD) mas relevante, onde avultam peças como Por um Caminho Verdejante, a Sonata 1.X.1905, Nas Brumas e Reminiscências, que fazem parte do programa de Adès.