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A Comida Independente fechou portas, mas a relação com pequenos produtores vai continuar

Ao fim de sete anos em Santos, a mercearia e garrafeira de Rita Santos chega ao fim. A proprietária fala em cansaço, mas também em "voltar a pôr as mãos à obra" depois do Verão.

Mauro Gonçalves
Escrito por
Mauro Gonçalves
Editor Executivo, Time Out Lisboa
Compras, Mercearia, Comida Independente
©Manuel Manso | Comida Independente
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Foram sete anos de copo cheio e estômago consolado ali para os lados de Santos. A Comida Independente, uma mercearia e garrafeira que sempre deu a provar as iguarias de pequenos produtores nacionais, fechou portas. Rita Santos, a proprietária, fala no "cansaço da operação", mas garante voltar no futuro – com "o mesmo espírito, mas talvez outros formatos".

"As circunstâncias são pessoais. Não tenho ainda nada definido do que será de futuro, mas o que está aqui em termos de património imaterial, de comunidade, de partilha, de gente envolvida, acho que justifica voltarmos a fazer coisas. Agora, ainda não sei o que será – se será à volta de eventos, feiras, encontros... É uma coisa que vou ter que reflectir", afirma Rita Santos, em conversa com a Time Out.

A Comida Independente abriu em Fevereiro de 2018. Era, simultaneamente, mercearia, garrafeira, charcutaria e loja de queijos, e ainda servia petiscos e refeições ligeiras, acompanhadas por uma selecção de vinhos a copo. A matéria-prima era, na grande maioria, de proveniência portuguesa – rótulos que muitos ainda desconheciam, mas que nesta mercearia de ar contemporâneo eram dados a provar ao mundo.

Comida Independente
Fotografia: Manuel Manso

"No início, fomos à procura dos produtos, mas depois já vinham os produtores ter connosco. De alguma forma, nem tínhamos capacidade para abarcar tantos", recorda a proprietária, que passou um ano a cirandar pelo país, antes de abrir este espaço. "Foi muito interessante ver surgir projectos que vimos ainda sem rótulo – vinhos que, quando provámos pela primeira vez, eram de um produtor que vinha ainda sem nome – evoluírem para ganharem uma estrutura, um nome. Sete anos não é assim tanto tempo, mas foi tempo suficiente para isso acontecer e acho que a Comida Independente foi um catalisador", continua.

A pesquisa e a valorização do que de melhor e de menor escala se fazia em Portugal deu frutos. A Comida Independente começou por ser um fenómeno de nicho e foi conquistando – sempre pelo estômago – um público cada vez mais amplo. "Nunca quisemos ser um clube", assinala. "No início foram claramente os enófilos, os geeks do vinho, os próprios produtores, os jornalistas de gastronomia, os entusiastas. Com o tempo, foi-se alargando. Acima de tudo, há uma comunidade expatriada em Lisboa muito interessada em conhecer os nossos produtos e a nossa gastronomia", resume.

Rita quer continuar a trabalhar com produtores nacionais – na área dos vinhos, mas não só. À semelhança do Mercado de Produtores que começou a dinamizar em 2020, acredita que dar a conhecer e a provar novos produtos ao público da grande cidade não está dependente de ter um espaço fixo. "Agora, durante este Verão, quero descansar. Talvez, depois do Verão, volte a pôr as mãos à obra."

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