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A delicadeza do ramen japonês chegou ao Chiado

Hugo Torres
Escrito por
Hugo Torres
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A pequena comunidade japonesa de Lisboa encontrou um restaurante à sua medida no coração do Chiado: o Afuri. Nos poucos dias desde a abertura, a 13 de Agosto, tem sido presença habitual. Afuri é uma marca consolidada em Tóquio, onde tem 11 restaurantes, e que em 2016 começou a expandir-se via Portland. O Instagram do paraíso hipster da América encheu-se imediatamente do yuzu ramen que dá fama ao Afuri, e o mais provável é que as finas texturas deste prato de assinatura comecem a brotar nos telemóveis e a abrir-nos o apetite.

O yuzu é um citrino nipónico que dá nome ao ramen e que se acrescenta ao chintan, onde se mergulham rebentos de bambu, ovo temperado, barriga de porco, alga nori e endívia (no caso do Yuzu Shoyu, 14€), ou substituindo a endívia pelo alho francês e o sésamo (Yuzu Ratan, 15€). O chintan é, por sua vez, um caldo de galinha muito leve. É o resultado de uma cozedura lenta, ao longo de oito horas, que serve para separar a gordura da carne numa enorme panela de 160 litros, deixando-a no topo da cozedura. Para o ramen é usado o caldo magro que fica na base, o que lhe confere a sua característica delicadeza.

Os noodles (que se sorvem sonoramente; deixem-se de salamaleques e façam barulho) são o único produto que vem para a mesa que não é preparado na casa: é importado de Nova Iorque. Tudo o resto é feito ali, com vista desafogada para o Largo de São Carlos e o 28 a passar à porta, no espaço profundamente remodelado do antigo Rock In Chiado. A esperança da gerência, e de todos nós, é que o segundo restaurante Afuri a abrir em Lisboa consiga albergar a máquina que nos dará noodles fresquinhos (estão à procura).

Tori Karaage, para lamber os dedos
Duarte Drago

Em compensação, há gyozas produzidas na hora (oito bolinhos, 10€) para começarmos a sorrir logo nas entradas. Se a ideia é comer até darmos por nós a lamber os dedos, é essencial provar o Tori Karaage (10€), frango frito marinado em alho para refrescar com limão e levar à boca com uma quantidade generosa de maionese. A ideia é ir compartilhando os pratos até chegarmos ao ramen, prato central no Afuri, e ainda vale a pena passar pelas entradas frias: o chef executivo Bernardo Nabais sugeriu Madai Jalapeño Carpaccio (15€), “pargo legítimo” acompanhado de abacate e cebola frita, e Spicy Poke Tartare (13€), um tártaro de atum com direito a gema de ovo de codorniz e chips crocantes de gyoza.

A ementa – que inclui os inevitáveis nigiris, sashimis e sushi rolls – apresenta ainda um par de pratos de grelhados. Experimentámos o Gindara Saikyo Yaki (20€), bacalhau preto marinado em miso saikyo, e não nos arrependemos. O bacalhau é um dos muitos elos de ligação luso-japoneses, e o Afuri do Chiado presta-lhe homenagem tendo por cima do balcão as lâmpadas que os pescadores nipónicos usam para atrair e capturar estes peixes nas suas águas e que, tradicionalmente, iluminavam depois os bares onde os mesmos pescadores o preparavam e davam a comer.

Por cima do balcão, as tradicionais lâmpadas de pesca japonesas
Duarte Drago

À hora do ramen, o Yuzu é rei. Mas os cogumelos do Truffle Miso (vegetariano, 15€) e o Tsukemen (14€), uma versão fria do Shoyu, são alternativas à altura. Este último vem com o caldo à parte e deve ir mergulhando o recheio à medida que come. Sendo essa a opção, é possível pedir no final para cumprir uma tradição japonesa: acrescentar caldo quente de galinha no que restar do preparado de soja, e beber. Serve para aconchegar o estômago. Um desígnio que só fica inteiramente cumprido dividindo um par de sobremesas: trufas de chocolate e sésamo (5€) e o tiramisu (5€) que a gerência se orgulha de ter sido elogiada por um chef italiano de passagem.

Tiramisu refrescado com chá verde
Duarte Drago

A refeição farta não é obrigatória: o bar do Afuri serve cocktails, vinho, cerveja artesanal (Musa) e, mais interessante, oferece provas de whiskeys japoneses (15-20€) e de delicados sakes (18-22€). Outra opção é o take-away, já que o restaurante não aceita reservas. Levará a comida num saco de cartão reciclado — o Afuri leva as questões ambientais a sério; à mesa, os guardanapos são de pano e não há vestígios de plástico entre o serviço de mesa de marca própria.

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